Fomos ensinados assim
e nunca parámos para pensar a razão de ser.
Foi com as nossas mães
ou avós, com os nossos catequistas, que aprendemos que para rezar devíamos juntar
as mãos. Aprendemos, e mecanicamente continuamos assim a rezar, a juntar as
mãos para elevar as nossas preces a Deus.
Esta atitude, esta
postura, tem no entanto um significado profundo, tem raízes antigas, pois já o
Talmude nos refere que os judeus utilizavam esta forma física para se recolher
e elevar o seu pensamento a Deus.
No mundo romano esta
atitude de juntar as mãos era um sinal de submissão, e por isso quando um
soldado capturado e condenado à morte juntava as mãos apresentava a sua
rendição, a sua submissão àquele que o tinha derrotado.
Este gesto foi
assumido na época medieval como manifestação de lealdade e homenagem, de preito
ao senhor ou superior. Manifestava igualmente uma submissão, mas uma submissão
assumida numa espécie de cooperação com aquele que podia garantir a segurança e
subsistência daquele que se submetia.
Ainda hoje, e na
liturgia da ordenação presbiteral, o que vai ser ordenado coloca as suas mãos
entre as mãos do bispo ordenante e promete-lhe obediência. Há uma submissão
numa missão de cooperação.
Desta forma, quando
ainda hoje unimos as nossas mãos para rezar estamos a assumir uma submissão,
uma submissão a Deus, mas igualmente a assumir a nossa cooperação com a obra de
Deus, a manifestar de forma gestual as palavras do Pai Nosso “venha a nós o
vosso reino, seja feita a vossa vontade”.
E porque a nossa
oração se faz por Jesus, nosso advogado junto do Pai, ao juntarmos as mãos cruzamos
os polegares, para que a cruz da nossa redenção esteja sempre diante dos nossos
olhos, presente no sentido da nossa oração.
Que o Senhor nos ajude
a cuidar dos gestos da nossa oração, a interiorizá-los de forma consciente,
pois também o nosso corpo reza quando o Espirito gera em nós a oração que nos
brota nos lábios.
“Mãos em Oração”, desenho aguarelado de Albrecht Durer, in Albertina, Viena.
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