domingo, 22 de setembro de 2024

Frei Alexandre de Santo Tomás Pereira. 1799 - 1874

Frei Alexandre de Santo Tomás Pereira nasceu nos últimos dias de Dezembro de 1798 ou nos primeiros dias do ano de 1799, pois foi baptizado a 6 de Janeiro desse ano.

Nascido no Lugar de São Gens, em Resende, é filho legítimo de José Pereira, também natural de São Gens, e de sua mulher Ana Rita, natural de São Tomé de Covelas, Baião.

Neto pela parte paterna de José Pereira dos Santos e de Maria Loureira, são os seus avós maternos incógnitos. Foi padrinho José Pinto Machado, da Quinta do Paço. O baptizado foi celebrado pelo Padre José de Melo com autorização do Abade João Caetano Pinto.

Em Abril de 1818, o Padre Vigário do Convento de Santo André de Ancede, Frei José de Santo António Alvares, recebe comissão do Prior Provincial para proceder às inquirições de Alexandre Pereira dos Santos. Um mês depois, em Maio, Alexandre é admitido como Noviço de Coro e por filho do Convento de Setúbal.

Em Junho de 1820, pós o tempo de noviciado, Frei Alexandre de Santo Tomás Pereira integra o Colégio de Santo Tomás em Coimbra, desta feita por filho do Convento de Abrantes. Em 1821 é autorizado a realizar férias no Convento de Amarante e em 1822 é deposto para o Convento de Aveiro. 

Em Março de 1828 Frei Alexandre faz parte da comunidade do Convento de São Domingos de Lisboa, vindo a ser deposto para o Convento de Azeitão nas movimentações conturbadas do inicio do reinado de D. Miguel. Em 1829 é assignado ao Convento de Aveiro, ao qual se encontra assignado aquando da expulsão das ordens religiosas em 1834.

Em 1835, Frei Alexandre de Santo Tomás, Padre Egresso, é nomeado Pároco Encomendado para Gestaçô onde vai exercer o seu ministério até 1841, quando D. Maria II lhe concede a Mercê de se apresentar na Paróquia de São Pedro de Penude como Pároco Colado, na qual vai permanecer até 1847.

Em 1845, na Relação dos Egressos residentes no Bispado de Lamego elaborado para apresentação na Secretaria dos Negócios Eclesiásticos, frei Alexandre de Santo Tomás Pereira, é identificado como sendo dominicano, como tendo pertencido ao Convento de Nossa Senhora da Misericórdia de Aveiro e que se habilitou para a prestação do Tesouro Público, recebendo 12$000 mensais. Diz ainda a mesma Relação que é natural de Resende e tem 46 anos de idade, que é Leitor de Teologia Dogmática, Confessor e Pregador desde 1824, que pretende continuar na vida eclesiástica e está empregado como Pároco Colado na igreja de São Pedro de Penude, tendo sido colado em 9 de Julho de 1841, e tomado posse em 28 de Agosto do mesmo ano. Este emprego rende-lhe 23$740 reis.

Em Janeiro de 1864, e após um intervalo de quinze anos, cuja actividade desconhecemos neste momento da investigação, Alexandre de Santo Tomás Pereira é nomeado Pároco Colado para a Paróquia de São João Baptista na Foz do Douro, na qual se vai manter até 1873, com alguns meses de ausência entre 1868 e 1871, muito provavelmente por motivos de saúde.

Frei Alexandre vai falecer a 8 de Dezembro de 1874, no Lugar de Massas na sua terra natal Resende, recebendo o sacramento de Extrema Unção, e certamente junto da família. Não fez testamento e o seu corpo foi a sepultar no cemitério de Resende segundo o assento redigido pelo Abade da freguesia Alberto José de Almeida.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Foguetes que expressam sentimentos políticos na comunidade do Convento da Batalha em 1832

 


Quando vasculhamos documentos antigos encontramos informações que nos dizem muito dos intervenientes nos acontecimentos. Neste caso é o sentimento político de uma comunidade religiosa que nos é revelado.

Em Agosto de 1832 os frades dominicanos do Mosteiro da Batalha gastaram em foguetes 9$000 reis.

Na primeira compra, registada a 9 de Agosto, despenderam 3$000 reis para comprar três dúzias de foguetes, que usaram no dia de regozijo que se fez quando chegou a notícia da vitória que alcançara a “nossa” esquadra sobre a esquadra dos rebeldes.

Pouco mais de uma semana depois, na segunda compra, registada a 19 de Agosto, despenderam 6$000 reis com a compra de cinco dúzias de foguetes, para se queimarem logo que se verifique a notícia da restauração do Porto, sendo lançados fora os rebeldes.

Estas duas compras permitem-nos imediatamente ver a subida dos preços, mas sobretudo o sentimento político presente na comunidade conventual dominicana de Santa Maria da Vitória da Batalha, composta por:

Frei João Manuel da Natividade, Vigário in capite, e Padre Síndico

Frei Manuel Jerónimo Garcia, Padre Leitor

Frei Manuel Machadinho, Padre

Frei José de Nossa Senhora dos Mártires Rino, Padre Cantor

Frei João de Santa Ana Crisóstomo, Padre Depositário

Frei José Joaquim do Rosário, Padre

Frei Luis de Santa Rita Soares, Padre Depositário

Frei Francisco Gomes, Padre

Frei Domingos de Mesquita, Padre

Frei José de São Domingos, Padre

Frei Manuel da Piedade, Irmão Leigo

In:

ANTT - Mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha, Livro Despesas 1830-1834.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Podem os amigos do esposo ficar de luto enquanto o esposo está com eles? (Mt 9,15)


 Jesus é interpelado pelos discípulos de João Baptista, podemos dizer um pouco escandalizados, porque os seus discípulos não jejuam, como eles e como os fariseus jejuam.

Jesus responde aos seus interlocutores explicando-lhes que os seus discípulos não necessitam de práticas ou exercícios externos e materiais, mas de relação, de exercícios de relação, pois são amigos do esposo, estão envolvidos numa relação com Ele que é o mestre e esposo e com os outros que são seus irmãos. Não serão os exercícios externos, materiais, que poderão salvar, mas a relação, as relações que se estabelecem com o outro.

Esta resposta de Jesus ajuda-nos a perceber o sentido do jejum cristão e da abstinência, que ao serem vividos à sexta-feira nos colocam antes de mais em comunhão, em relação de solidariedade com a morte e a paixão de Jesus.

Nós não vivemos para comer, mas comemos para viver, e prescindir de comer, jejuar, abster-se de algum tipo de alimento, é como morrer, é uma forma de partilha, de solidariedade com a morte de Jesus, assim como também uma partilha e solidariedade com aqueles que vivem experiências de violência e morte.

Ao jejuar, ao abster-se de algum alimento, experimentamos a fragilidade, a necessidade, sentimos a fome, e torna-nos certamente mais despertos e sensíveis para com aqueles que se encontram em situações de fome, de miséria, e de morte, cria-nos uma relação solidária e íntima com eles. Por esta razão o jejum anda associado à esmola e à oração, uma tríade de relações que somos convidados a viver na Quaresma.

O jejum que nos encerra numa prática isolada, num exercício de luta sobre os nossos apetites, numa exibição orgulhosa de como somos capazes de nos domar, é um jejum sem relação com o outro e por isso sem sentido e cabimento para o discípulo e amigo de Jesus.

Jejuo de alimentos, mas também posso jejuar de palavras e gestos violentos, de maledicência e murmuração e de tantas outras realidades do nosso quotidiano, como nos convida o Papa Francisco; mas faço-o para me orgulhar e estar de bem com a minha consciência de piedade religiosa, ou para verdadeiramente estabelecer relação com outros, e através deles com o outro que é Deus amigo e esposo?

Ilustração:

Bodas de Caná, de Paolo Veronese, Museu do Louvre, Paris.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Se alguém quiser seguir-me, tome a sua cruz! (Lc 9, 23)

 

Iniciámos ontem a Quaresma, quarenta dias que nos devem preparar para celebrarmos com alegria a Páscoa da nossa redenção. E a leitura do Evangelho de São Lucas que escutamos hoje na celebração da Eucaristia deixa-nos este grande convite de Jesus, ou melhor, este grande desafio: “Se alguém quiser seguir-me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”

Como em todos os convites e desafios Jesus não nos obriga a nada, deixa-nos a liberdade da escolha e opção. Se quiser…, o que significa que podemos não querer, que Deus respeita a nossa liberdade, sabe da nossa capacidade de dizer não.

O convite de Jesus, o seu desafio a segui-lo, não promete facilidades, ele não nos engana como uma publicidade enganosa com resultados mágicos ao primeiro passo; mas, tal como um treinador bem experiente, diz-nos desde o primeiro momento de inscrição no seu ginásio que vai ser difícil, que vai exigir esforço para podermos atingir os resultados, e sobretudo que vai exigir muita liberdade, mas mesmo muita liberdade da nossa parte, para nos vencermos nas nossas dificuldades e incapacidades, nas nossas limitações e fraquezas. Sem esta liberdade não nos venceremos nem venceremos!

Será que tenho consciência desta liberdade que Deus me concede, respeita e exige?

O convite de Jesus a segui-lo assume também que não podemos fugir nem negar a realidade em que nos encontramos, é a cruz que inevitavelmente temos de carregar, esta realidade tal e qual em que nos movemos, com as suas forças e fraquezas, com os seus combates diários pela perseverança e a coerência. Aqueles que se iniciam neste caminho de seguimento, depois da difícil aprendizagem inicial, a cada pequena vitória, a cada superação dos seus limites, experimentam a alegria da vitória final, uma liberdade inédita, a vontade de não desistir até à meta final, que a graça de Deus torna cada dia mais alcançável.

Assumo a realidade em que vivo como uma oportunidade ou procuro fugir e alienar-me dela desperdiçando desta forma a cruz que me levará à vitória final?

 

Ilustração:

Quo Vadis!, de Andrei Mironov.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Registo do Óbito de Frei José Maria Aires


Assento do Óbito de Frei José Maria Aires, Egresso do Convento de São Domingos de Vila Real, ocorrido em São Pedro de Nogueira. 

Novembro 3

1849

O Padre José Maria Aires, Egresso do Extinto Convento de São Domingos de Vila Real; deste Lugar, Freguesia de São Pedro da Nogueira, faleceu com todos os Sacramentos, no dia três do mês de Novembro de mil oitocentos e quarenta e nove, fez Testamento, que vai copiado no livro deles, e está sepultado no Cemitério desta Freguesia. E para constar fiz este termo dia mês era ut supra.

O Coadjutor João Baptista Rodrigues da Costa

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Registo do Óbito de Frei José Elias de Sequeira


Assento do Óbito de Frei José Elias de Sequeira ocorrido na vila de Castelo de Vide.

Aos treze dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e setenta, às onze horas da noite, na casa número cinco, no sítio da Conceição, ou Rua da Esperança desta freguesia de São João Baptista, Concelho de Castelo de Vide, Bispado de Portalegre, faleceu tendo recebido o Sacramento da Extrema Unção, um indivíduo do sexo masculino por nome o Reverendo Padre Frei José Elias de Sequeira, Presbítero Egresso da extinta Ordem de São Domingos, de idade noventa e três anos, natural da freguesia Matriz desta Vila, morador nesta freguesia, filho legítimo de Caetano José de Sequeira, e de Cecília Maria, naturais da referida freguesia Matriz, proprietários, o qual fez testamento, e foi sepultado no Cemitério Público. E para constar lavrei em duplicado este assento que assino. Era ut supra.

O Prior José António Mimoso



 

Registo do Óbito de Frei José Caetano Carrilho Gil