A parábola do banquete e dos convidados que se recusam a participar da festa que o Senhor oferece é sem dúvida uma parábola dramática. Há uma oferta tremenda de festa mas a essa oferta contrapõe-se uma recusa igualmente tremenda.
A falta de resposta ao convite é chocante pois o Senhor tudo preparou para a festa, foram abatidos os animais mais gordos, foram escolhidos os melhores vinhos, o noivo está adornado com as suas jóias para a recepção dos convidados, os emissários com os convite foram enviados e no entanto ninguém vem, ninguém quer vir à festa, estão mais preocupados com os campos e os negócios que com a amabilidade do Senhor e do convite feito. E ainda por cima não satisfeitos com a displicência, com a indiferença tratam mal e assassinam os enviados com o convite, pobres inocentes que apenas cumprem uma missão e por esse mesmo crime são privados de poder estar presentes no banquete.
Perante tal recusa e feitos os gastos da festa só resta uma solução, abrir as portas a todos os que queiram vir, a todos sem qualquer diferença, é ao mundo inteiro que se abrem as portas da casa, se oferece o banquete e se enviam os emissários. O banquete passa a destinar-se a todos, ou quase todos, porque mesmo os que aceitam o convite não podem aparecer de qualquer maneira. Há uma selecção que é feita pela forma como se apresenta o convidado, como nos apresentamos ao banquete que o Senhor oferece. Há um traje que é necessário levar, um traje nupcial, porque afinal fomos convidados para um banquete e à nossa espera está um noivo.
O convite foi feito, aceitamos ou não ir à festa, mas se anuímos a ir e a festejar temos que nos apresentar condignamente. Não basta ir apenas, é necessário ir vestido. Ou seja, não nos basta pertencer passivamente à Igreja, ser passivos discípulos de Jesus Cristo, assumir que pelo baptismo e pela fé tudo está garantido. Tantas vezes ouvimos dizer, “eu cá tenho a minha fé”, mas isso não é verdade porque a fé só é verdadeiramente fé quando é contrastada com a fé dos outros, da comunidade, e confirmada com as obras que a explicitam. E pressupondo sempre que antes de mais a fé não é nossa mas é um dom de Deus, um dom mais que temos que fazer crescer e aperfeiçoar. Necessitamos por isso de ser activos e participantes na resposta e na concretização da participação no banquete.
A parábola mostra-nos a universalidade da salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo, mas também a nossa responsabilidade no seu acolhimentos e apropriação como uma realidade verdadeiramente nossa, pessoal e intransmissível.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQue bela e importante partilha que nos faz meditar, desinstalar, particularmente, no período do ano em que muitas vezes, mais nos afastamos da prática da fé, porque estamos menos disponíveis para Deus.
O Frei José Carlos através da interpretação da ...”parábola do banquete e dos convidados que se recusam a participar da festa que o Senhor oferece” ... (Ev. Mateus), lembra-nos que o reino de Deus está ao alcance de todos mas que não basta ser “discípulos passivos de Jesus”. Está nas nossas mãos fortificar a nossa fé, “aperfeiçoá-la”, sermos coerentes com o que dizemos ser e/ou pensamos ser e o nosso testemunho da fé, na prática religiosa, na vivência e coerência da mesma, em qualquer circunstância.
Não nos podemos desculpar com os exemplos menos bons do nosso semelhante para não praticarmos a fé, vivê-la plenamente.
Permita-me que faça minhas as palavras do Frei José Carlos ...” A parábola mostra-nos a universalidade da salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo, mas também a nossa responsabilidade no seu acolhimento e apropriação como uma realidade verdadeiramente nossa, pessoal e intransmissível.”
Bem haja por esta e por todas as partilhas que nos leva a um exame constante do que somos e como agimos, confortando-nos com a possibilidade de podermos por nós próprios escolher o caminho do Bem e da Verdade porque a porta está sempre aberta para o “banquete”.
Um abraço fraterno,
MJS