Tomé não está presente quando o Senhor ressuscitado aparece aos doze e quando lhe contam a novidade quer verificar por si próprio, quer afinal ser uma testemunha fidedigna, ainda que possa parecer desconfiado e incrédulo.
E o Senhor aparece num dia em que ele está presente, juntamente com os outros, reunidos dentro de casa por medo daqueles que os perseguem. A prova da fé acontece, as suas palavras de suspeitas são contrastadas e perante o amor e a oferta generosa do Mestre e amigo a declaração final “Meu Senhor e meu Deus”.
Tomé pode ser cada um de nós, nas suas dúvidas e interrogações, no seu vacilar de confiança. Mas podemos ser também o conjunto dos discípulos, reunidos dentro de casa, com as portas fechadas com medo.
Estamos fechados por medo do outro, do que o outro nos pode interrogar, das ameaças que pode apresentar com a sua inquietação de coerência. Estamos fechados dentro de casa, seja ela a Igreja ou a nossa própria privacidade, porque nos sentimos mais seguros, protegidos de uma realidade que nos parece ameaçante. Estamos fechados dentro de casa porque de alguma forma nos sentimos culpados, nos sentimos traidores e aí mais que fechados estamos prisioneiros, verdadeiramente prisioneiros que necessitam ser libertados.
E Jesus vem, faz-se presente no meio de nós, mesmo com barreiras e apesar das barreiras, das portas fechadas, dos nossos medos e culpabilidades doentias. Jesus faz-se presente e coloca-se no meio para que possa ser tocado, visto, proclamado na fé.
Jesus vem sempre, mesmo quando não o esperamos ou até desesperamos e coloca-se no centro para ser o centro da nossa vida, a rocha sobre a qual alicerçamos a nossa esperança e a nossa vida.
Necessitamos querer verificar por nós próprios como Tomé!
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo meditar no texto que nos escreve sobre “Tomé ou a experiência da nossa fé” para além da necessidade de “ver para querer” que sentimos em alguns momentos das nossas vivas, mesmo os crentes, que precisávamos de sentir Jesus mais perto de nós, ou de o vivermos com maior intensidade nos nossos corações, a reflexão que faz sobre o nosso comportamento, os nossos receios ... “Estamos fechados por medo do outro, do que o outro nos pode interrogar, das ameaças que pode apresentar com a sua inquietação de coerência. Estamos fechados dentro de casa, seja ela a Igreja ou a nossa própria privacidade, porque nos sentimos mais seguros, protegidos de uma realidade que nos parece ameaçante”, para mim, é a análise mais interessante e inquietante, embora correlacionadas.
Esta reflexão levou-me a pensar na atitude tão frequente de nos afastarmos das pessoas com problemas, amigos, familiares, colegas, conhecidos e desconhecidos, dos que não pensam como nós, das pessoas que estão instáveis psicologicamente como se quiséssemos salvaguardar a nossa própria “estabilidade emocional”, enfim, das situações que nos levam a dedicar algum tempo e atenção aos que esperavam por alguém disponível a “estender a mão”, a abrir a “porta”, a “desinstalar-nos”. Porque nos comportamos assim, Frei José Carlos? Como podemos alterar a nossa forma de viver, aonde não há lugar, para o viver pleno do ser humano?
É o momento de desejarmos profundamente o apelo que nos deixou, oportunamente, “Vem Senhor Jesus e fica connosco!”
Obrigada pela esperança que nos deixa …”Jesus vem sempre, mesmo quando não o esperamos ou até desesperamos e coloca-se no centro para ser o centro da nossa vida, a rocha sobre a qual alicerçamos a nossa esperança e a nossa vida.” Bem haja. MJS
Frei José Carlos,
ResponderEliminarPerde-se na lonjura do tempo a repetição desta declaração de Tomé, "Meu Senhor e meu Deus" no meu dia-a-dia. É a proclamação da minha fé, é o convite da sua presença junto de mim, é fonte de ânimo em momentos de desesperança.Há quatro anos, foi também a expressão com que terminou a sua primeira homilia, tendo revelado então os seus dotes de pregador, e convidando-nos-nos a trazer Jesus para o centro das nossas vidas.
Tenha uma santa noite,
GVA