A 8 de Julho de 1775 Frei João de Mansilha, Visitador da Província de Portugal, escreve ao Vigário in Capite do Convento de São Domingos do Porto, Frei Manuel de Seabra, e face aos distúrbios devido à divisão de governo institui o Vigário como Prior do Convento.
Reverendo Padre Presentado Vigário in Capite do nosso Convento de São Domingos do Porto.
Depois de ter mandado
algumas providências precisas para o sossego e para o bem comum desse nosso
Convento, continuamos a dar mais algumas outras, entre as quais é arrancar a
semente das discórdias, que quase e sempre resultam em um governo a que
presidem muitas cabeças; como a experiência tem mostrado no caso presente, no
qual a Vossa Paternidade se atribui o governo da espiritualidade, e ao Padre
Leitor Frei António de São Bernardo o da temporalidade; do que tem resultado
todos os embaraços, e desconcertos, que a Vossa Paternidade tem afligido e a nós
tem tomado muito tempo, que devemos empregar em coisas mais úteis à nossa
Ordem.
Há muito tempo tínhamos
nós previsto esta dificuldade; motivo porque já em parte provemos alguns
remédios que fizessem cessar: não sendo porém suficientes para o
restabelecimento da paz, e da observância regular, que devemos estabelecer
nesse, e em todos os Conventos da nossa jurisdição; nos resolvemos mandar a
Vossa Paternidade a Patente inclusa de Prior.
Ao mesmo tempo lhe
mandamos também a outra Patente, pela qual Nomeamos e Instituímos a Vossa
Paternidade Colector e Administrador das Esmolas, Bens e Rendas do Sagrado
Lausperene do Senhor Jesus desse Convento. Assim que Vossa Paternidade receber
esta nossa Carta mandará chamar à sua cela ao Reverendo Padre Leitor Frei
António de São Bernardo, e lhe dará a Carta inclusa, que lhe escrevemos, na
qual lhe ordenamos execute o que pela dita nossa Patente determinamos a
respeito da entrega da Administração do Sagrado Lausperene; e ao mesmo tempo lhe
damos certas providências para que o dito Padre nem fique desgostoso nem
deteriorado; antes sim muito satisfeito.
Remetendo-nos à Carta que
escrevemos a Vossa Paternidade no correio passado, esperamos que neste novo
emprego e em tudo o que a ele respeita haja Vossa Paternidade de proceder com
aquela probidade e zelo que até o presente tem praticado; pois que do contrário
lhe não poderão resultar as boas consequências que Nós muito lhe desejamos.
Deus guarde a Vossa
Paternidade Reverendíssima
São Domingos de Lisboa em 8 de Julho de 1775
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