domingo, 2 de maio de 2010

Larrasoaña-Pamplona Etapa Segunda

Estamos de volta a Pamplona, onde terminamos a segunda etapa deste Caminho de Santiago. Foi uma manhã explendorosa, pois já não apanhámos chuva, ainda que a temperatura tenha baixaido muitissimo e sintamos o frio que ameça neve, e porque pudemos durante quase toda a manhã caminhar ao longo do rio Arga.
Assim, aos nossos passos e à beleza da verdura juntou-se o murmurar da água que corria no rio, uma água que nos recordava como a fonte que nos sacia a sede está mesmo à mão de semear, como ela nos convida cada dia a matarmos a nossa sede nela.
A entrada em Pamplona foi feita na companhia de dois brasileiros que seguiram para a próxima paragem, quiseram adiantar alguns quilómetros à etapa de amanhã que é dolorosa pois todos temos que subir ao Alto del Perdon para poder chegar a Puente la Reina. Eu fiquei aqui, no convento de Santiago, um convento dominicano que me surpreendeu pela beleza e grandeza da igreja.
Foi um convento construido no Caminho, aproveitando uma ermida de Santiago, patrono da igreja e por isso do convento. Diz a tradição, oral, que foi fundado por Juan de Navarra, aquele mesmo que no momento da dispersão dos frades por São Domingos se recusou a partir sem levar dinheiro. Foi construido no lugar onde hoje se encontra o Palácio Consistoral, ou seja em pleno caminho pela cidade e ponto importante de concentração das gentes. Por esta razão, e querendo dotar a cidade de um simbolo de poder Fernando de Aragão, marido de Isabel a Católica, pediu aquele convento aos frades e ofereceu-lhes um terreno nas traseiras do antigo, junto do palácio real. A construção desenvolveu-se e assim nos finais do século XVI encontra-se já um convento maravilhoso, grandioso, com uma igreja gótica, arquitectada parece que pelo mesmo arquitecto que desenhou San Esteban de Salamanca, um claustro maneirista grandioso e pouco depois com aquela que foi a primeira universidade de Navarra. Depois das vicissitudes da exclaustração resta hoje escondida no meio do casario a igreja imponente e num aproveitamento para os serviços administrativos locais o claustro maneirista.
Terminada a caminhada e celebrada a Eucaristia aproveitei para descansar um pouco pois os quarenta quilómetros que já fiz começam a fazer-se sentir nos pés e nas pernas. Amanhã vai ser um dia duro e não se estando em grande forma é ainda mais duro.
Não posso deixar de referir, antes de terminar, que a celebração da Eucaristia ontem no albergue correu muito bem. Alguns peregrinos participaram e depois disso houve mesmo um ou outro que me perguntou se os podia confessar. Também aqui a nossa missão se cumpre. Uma vez mais foi também um momento para partilhar as nossas origens e caminhos pessoais e assim estávamos juntos franceses, espanhóis, italianos, holandeses, brasileiros e até um iraniano.
São Tiago e o Caminho juntou-nos a todos, junta-nos e faz-nos parte uns dos outros.

2 comentários:

  1. Boa noite Frei José Carlos,

    Obrigada por continuar a proporcionar-nos a partilha do Caminho que vai fazendo. Mas esta partilha ultrapassa o cariz “espiritual” da mesma , do sacerdócio que abraçou e é simultaneamente o que nos foi revelando em diferentes “spots” do blog que criou: o gosto pela história, o rigor da descrição. É também a forma poética como nos vai descrevendo o meio ambiente.
    Ficamos contentes por saber que tem tido oportunidade de cumprir a sua missão.

    Bom repouso e continuação de “Bom Caminho”.

    Que Jesus o proteja e o encoraje sempre, e, em particular nos trilhos mais difíceis para que possa prosseguir o Caminho até S.Tiago

    . Continuaremos a rezar para que assim seja. Bem haja, Frei José Carlos. MJS

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  2. Frei José Carlos,
    Estamos felizes por si, pela realização Eucarística que cumpre neste Caminho.
    E nós lá vamos consigo em pensamento iluminado pelas vivências que fraternalmente partilha connosco.
    Um abraço,
    GVA

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