domingo, 30 de junho de 2013

Homília do XIII Domingo do Tempo Comum

As leituras do Primeiro Livro dos Reis e do Evangelho de São Lucas colocam-nos de uma forma muito clara aquele que podemos dizer que é o tema deste domingo, Deus chama-nos a segui-lo e corresponde a cada um de nós dar uma resposta.
A história de Elias e Eliseu, que escutámos no Primeiro Livro dos Reis, mostra-nos que Deus vem chamar cada um de nós ao seu quotidiano, aos seus afazeres do dia-a-dia, sejam eles profissionais, sociais ou familiares. E vem chamar cada homem e cada mulher num momento em que paradoxalmente parece não haver lugar para um chamamento.
No caso de Eliseu este paradoxo apresenta-se no facto de ele já se encontrar a lavrar com a décima segunda junta de bois, ou seja, quando o trabalho estava já a terminar. É nesse momento que podemos dizer de realização, de plenitude, que Elias lhe aparece e o cobre com o seu manto, que lhe revela o chamamento de Deus.
Nos nossos contextos profissionais e sociais assistimos mais ou menos ao mesmo processo, ainda que a maior parte de nós não tenha consciência de tal. Assim é frequente encontrarmos homens e mulheres que na sua realização profissional, na plenitude das suas vidas e carreiras, se encontram perante o dilema de continuar sem mais, ou de começar uma nova vida, de lançar-se num novo desafio.
Nestas situações, nestes dilemas, discretamente Deus continua a chamar como chamou Eliseu, continua a abrir horizontes tal como Elias abriu a Eliseu quando lhe lançou a capa encima. Há algo mais a fazer e os homens e mulheres de boa vontade podem fazê-lo.
Contudo, tal como no chamamento de Eliseu, e apesar do apelo de Deus ser soberano, este não se impõe e a forma como se apresenta é de sobremaneira discreta. No caso de Eliseu é a capa do profeta que lhe revela o convite, o apelo, pois Elias não lhe dirige qualquer palavra, não lhe coloca qualquer questão. Eliseu é chamado a interpretar o apelo e a dar a resposta.
Portanto, o mesmo desafio se coloca para aqueles nossos irmãos que se encontram num momento de encruzilhada, num dilema de dar uma resposta, também eles necessitam interpretar os sinais, os gestos, as palavras de silêncio que revelam o que Deus lhes pede de novo.
E se em algum momento há a tentação de não perder a segurança do conhecido, da família de que Eliseu se quer despedir, há também a irrevogabilidade do apelo e do convite, e portanto a resposta de Elias de que tinha feito o que devia, tinha sido o instrumento do chamamento de Deus e portanto não lhe competia mais nada.
O chamamento de Deus pode processar-se das mais diversas formas, mas compete a cada um dar a resposta, uma resposta que não abdica jamais da liberdade, de ser uma resposta livre. No caso de Eliseu a libertação traduziu-se nesse queimar da madeira do arado, nesse desprendimento do instrumento que lhe tinha alcançado a plenitude e a realização.
Neste contexto de uma resposta que temos que dar, o Evangelho de São Lucas apresenta-nos três respostas possíveis, três situações em que a resposta se transforma em recusa, ou forma inviabilizadora da verdadeira resposta.
No primeiro caso, encontramos alguém que se oferece para seguir Jesus, à boa maneira das escolas rabínicas em que os alunos se ofereciam como servos aos mestres.
A resposta de Jesus a esta oferta de seguimento não só mostra que ele não era um rabino, que não tinha uma escola, mas que a resposta ao chamamento é um colocar-se em caminho, uma descoberta contínua, um partilhar de desafios em comunidade de irmãos. A proposta de Jesus é uma proposta arriscada, sem abrigo, sem protecção, livre, e portanto querer comprometer-se com ele implica essa liberdade e capacidade de adaptação a todas as situações.
No segundo caso temos um chamamento da parte de Jesus, um chamamento que denuncia uma predilecção, um convite a uma relação mais íntima com ele. A necessidade de sepultar o pai por parte daquele que é chamado e a resposta de Jesus a esta solicitação mostra que o chamamento de Deus abre novos horizontes de familiaridade, abre novas perspectivas de vida. Não se trata de falta de consideração da parte de Jesus face à família, mas da hierarquização dos valores e das realidades, pois o que está em causa é o Reino de Deus e este deve suplantar todas as relações, deve reordená-las à luz do valor primordial do Reino.
No terceiro caso voltamos a encontrar alguém que se oferece para seguir Jesus mas condiciona esse seguimento à possibilidade de despedir-se da família. Uma vez mais Jesus não aceita uma resposta condicionada, a resposta não pode estar condicionada a esta ou aquela necessidade.
A refutação de Jesus da resposta condicionada vai no entanto mais longe e evidencia uma exigência que muitas vezes nos condiciona e limita na resposta que damos. Aceitar lançar as mãos ao arado e não olhar para trás é fazer plena confiança na palavra de Deus, no seu projecto, e portanto àquele que leva o arado não compete ver o resultado da sementeira mas apenas lançar a semente. Como Jesus diz numa outa passagem são uns os que semeiam e são outros os que colhem.     
Neste sentido a resposta ao chamamento de Deus é sempre uma resposta de colaboração, um compromisso de serviço, somos meros instrumentos que aceitam a acção de Deus em nós e por nós.
Como diz São Paulo na Carta aos Gálatas é uma libertação, um chamamento à liberdade, porque aquele que se compromete confiante na acção de Deus em si e por si é sempre livre, nunca se engana naquele que é a Verdade.

 
Ilustração: Pormenor do Cristo de “A Vocação de São Mateus”, de Caravaggio, Igreja São Luís dos Franceses em Roma.

 

A felicidade do sacerdote

 
Que felicidade, que felicidade ser sacerdote! Todo o bem que tenha feito um dia o compreenderá! E também aquele que não pôde certamente fazer!
Carta de Paul Claudel para Jean Berger

Ilustração: Vitral da Transfiguração na Capela do Macabeus da Catedral de São Pedro de Genebra.

sábado, 29 de junho de 2013

A poderosa mão do sacerdote

 
O sacerdote, para mim, é a Igreja viva, e é necessário ter cometido grandes pecados para compreender o imenso benefício que existe nesta poderosa mão capaz de perdoar e de nos colocar na boca o corpo do Único Amado.
Carta de Paul Claudel para Jean Berger,

Ilustração: “Comunhão dos Apóstolos”, pintura da Capela do Santíssimo da igreja da Encarnação ao Chiado.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A pregação que suplica

 
Parece-me que se fosse pregador e se subisse ao púlpito, sentiria antes de mais a necessidade de advertir este rebanho inerte do terrível perigo que ele corre. Não se trata de ameaça, trata-se de súplica. O temor de Deus é o princípio da Sabedoria.
Carta de Paul Claudel a Louis Becqué,

Ilustração: Púlpito da Catedral de São Pedro de Genebra.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A escrava que é construção sobre a areia (Mt 7,26 e Gn 16,6)

Neste dia em que na leitura do Evangelho de São Mateus Jesus nos convida a construir sobre a rocha é bom olhar para a leitura do Livro do Génesis e para a história de Sara e Agar a partir deste convite de Jesus.
Sara, incapaz de gerar um filho e herdeiro para o seu marido, oferece Agar, a sua escrava egípcia, para que o marido possa ter uma descendência e alguém a quem deixar a sua herança.
Sem ter em conta a promessa de uma descendência feita a Abraão, Sara decide tomar o futuro em suas mãos, decide assegurar pelos meios que lhe são possíveis a promessa que parecia não se cumprir.
À sua maneira, Sara constrói sobre a areia, constrói sobre a sua vontade e o seu poder, sobre as suas capacidades e forças para resolver a situação e assegurar o futuro. Sara esquece a promessa de Deus.
Também nós construímos sobre a areia, sobre a fragilidade e inconstância de areia, não só quando não escutamos a Palavra de Deus e nos esquecemos de fundar a nossa vida nela, mas também quando procuramos uma resposta, uma solução, um caminho alicerçado exclusivamente nas nossas forças e capacidades.
Ainda que a resposta, tal como a escrava Agar, esteja nas nossas mãos e façamos o que nos pareça melhor, a verdade é que se não contamos com a promessa de Deus, com o poder da sua acção, terminamos por deparar-nos com uma fuga, com a deserção daquela que pensávamos ter em nosso poder, nas nossas mãos.
Neste sentido temos que ter presente as palavras de Jesus que antecedem a metáfora da construção sobre a rocha ou sobre a areia. Tal como Jesus diz, podemos fazer muitas coisas, podemos até fazer milagres, podemos chamar Deus por Pai e Senhor, mas se não fizermos a vontade do Pai que está nos céus, tudo será uma construção na areia, uma fragilidade que qualquer contratempo, qualquer ameaça deitará por terra.
Procuremos pois estar atentos à vontade de Deus, à sua promessa de vida, colocando da nossa parte o que nos compete para a realização da promessa, mas precedendo sempre cada acção com o sentido e o juízo das palavras de Jesus: “Pai que não se faça a minha vontade mas a tua!”
 
Ilustração: “Sara conduzindo Agar a Abraão”, de Matthias Stom, Gemaldegaleria, Berlim.

A visibilidade que testemunha

 
Dir-me-á que estas santas personagens fazem as suas devoções em particular, no mistério dos seus quartos ou dos seus conventos. Porque não na igreja como o Cura d’Ars? Que se pensaria de um pescador que, uma vez deitada a sua cana de pesca, se fosse passear para outro lado?
Carta de Paul Claudel a Louis Becqué,
Ilustração: Quadro “Regresso a casa após a Missa”, do Museu de História e Arte de Genebra.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Acautelai-vos dos falsos profetas (Mt 7,15)

É fácil perceber pela leitura dos Evangelhos que durante o convívio dos discípulos com Jesus este não deixou de os alertar para várias situações, não deixou de lhes dar pontos de referência para formarem um juízo sobre as várias realidades que os rodeavam, de modo a não se deixarem enganar e a viverem fielmente o projecto de vida que lhes propunha.
Muitas vezes e na linha da grande tradição profética utilizou as imagens que eram comuns ao quotidiano dos seus ouvintes, como os frutos que cada árvore pode ou não pode produzir. Desta forma, o conselho, a recomendação, adquiria uma dimensão mais próxima, mais palpável e por isso mais ao alcance da realização pessoal por parte de cada um dos seus ouvintes.
O conselho relativo ao discernimento dos verdadeiros e falsos profetas é hoje, tal como naquele tempo, perfeitamente actual, necessário, significativo, pois continuamos rodeados de falsos profetas e questionáveis profecias.
Tendo em atenção o conselho de Jesus percebemos que as propostas que comportam e conduzem a um mundo mais triste e mais violento, a um mundo injusto e menos humano, são propostas falsas e de falsos profetas, que só podem conduzir a maus frutos.
Uma proposta que aliena a liberdade individual, que oferece valores e argumentos que cegam o juízo sobre as realidades, que desperta os desejos mais mesquinhos, a satisfação mais egoísta, e que conduz à sensaboria da fé, ao seu empobrecimento, é uma proposta de um falso profeta, desejoso apenas da sua satisfação.
Pelo contrário um verdadeiro profeta, um profeta à medida bíblica, conduzirá os homens à liberdade, à bondade, à realização pessoal na companhia dos seus irmãos, chamará a atenção para a felicidade que advém do respeito e do amor pelos outros, será factor de vida e de construção.
Um verdadeiro profeta conduzirá os homens a Cristo, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, conduzirá os seus irmãos Àquele que apenas pode alimentar a gestação de bons frutos porque é a bondade por natureza.
Procuremos pois, cada um de nós, conduzir os nossos irmãos à verdadeira fonte.
 
Ilustração: “Profeta Eliseu e Guiezi” (2Rs 5,25-26), de Lambert Jacobsz, Museu Estatal da Baixa Saxónia.

O escândalo que podemos provocar

 
A verdade evangélica é uma tal maravilha aos olhos de um convertido que a encontra pela primeira vez que a inércia, a banalidade, a indiferença daqueles que têm a missão de a pregar, de a anunciar exteriormente pela sua conduta, e dizem que ela nada tem a acrescentar de essencial, é motivo de um assombro justificado.
Carta de Paul Claudel a Louis Becqué,

Ilustração: Quadro de São Lourenço no Museu de História e Arte de Genebra.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Para estabelecer pontes

 
Por um lado está Deus que lhes prometeu ficar com eles até ao fim dos séculos, e que de todas as maneiras é o mais forte, e está a Verdade que é propriedade deles. Por outro lado está um mundo à beira do caos, da ignorância, de todos os sofrimentos indizíveis. Entre os dois está o sacerdote.
Carta de Paul Claudel a Louis Becqué

Ilustração: Vitral com Santa Maria Madalena da Basílica de São Pedro de Genebra e hoje no Museu de História e Arte de Genebra.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A matéria prima do padre são as almas

 
A matéria prima do padre e do religioso não é a tinta e a cor e a argila, é a carne humana, são todas essas almas que ele deve abrasar e elevar. É necessário, é necessário absolutamente que ele passe ao pé delas, é necessário que elas o escutem, é necessário que elas compreendam.
Carta de Paul Claudel a Louis Becqué

Ilustração: Vitral com Santiago Peregrino da Basílica de São Pedro de Genebra e hoje no Museu de História e Arte de Genebra.

domingo, 23 de junho de 2013

Homília do XII Domingo do Tempo Comum

Na leitura do Evangelho que escutámos Jesus coloca aos discípulos duas questões sobre a sua pessoa. Pergunta antes de mais quem dizem as multidões que ele é, e depois o que eles próprios dizem, quem é ele para eles. Logicamente Jesus parte do geral para chegar ao individual, da opinião das massas anónimas à opinião daqueles que vivem com ele e fazem a experiência da sua intimidade.
Inevitavelmente a mesma pergunta se coloca a cada um de nós, membros da grande família dos crentes em Jesus Messias Filho do Deus vivo. Também nós somos chamados a dar uma resposta, a dizer quem Jesus é para cada um de nós.
Contudo, podemos e devemos alargar os nossos horizontes de resposta e perceber que, dizer quem Jesus é, pressupõe saber dizer quem nós somos. Eu só posso dizer o outro na medida em que sou, em que sei quem sou, em que me reconheço numa identidade própria e única.
O convite de Jesus a que cada um tome a sua cruz todos os dias e o siga na caminhada para a doação da vida em Jerusalém vai ao encontro dessa nossa identidade única, dessa necessidade de assumir a nossa condição com tudo o que ela comporta e nos constitui.
Neste sentido, não podemos deixar de ter presente que a nossa vida se molda pela imperfeição e pela finitude. Como criaturas de Deus aspiramos à vida e à perfeição daquele que nos criou, avidamente a desejamos, mas vivemos condicionados pela nossa própria criação. Não somos o nosso criador, não somos nós que nos fazemos, e como tal vivemos a limitação da nossa criação.
O convite de Jesus a tomar a cruz e a segui-lo é assim o convite a assumir e a tomar esta nossa condição, a nossa condição humana com o que tem de bem e de mal, de perfeito e de imperfeito, de eterno e de mortal.
E este assumir da nossa condição humana e finita, da nossa cruz, está presente, ou deve estar presente, em todos os momentos da nossa vida. A conquista da liberdade e independência de um adolescente é um momento de cruz, a constituição de uma família, de uma relação afectiva duradoura é outro momento da cruz, a doença ou a infidelidade são uma cruz, as limitações de uma velhice são uma cruz. Mas são igualmente realidades da cruz a alegria do nascimento de um filho, a satisfação do primeiro beijo, o momento de ternura entre um homem e uma mulher que se amam, a amizade que partilhamos com os amigos.
As diversas e inumeráveis realidades que constituem a nossa vida, que são intrinsecamente limitadas mas conduzem à nossa realização e à nossa felicidade, são afinal a nossa cruz, o que Jesus nos convida a assumir, porque o encerramento em nós próprios, o isolamento, o egoísmo apenas conduzem à morte. O querer salvar a vida por si mesmo conduz inevitavelmente à sua perda, enquanto a doação e a entrega conduzem à salvação pela plenitude a que estamos destinados.
Contudo, ao assumir a nossa cruz, a nossa condição humana, não podemos deixar de acolher e iluminar todas as diversas realidades dessa cruz e mesma condição humana, com a luz da filiação divina que Jesus nos alcançou e que São Paulo nos enunciava no trecho da Carta aos Gálatas que lemos.
Todos nós fomos revestidos de Cristo, somos filhos de Deus pela fé em Jesus, pela relação que estabelecemos com ele, relação que nos permite dizer quem ele é e quem nós somos verdadeiramente.
Podemos dizer que estamos num jogo de opostos que se tocam e portanto na medida em que me compreendo e aceito como criatura de Deus, finita e limitada, mais me aproximo do Criador, e nesta proximidade mais posso dizer quem verdadeiramente sou e quem verdadeiramente é o Messias de Deus vivo.
Jesus ilumina a minha realidade humana e a minha realidade divina, e quanto mais aprofundo numa realidade mais sou iluminado na outra. Procuremos pois a profundidade do conhecimento para uma resposta mais fiel à pergunta de Jesus e à proposta do seguimento.
 
Ilustração: “Vocação de Pedro e André”, de Michel Corneille, o Jovem, Museu de Belas Artes de Rennes.

 

     

Para compreender é necessário habitar

 
Sou da sua opinião, para bem compreender a Terra Santa, tal como a Escritura, não é suficiente um olhar passageiro e uma visita desordenada, é necessário habitar longamente. É uma questão de penetração.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Despontar do sol entre tempestade de neve.

sábado, 22 de junho de 2013

O optimismo que conquista os jovens

 
Cada vez mais constato quanto o optimismo da Bíblia conquista os jovens. Se soubermos apresentar-lhes estes tesouros eles vibram. Mas há ainda muito a fazer nesta apresentação das Santas Letras.
Carta de Amédée Brunot a Paul Claudel

Ilustração: Torre com relógio e telhado de Genebra.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Não nos habituamos

 
Imagino que o Natal deve ainda comovê-lo… mesmo depois de mais de setenta anos. Poderemos habituar-nos a este choque de Deus? São Paulo nunca se habituou a este encontro fulgurante com Cristo. Até ao fim sentiu-se agarrado por aquele que era mais forte que ele e que tudo.
Carta de Amédée Brunot a Paul Claudel

Ilustração: Pintura de São Paulo no Museu de Arte e História de Genebra.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Razões para o optimismo

 
Vê que continuo optimista. Quanto mais envelheço mais me sinto arrebatado de reconhecimento e de entusiasmo à medida que os planos divinos se descobrem aos meus olhos.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Imagem da Virgem Maria com o Menino na Sacristia da Catedral de Burgos.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Carta do Padre António Nunes Alberto para Frei Gonçalo Lopes

Em Julho de 1938 o antigo aluno da Escola Apostólica de Mogofores José Nunes Martins escrevia ao Frei Tomás Videira a comunicar a triste notícia da morte do seu tio padre e missionário em África. Carta que já aqui apresentámos.
Hoje apresentamos a Carta que o mesmo tio, o Padre António Nunes Alberto, escreveu em 1933 a solicitar a admissão do José na Escola dominicana, carta que explica a relação e os sentimentos vividos com a perda da vida do tio.  

Caxarias, (Linha do Norte)
8/VIII/933
Reverendíssimo Frei Gonçalo
Pax Christi
Mais uma vez acordo e dou sinal de vida.
Tenho presente a sua carta de 13-X-932 que recebi no Colégio da Gandarinha – Sintra, d’onde retirei há dias vindo descansar um pouco em casa de Família, a fim de me preparar para regressar à África, onde irei colocar-me às ordens do Senhor dom Moisés. O embarque deverá ser em fins de Setembro ou princípios de Outubro próximos.
Inclusa vai (vai) uma carta do meu sobrinho José Nunes Martins, que fez exame no mês passado nas Oficinas de São José, Lisboa, em as quais o internei para fazer exame, aliás ainda este ano o não faria, porque o pai, compelido pela necessidade, obriga os filhos ao trabalho não lhes dando tempo para frequentarem regularmente a escola.
Como vê, pela carta do pequeno, ele deseja ordenar-se. É de supor que tenha vocação, pois já tem duas irmãs professas no Instituto das Irmãs Hospitaleiras, e uma outra em o Noviciado das Dominicanas, em Braga. Há dois irmãos mais novos que vão entrar em Outubro nas Oficinas de São José, um para estudar também a 4ª Classe e outro para aprender uma arte.
O meu irmão vive em precárias circunstâncias, sendo eu o que faço as despesas para os sobrinhos andarem pelos colégios, etc. Há também uma pequena de oito anos que tem que entrar num Colégio também este ano. Não podendo o pai fazer qualquer despesa, eu fico também esgotado com os encargos dos pequenos que são ou serão pensionistas nas Oficinas de São José. Farei por dar ao José um modesto enxoval, mas nada mais poderemos pagar. Espero e peço a caridade de me dizer se o pequeno pode ser recebido nestas condições.
Sem mais, creia-me Amigo devotado e obrigado
Padre António Nunes Alberto

A beleza a que não resistimos

 
Podemos resistir à verdade, mas não resistimos a essa beleza que tem o inocente entre os seus braços.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Imagem da Virgem com o Menino na Sacristia da Catedral de Burgos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Cruz à medida

 
Para cada época estão reservadas as suas provas particulares, o que chamarei uma cruz talhada à medida.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Calvário na parede de uma igreja em Vitória.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Palavra de Cristo

 
A palavra de Cristo é como um grito que parte de um lugar mas se repercute através dos corredores dos séculos, é uma pedra atirada a um lago que não faz mais que um imperceptível toque mas cujos círculos concêntricos se tornam cada vez maiores.
Carta de Amédée Brunot a Paul Claudel

Ilustração: Grande Canal central dos jardins do Palácio de Versailles.

domingo, 16 de junho de 2013

Homília do XI Domingo do Tempo Comum

 
O trecho do Evangelho de São Lucas que escutámos é um daqueles episódios bíblicos que deu origem a imensas representações iconográficas. Uma das mais célebres e extraordinárias é a que se encontra no Salão de Hércules no Palácio de Versalhes, pintada por Paolo Veronese e oferecida ao rei Luís XIV de França como presente diplomático pela Republica de Veneza em 1664.
É uma obra extraordinária, não só pelo tamanho, tem quatro metros e meio de altura e praticamente dez de largura, mas sobretudo pela construção arquitectónica e espacial da representação. No centro do banquete e de toda a sua agitação encontramos Jesus com a mulher pecadora, e de costas, para os apreciadores do quadro, Simão, alguém sem rosto que nos encarna a todos nós.
E o primeiro momento dessa incarnação encontra-se no juízo que, como o texto evangélico nos refere, Simão faz não só sobre a mulher pecadora mas também sobre Jesus. Fundamentado no sistema religioso do puro e do impuro Simão julga a mulher que se aproxima de Jesus e julga igualmente Jesus, deixando de o considerar como profeta na medida em que ele não reage à contaminação que a mulher lhe provoca.
Sendo uma pecadora, a mulher encontra-se em estado de impureza e tudo o que toca ou se aproxima dela é contaminado pela mesma impureza. A falta de reacção de Jesus aos gestos da mulher pecadora desacredita-o aos olhos daquele que o tinha convidado, passando por isso do estatuto de profeta reconhecido para o de charlatão.
Esta atitude de Simão é muitas vezes também a nossa, pois deixamo-nos vencer pela primeira impressão, pela primeira imagem, por juízos tantas vezes errados relativamente às pessoas que vivem connosco. Também fundamentados em valores de pureza acabamos por julgar os outros nas suas atitudes e palavras de uma forma implacável e sem qualquer condescendência.
Percebendo o juízo de Simão e a sua hipocrisia, Jesus vai ao seu encontro apresentando-lhe uma parábola que mais parece uma adivinha de fácil resposta. Afinal era muito fácil responder que aquele a quem mais tinha sido perdoado mais ficasse reconhecido e amigo.
Contudo, a resposta não é assim tão fácil como parece e por isso Jesus insiste, mostrando como a resposta de Simão tinha sido de certa forma leviana, inconsistente e descuidada.
A parábola que Jesus tinha apresentado partia de um dado extremamente importante e implicativo na resposta, pois tinha sido o que era credor que se tinha compadecido dos devedores sem que estes lhe tivessem apresentado qualquer pedido. Aquele a quem era devido o pagamento tinha-se compadecido daqueles que lhe deviam mas não tinham com que pagar.
Ao apontar a Simão as faltas de civilidade e de etiqueta social, evidenciadas de forma flagrante pelos gestos da mulher pecadora, que desde que entrara em casa não tinha deixado de mostrar gestos de atenção e carinho para com o convidado, Jesus mostra a Simão a sua hipocrisia, mas mostra sobretudo a sua incapacidade de se reconhecer devedor e devedor ao qual foi também perdoada uma divida.
Pelo contraste de atitudes, Jesus mostra a Simão que a mulher pecadora tinha sabido reconhecer o perdão que buscava e lhe tinha sido concedido pela liberdade de cuidados prestados a Jesus, enquanto ele não tinha sabido reconhecer nem acolher o dom do perdão e do amor daquele que convidara para a sua mesa e ao qual faltara com os gestos mais básicos de cordialidade e civilidade.
Neste sentido, também Simão encarna bastante de nós, pois não só não nos reconhecemos como devedores, mas sobretudo não nos reconhecemos como devedores aos quais foi perdoada a dívida, razão para vivermos em espirito de gratidão contínua.
Tal como São Paulo afirma na Carta aos Gálatas, sabemos que não é pelas nossas obras que alcançamos a salvação, que ela já nos foi alcançada por Jesus Cristo, mas continuamos muitas vezes a viver como se tal não tivesse acontecido e portanto distraídos da necessidade de vivermos em Cristo e por Cristo, obcecados com as obras que nunca nos satisfazem nem alcançam a paz.
Se no quadro do “Banquete em casa de Simão” de Veronese, que se encontra no Palácio de Versalhes, Jesus aponta a Simão a mulher pecadora prostrada a seus pés é porque deve ser essa a nossa atitude, é porque assumindo o nosso pecado e prostrando-nos aos pés de Jesus podemos acolher o seu perdão e a sua graça.
Que o Espirito santo infunda em nós a humildade de assumirmos os nossos erros e pecados, e abra o nosso coração à misericórdia que Deus nos oferece.
 
Ilustração: “Banquete em casa de Simão”, de Paolo Veronese, Museu de Versailles.

É Deus que me explica

 
Devo dizer-vos que para este festim sagrado e inebriante, toda a velharia histórica, pitoresca, material, humana, me parece de um bem fraco socorro. Longe de me ajudar será mais bem o contrário. Não são os profetas que me explicam Deus, mas é Deus que me explica os profetas.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Vista do andar nobre da Capela do Palácio de Versailles.

sábado, 15 de junho de 2013

O mesmo Verbo sob espécies diferentes

 
A Eucaristia e a Bíblia são o mesmo Verbo, dado aqui sob as espécies literárias, dado lá sob as espécies sacramentais… Mas para chegar à hóstia é necessário abrir o Tabernáculo e o cibório, atravessar véus e pavilhões. Também para alcançar o Verbo feito palavra humana é necessário atravessar e eliminar, um a um, coberturas e véus.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Caminho lateral do Jardim do Palácio de Versailles.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Bíblia para edificação

 
O Bom Deus não nos enviou a Bíblia para nosso deleite literário, tal será um uso sacrílego e blasfemo, mas unicamente para nossa edificação e nossa salvação.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Capela do Palácio de Versailles.

O Pão de Santo António

 
Fotografia da distribuição do Pão de Santo António após a celebração da Eucaristia da festa a que presidi na sua capela na minha terra natal, ontem dia 13.

 
Fotografia do Altar-Mor da capela com as imagens de São Francisco de Assis, Santo António de Lisboa ao centro como padroeiro, e Santo Isidro, o Lavrador.

 
Fotografia da imagem de Santo António que preside à capela.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A opinião dos outros que nos cega

 
A partir do momento em que nos começamos a ocupar com a opinião do mundo e especialmente daqueles que são surdos e cegos, tornamo-nos nós próprios estrábicos e tartamudos.
Carta de Paul Claudel a Amédée Brunot

Ilustração: Escada interior do Palácio de Versailles.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O sofrimento é um sintoma

 
Na vida da alma como na vida do corpo o sofrimento é um sintoma que é mais seguro interpretar que aceitar.
Carta de Paul Claudel a Henri Bremond

Ilustração: Alameda do jardim do Palácio de Versailles.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre a secura

 
A secura pode ser o dom mais sublime da graça, mas é bom advertir que o mais frequente é ser provocada por um pecado escondido, por um hábito vicioso e enraizado, por uma vocação desconhecida, por uma graça negligenciada.
Carta de Paul Claudel a Henri Bremond

Ilustração: Parterres d’Eaux do jardim de Versailles.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A satisfação na realização

 
É um sofisma dizer que neste momento procuramos dar-nos prazer a nós próprios, uma vez que contrariamente, e por definição, a alegria reside na aplicação ao nosso fim essencial, que é a vontade de Deus, tal como o prazer de um órgão reside na satisfação da necessidade para a qual foi criado.
Carta de Paul Claudel a Henri Bremond

Ilustração: Janela da Galeria dos Espelhos sobre o jardim de Versailles.

domingo, 9 de junho de 2013

Homília do X Domingo do Tempo Comum

As leituras do Evangelho de São Lucas e do Primeiro Livro dos Reis que escutámos apresentavam-nos duas histórias, duas situações de morte, de sofrimento e de dor, pois duas mães, viúvas, perdem os seus filhos únicos.
São histórias da nossa condição humana, da realidade mais presente na nossa vida, a par da mesma vida, pois tudo o que nasce também morre. Nascer é estar destinado à morte. Contudo, a morte de um filho é algo profundamente estranho, desadequado à vida e à sua evolução natural.
Por esta razão não encontramos em nenhuma língua uma palavra para descrever a mãe ou pai que perde um filho. Se um filho que perde os pais é um órfão, se um esposo que perde o seu cônjuge é um viúvo ou viúva, não há palavra para expressar esta realidade da perda de um filho, uma vez que não faz parte da nossa concepção da vida e da maternidade e paternidade.
As tragédias maternais que as leituras que escutámos nos relatam vão contudo para além da tragédia, são a oportunidade para Deus se nos revelar, para nos revelar a sua compaixão e o seu amor por aqueles que sofrem e de modo particular por aquelas situações que humanamente não encontram uma palavra, uma explicação, um conforto.
Se no caso da viúva de Sarepta vemos a intercessão do profeta Elias junto de Deus para que o filho morto possa voltar à vida, no caso da viúva de Naim é Jesus que se encontra com a morte do filho e pela sua vontade e misericórdia o faz voltar à vida.
Estas duas histórias e as acções realizadas por Elias e Jesus mostram-nos no entanto algo muito significativo na relação de Deus com o homem, com cada um de nós, no exercício da sua misericórdia e compaixão, algo que não podemos deixar de ter presente nem na nossa relação com Deus nem na nossa relação com a morte.
Certamente porque são realidades radicais, desafios que nos provocam igualmente no mais profundo da nossa realidade e humanidade, é que estão tão próximas e se comunicam entre si na sua essência e no seu desafio.
A acção de Jesus e do profeta Elias face à morte dos filhos das viúvas mostra-nos que a relação de Deus com o homem é uma relação de oferta, é uma relação que assenta no mecanismo do dom. Tanto o profeta Elias como Jesus, depois de reaverem os filhos para a vida, os entregam às suas mães.
Mecanismo que podemos constatar também em outros momentos da vida de Jesus, nomeadamente no momento de maior sofrimento e dor, quando do alto da cruz entrega a sua mãe ao discípulo amado e este mesmo a sua mãe. Ou também quando entrega nas mãos do Pai o seu espirito. 
Percebemos assim que a acção e a relação que Deus estabelece com o homem e com cada um de nós é uma relação de oferta, de dom, de entrega. Deus nãos nos aprisiona, não nos limita na nossa liberdade, mas bem pelo contrário abre-nos a novas realidades, novas oportunidades, uma nova vida. Deus oferece-se e oferece-nos novas possibilidades.
São Paulo na Carta aos Gálatas, e no início do trecho que escutámos, coloca-se na mesma linha de pensamento, ao afirmar que o Evangelho que anuncia não é de inspiração humana mas uma oferta feita por Deus. A verdade de Jesus que Paulo anuncia aos Gálatas é assim um dom, e um dom que não se pode guardar somente para si mas que obriga a partilhar com o próximo.
Também na morte e com a morte somos convidados a esta mesma leitura oblativa, somos convidados a perceber a morte como a possibilidade de um dom. Numa linha ecologista poderíamos assumir que a morte é a oferta de um lugar para outro, é um permitir que outro venha ocupar o nosso lugar neste planeta e nesta história. Poderíamos assumir que é um acto radical de amor para com um próximo que desconhecemos, mas cuja vida depende de nós.
Concepção que indubitavelmente nos coloca numa atitude muito mais responsável face aos recursos naturais e à salvaguarda da vida no planeta. Aceitar a nossa morte como uma possibilidade para a vida de outro é aceitar preservar recursos para que o outro viva tal como eu gostaria de continuar a viver.  
Contudo, não podemos limitar-nos a esta leitura materialista, porque se aquele que morre se desprende livremente dessa humanidade que considera sua propriedade, numa atitude de doação, acaba por encontrar-se com a oferta de Deus, com o próprio Deus que vem ao nosso encontro com uma proposta de futuro absoluto.
Se o amor e a memória fazem permanecer vivos aqueles que já partiram, entregar-se à memória de Deus, acolher a sua oferta de amor, é permanecer vivo não só enquanto memória mas também enquanto pessoa, pois no Deus que se me oferece como vida eu posso continuar a existir eternamente.

 
Ilustração:
“Ressurreição do filho da viúva de Naim”, de Wilhelm Kotarbinski, Museu Nacional de Varsóvia.
“Ressurreição do filho da viúva de Naim”, Mosaico da Catedral de Monreale, Sicília.   

O corpo templo de Deus

 
O corpo é o templo de Deus! Observai a intensidade do primeiro corpo a corpo entre um bebe e a sua mãe, é um encontro espiritual. É tão espiritual que quando se é privado dele podemos permanecer feridos durante muito tempo.
Jean Vanier

Ilustração: “Admiração Materna”, de William Adolphe Bouguereau.

sábado, 8 de junho de 2013

A ternura que evangeliza

 
A ternura… ousar tocar uma mão, abraçar alguém nos seus braços… Estou convencido que a ternura é uma forma de evangelização. Ainda que, à primeira vista, ela não pareça ser eficaz, pois não podemos segurar mais que uma mão de cada vez.
Jean Vanier

Ilustração: “Mãe abraçando o filho”, escultura de Manuel Carbonell.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amar é uma questão de humildade

 
Não é fácil amar alguém. É necessário aceitar perder um certo poder para entrar em comunhão. É uma questão de humildade!
Jean Vanier

Ilustração: Aluna Marista fechando a porta da mata do Convento de Cristo em Tomar.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O pobre que nos afecta

 
A luta contra a pobreza pode tornar-se um meio de proteger o seu conforto e de garantir o modelo burguês. Frequentemente, o que nos afecta, no pobre, é que ele não é um bom consumidor como nós, é que a sua maneira de viver acusa a nossa maneira de viver.
Fabrice Hadjadj

Ilustração: Araucária do jardim do Convento de Cristo em Tomar.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O homem não vive só de pão

 
O humano não se pode reduzir ao humanitário, porque o homem não vive só de pão. É bom levar ao faminto a sua ração diária, mas é melhor ainda comer juntos, intercalar palavras sentados ao fogo. De facto, não se trata tanto de ajudar o pobre mas de ser seu irmão, de viver com ele.
Fabrice Hadjadj

Ilustração: Preparação do almoço para os alunos Maristas peregrinos a Fátima a pé.

terça-feira, 4 de junho de 2013

A confiança de Santa Teresinha

 
Poderão acreditar que é por não ter pecado que tenho uma tão grande confiança em Deus. Se tivesse cometido todos os crimes possíveis, teria igualmente a mesma confiança, pois sinto que esta multitude de ofensas seria como uma gota de água lançada a um braseiro ardente.
Santa Teresa de Lisieux

Ilustração: Mural e altar da Basílica da Santíssima Trindade em Fátima.