quinta-feira, 23 de abril de 2009

O ESPONSÓRIO MISTICO DE SANTA CATARINA


O DESPONSÓRIO MISTICO DE SANTA CATARINA

Outro dos episódios importantes na vida de Santa Catarina de Sena para a elaboração da sua iconografia foi o casamento místico com Jesus.
Frei Manuel de Lima no Agiológio Dominico narra-nos o acontecido, tal como aparece na Legenda sobre a santa escrita pelo Beato Raimundo de Cápua.

Chegou o tempo em que os homens barbaramente alucinados costumam preparar-se para entrar na Quaresma com antecipados banquetes e demasias, donde se tem originado tantas dissoluções e desgraças.
E quando o mundo se ocupava nestes divertimentos, se recolheu a santa virgem à sua celazinha e prostrada aos pés de Cristo crucificado começou a dizer: “Oh docíssimo Esposo, resplendor da eterna luz, vós que tende por regalo santificar as mais vis criaturas, atendei às minhas suplicas e sede servido nestes dias em que o inferno doma os seus sequazes confirmar-me a mim nas obras do espírito”.
Apenas acabou esta oração, quando o Senhor lhe apareceu agradecendo-lhe os ardentes desejos e lhe disse: “Porque tu, amada minha, desprezando as vaidades do século puseste todo o amor e delicias em mim que sou o Sumo Bem, quando os mais se entregam a passatempos, é justo que também tenhas a tua festa. Tenho determinado celebrar neste dia contigo um solene desposório, em firmíssima fé como te prometi”.
Apareceu logo com a Rainha das Virgens, o Discípulo Amado, o Apostolo São Paulo, Nosso Pai São Domingos, o Profeta David que com a sua harpa formava uma celestial melodia. Chegou a Virgem Mãe a Catarina e pegando-lhe na mão direita pediu a seu Divino Filho que quisesse recebê-la por esposa e com o tal dar-lhe a sua mão soberana.
Deu o Senhor o consentimento e tirando do dedo um riquíssimo anel, que ornavam quatro pedras preciosas, com um finíssimo diamante o pôs no de Catarina dizendo: “Sabe que Eu teu criador e salvador me desposo contigo na fé, que durará sempre em ti viva até que te seja concedido gozar dos celestiais desposórios e ver-me face a face por toda a eternidade”.
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A fotografia que apresentamos para ilustrar esta representação é uma vez mais dos painéis de azulejos da igreja do antigo convento dominicano de São Paulo de Almada.

[1] LIMA, Frei Manuel de – Agiológio Dominico. Tomo II. Lisboa, Officina de António Pedrozo Galrram, 1710, 167.

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