Foi nos aposentos da casa de Caleruega que Joana de Aza sonhou com um cão incendiário, um cão que em sonhos anunciava a vida e a missão do seu filho Domingos.
Mas como incendiário, de tocha entre os dentes correndo o mundo, não podia ser o único, era necessário dividir e partilhar o fogo para que ele chegasse onde devia chegar.
É assim que Domingos é seguido pelo seu irmão Manés, um outro incendiário, ou melhor um vigilante cuidador do fogo aceso pelo irmão.
Pouco se sabe da sua infância e até do modo como se encontrou com o seu irmão no sul de França, mas a verdade é que quando Domingos dispersa os poucos grãos de trigo recolhidos sob a sua protecção em 1217, o irmão Manés é enviado a Paris juntamente com Miguel de Espanha e Odier da Normandia. São três homens pobres e simples mas enviados a Paris, à cidade da universidade para aí fundarem um convento, uma comunidade inserida e destinada ao estudo. Manés, por ser irmão de Domingos ou pelas qualidades que depois lhe são reconhecidas vai como guia e fundador da nova casa.
Um ano mais tarde e depois de uma viagem por Espanha Domingos encontra-se com o irmão em Paris e dá-lhe uma nova missão, um novo desafio, como o de cuidar do pequeno grupo de mulheres que tinha conseguido reunir em Madrid sob o mesmo tecto e para viverem o mesmo espírito da Verdade e da Pregação.
Manés chega assim a Madrid em 1219 e com ele traz a única carta que sobreviveu a São Domingos, uma carta na qual o fundador reconhece o méritos e a autoridade de seu irmão e sobre quem coloca toda a autoridade para a governação da comunidade feminina de Madrid. Não sem um elogio do irmão não podiam ser palavras mais elogiosas da sua acção e do seu carácter.
Manés sobrevive à morte do irmão e até à sua canonização, facto que o faz regressar à terra natal para aí pedir a construção de uma capela em honra do seu irmão. Uma capela simples mas que o tempo e a vontade dos homens não deixaram na simplicidade, pois em 1270 Afonso X, o Sábio, entrega uma igreja nova e uma fundação às filhas amadas de Domingos. Mais tarde em 1592, essa mesma igreja é reformada e reconstruída ao estilo grandioso de uma Espanha que era senhora de um mundo onde o sol não se punha.
Consta que Manés morreu um 1237 no Mosteiro Cisterciense de São Pedro de Gumiel, com 71 anos de idade, sendo aí sepultado e onde ainda hoje se pode ver um busto com as suas relíquias, embora também em Caleruega e por generosidade dos monges de Gumiel se encontre uma relíquia.
Beatificado por Gregório XVI em 1834 a sua memória celebra-se neste mesmo dia 18 de Agosto.
Boa noite Frei José Carlos,
ResponderEliminarDitosa foi Santa Joana de Aza que estes filhos deu ao mundo de então e de sempre. Felizes são todos os que têm a dita de viver da palavra-alimento anunciada pelos filhos de S. Domingos.
Tenha uma santa noite,
GVA
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por continuar a partilhar connosco a informação histórica tão cuidadosamente preparada da vida dos Dominicanos. Hoje, é dia da Memória do Beato Manes de Guzman, Irmão de São Domingos, ...” um vigilante cuidador do fogo aceso pelo irmão”… É a pobreza, a simplicidade, o estudo, algumas das qualidades que são evidenciadas. Ao Beato Manés foi atribuído um desafio …”a governação da comunidade feminina de Madrid”, … que S.Domingos “tinha conseguido reunir em Madrid sob o mesmo tecto e para viverem o mesmo espírito da Verdade e da Pregação.”
Permita-me, partilhar, a interrogação que me coloquei: porque razão a comunidade feminina não era governada por uma freira? A partir de quando as comunidades femininas são governadas por membros do mesmo sexo?
Bem haja Frei José Carlos pela disponibilidade constante nas mais diversas partilhas que sempre nos enriquecem.
Um abraço fraterno,
MJS