sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Permanecer vigilante

É bem pouco um resto de vela, mas ele ilumina esse homem morto diante do qual me disseram que nada mais tenho que fazer no mundo senão ficar indefinidamente de sentinela. Estou só com Cristo, e no mundo não há mais nada que lhe faça concorrência. Ah, estou bem tranquilo, tenho muito tempo ainda diante de mim, antes que a manhã venha empalidecer estas longas janelas. Só eu estou vivo no universo. Todos os ruídos da terra emudeceram e nada há que faça concorrência a esse murmúrio de Deus ao ouvido da minha alma. Que pobreza comparável à ausência total? Nem há necessidade de pensar. Basta perseverar com toda alma, arder pobre e fielmente como essa chama aguda e hesitante, aos pés do Senhor.[1]


[1] Paul Claudel – O Poeta e a Cruz, Lisboa, Editorial Aster, 1958, 178.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada por esta bela e oportuna partilha, lembrando-nos Paul Claudel que um dia teve o seu dia de “renascimento” como muitos de nós.
    É como nos exorta: o importante é “Permanecer Vigilante”, “Vigiar Sempre” ...

    Bem haja, Frei José Carlos.

    Um abraço fraterno, MJS

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  2. Frei José Carlos,
    Como um texto tão curto pode ser tão rico do Amor de Deus. Realmente nada lhe pode fazer concorrência e nada é mais envolvente de paz e de felicidade do que o abandono no seio de Deus.
    Que o Senhor o abençoe a si e a toda a comunidade pelo alimento da palavra.
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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