Saiu o Senhor a semear uma boa semente no seu campo, mas mais tarde encontrou-se no meio dessa boa semente também o joio que o inimigo tinha semeado de noite. Que fazer?
Esta parábola de Jesus, na sua simplicidade, deixa-nos vários aspectos a ter em conta, na medida em que somos campo em que se semeia, em que somos também trabalhadores desse campo e por fim o fruto da sementeira.
Na medida em que somos campo, para além da boa terra que devemos ser e cultivar, devemos ter em atenção a vigilância, não podemos deixar-nos dormir, porque nesse estado o inimigo pode em nós semear o joio. A Palavra de Deus que é semeada em nós exige um cuidado, uma atenção, uma vigilância, como a das sentinelas que esperam a aurora, que esperam o inimigo para o combater, ou neste caso impedir que lance a sua semente de mal no campo onde foi lançada a semente de Deus.
Como trabalhadores do campo da sementeira não podemos cair na arrogância de pensar que podemos arrancar as plantas de mal semeadas. Como diz Jesus podíamos arrancar também as boas plantas. Neste sentido o Senhor convida-nos a afastar-nos do juízo que exercemos sobre as obras dos outros, a cuidarmos o nosso papel e função, e a deixarmos para Deus o juízo que apenas a Ele compete.
Esta atitude implica também a esperança e a confiança que o Senhor deposita em nós, na nossa capacidade de combater o mal, de permitirmos que as plantas de bom fruto cresçam e na sua exuberância e fortaleza destruam as plantas do joio. É como na parábola da figueira em que o agricultor pede ao Senhor para não abater a figueira que não dá frutos, ele irá cavá-la, regá-la, adubá-la na esperança que futuramente dê algum fruto.
Também o Senhor espera de nós a mesma atitude, não só em relação aos outros, ao campos e sementeira alheia, mas sobretudo em relação à sementeira que foi feita em nós. Espera o fruto, e um fruto bom e abundante, segundo a capacidade de produção de cada um, a vigilância aplicada e os cuidados necessários à frutificação que cada um deve utilizar.
A parábola do trigo e do joio abre-nos assim à confiança em Deus e ao desafio da esperança de Deus em nós.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo texto que connosco partilha a partir da “Parábola do trigo e do joio”, se por um lado nos diz que só a “Deus compete julgar”, por outro lado, lembra-nos que somos responsáveis pela “sementeira” que foi feita em nós, segundo as nossas capacidades. Permita-me que destaca algumas passagens ...” Neste sentido o Senhor convida-nos a afastar-nos do juízo que exercemos sobre as obras dos outros, a cuidarmos o nosso papel e função, e a deixarmos para Deus o juízo que apenas a Ele compete.” …
“Também o Senhor espera de nós a mesma atitude, não só em relação aos outros, ao campo e sementeira alheias, mas sobretudo em relação à sementeira que foi feita em nós”. …”segundo a capacidade de produção de cada um” …
Que importante lembrar-nos que está ao nosso alcance a “confiança em Deus” e o “desafio da esperança de Deus em nós”.
Bem haja Frei José Carlos, por esta simples e profunda partilha.
MJS
Boa tarde Frei José Carlos,
ResponderEliminarMuitas coisas boas nos vão acontecendo na vida e para as quais temos de descobrir o sentido. Há dois anos, a chegada de uma criança de 8 anos à minha vida foi uma dessas coisas muito boas, daquelas que nos proporcionam uma inefável felicidade, que nos suscitam uma oração de acção de graças, quando nelas nos detemos.
E lembrei-me dela quando li o seu texto, porque senti a responsabilidade imensa do campo de sementeira que me foi apresentado para nela cultivar a semente do amor de Deus, tarefa tanto mais difícil por não ser avó verdadeira. Neste momento confundem-se os campos a semear, já não sei se sou eu que semeio se é ela que lança a semente.O que é certo é que ambas estamos unidas no descobrir da presença de Deus nas coisas mais pequeninas que nos vão acontecendo, elevando-nos numa cúmplice oração de agradecimento.
Um abraço,
GVA,