A porta fechou-se,
lentamente, silenciosa, como a não querer perturbar o frio da noite. A chave
rodou na fechadura, fixando a barreira entre o interior e o exterior.
Terminada a festa,
despedidos os amigos, arrumada a louça que sobre a mesa ficou, aqui estamos
nós, apenas os dois, eu e tu.
Olho-te com ternura, e
sei que também me olhas com ternura. Sempre me olhas com ternura, mesmo quando
eu nem sequer te olho.
Seguro-te nos braços;
e o coração estremece. Um desejo enorme, não sei muito bem de quê, percorre-me
o corpo. Será o desejo de te ter sempre assim, comigo, nos meus braços, neste
tremor de amor?
Mas todos os dias te
tenho à minha mão. Aliás, todos os dias te posso acariciar, elevar, contemplar,
amar… todos os dias me ofereces essa possibilidade de fusão do teu corpo com o
meu. Nas minhas mãos te ofereces, sempre para mim, em silêncio, sem reticências.
Estreito-te nos meus
braços, olho-te ainda com mais ternura. Tu vens sempre ao meu encontro, todos
os dias, como a aurora resplandecente, e eu distraído não te dou lugar. Centrado
em mim, cansado de tanto, não te amo como te é devido.
Estamos os dois, aqui,
no meio da noite, rodeados do silêncio de uma noite mágica. É a tua noite. Amas-me!
Eu sei que me amas, pelo simples facto de estares aqui. Que o perfume do teu
amor me faça correr atrás de ti!
“São José com o Menino Jesus”, de Guido Reni, Museum of Fine Arts de Boston.
Sem palavras, face a uma tão linda oração.
ResponderEliminarQue estejam sempre os dois, no meio do silêncio ou no turbilhão da actividade, é o que peço ao Pai. Obrigado frei José Carlos. Inter pars