A discussão entre
Jesus e os seus interlocutores vai subindo de tom, ao ponto de o acusaram de
ser um demónio. A tensão é extrema e as pedras que procuram para apedrejar
Jesus mostra a gravidade da situação, a tensão a que se chegou.
Tudo isto porque a
palavra de Jesus os provocou em todos os sentidos, mas de modo mais incisivo
quando lhes disse que se guardassem a sua palavra não veriam a morte. Afinal quem
é que ele era? Ou melhor, quem é que ele pretendia ser? Porque ninguém pode
escapar à morte!
E contudo, as palavras
de Jesus não podem ser mais verdadeiras, porque guardar a sua palavra é guardar
a Palavra de Deus, é guardar a Palavra que está presente desde o primeiro momento
da criação, que faz as coisas surgirem do nada e à imagem e semelhança da qual
o homem foi criado.
Guardar a palavra de
Jesus é guardar fidelidade a uma palavra que não pode mentir, é permanecer numa
palavra que se mantém fiel apesar de tudo o que o homem pode fazer ou duvidar,
dos ouvidos que pode fechar.
Na nossa vida existe por
vezes também esta tensão entre a Palavra de vida que recebemos e que nos é
oferecida e as certezas que vamos construindo e nos impedem de acolher a
palavra, a vida divina que ela nos traz.
É muito mais fácil
acreditar nas palavras dos homens, ainda que o vento as leve como o pó, que
acreditar numa Palavra que se encarna, que ama até à morte, que se entrega para
ser crucificada. Paradoxo de uma palavra viva, de vida, que se deixa matar,
aniquilar.
Nesta caminhada da
Quaresma rezamos ao Senhor para que nos liberte das palavras vãs, do ruido de
fundo das palavras que circulam e nos enredam num vazio sem sentido, e que saibamos
acolher a Palavra viva de vida que nos liberta da nossa morte e finitude, que nos
assume na sua imortalidade divina.
“Ecce homo”, de Mihály Munkácsy, Museu Déri, Debrecen, Hungria.
Obrigada,Frei José Carlos pela maravilhosa Meditação.Profunda e rica de sentido para a nossa caminhada Quaresmal.Gostei muito.Bem-haja.
ResponderEliminarQue o Senhor o ilumine e o abençoe.Desejo-lhe um bom fim de semana.
Um abraço fraterno.
AD