Quando falamos de pregação pela imagem, e de pregadores dominicanos que usaram a pintura para transmitir a Boa Nova de Jesus, logo nos vem à memória o nome de Fra Angélico. Dele recordamos as célebres Anunciações, os frescos do convento de São Marcos de Florença, os encantadores anjos que alegram o paraíso e o juízo final.
Contudo não foi o único e ao longo da história encontramos outros frades dominicanos que através da pintura ou da escultura procuraram expressar a sua fé e a pregação a que estavam vocacionados pela Ordem a que pertenciam.
O Museu do Prado tem desde Outubro passado uma exposição sobre um pintor espanhol, Juan Bautista Maíno, uma figura pouco conhecida quer como pintor quer como dominicano que foi, mas com uma obra tão voluptuosa que é impossível ficarmos indiferentes a ela.
Por essa sua pertença dominicana, por ser também filho de uma portuguesa e ter passado por Portugal aquando da visita de Filipe II em 1619 não podemos deixar de dar notícia dele.
Segundo o registo de baptismo, celebrado em Pastrana, Juan Bautista nasceu em 1581, filho de um italiano de nome Maíno e de uma portuguesa Ana de Figueiredo, ambos sediados na cidade por razões de oficio ligado aos têxteis, facto que se vai repercutir na obra de Maíno e na qualidade da sua representação dos tecidos que vestem as figuras humanas.
Como era habitual na época, e sendo descendente de italianos de uma forma mais fácil, Maíno fez a sua formação em Itália e aí pôde encontrar-se com mestres como Annibale Carracci ou Guido Reni e obras como as de Caravaggio. Pintores que o influenciaram e que na exposição do Museu do Prado podemos também contemplar.
Foram cinco anos de ausência, entre 1605 e 1610, pois em 1611 Maíno está já em Toledo a assinar um contrato para a pintura de frescos na catedral. Um ano depois assina também contrato para um retábulo com os frades de São Domingos do convento de São Pedro Mártir de Toledo. A proximidade e as relações são tão fortes que em 27 de Julho de 1613 Maíno está a professar como religioso no mesmo convento.
O retábulo que pinta para a igreja do convento é hoje a sua maior e mais significativa obra e nela podemos apreciar a adoração dos pastores, a adoração dos reis, o Pentecostes e a ressurreição de Jesus, acontecimentos evangélicos que liturgicamente marcam o calendário das festas cristãs e por isso são conhecidos como as quatros Pascoas. No conjunto o mistério da revelação de Deus aos homens.
Em 1616 o prior do convento de São Pedro Mártir de Toledo, frei António de Sotomayor é nomeado confessor de Filipe II. Sendo o grande protector de Maíno não o deixa para trás na sua mudança para a Corte, na qual Maino aparece como mestre de desenho e pintura do príncipe. É nesta qualidade que acompanha o séquito real que em 1619 vem a Lisboa, na qual tem também a tarefa de tratar da venda de umas casas que pertenciam a sua mãe.
Entre Madrid e Toledo Maíno vai vivendo e exercendo a sua pintura, até que em 1630 se encontra em Salamanca para pintar uma retábulo para o convento de San Esteban, retábulo desaparecido com a exclaustração das ordens religiosas. Alguns anos mais tarde, em 1639, Maíno aparece envolvido nas teias da inquisição, pois Isabel de Briñas, uma mulher acusada de falsa santidade, usava uma miniatura pintada por si. Maíno tem que testemunhar e justificar a pintura que era usada pela mulher.
Em 1649, a 17 de Abril, Maíno é sepultado no convento de São Tomás de Madrid, deixando uma obra diminuta mas rica de pormenores que quase nos apetece tocar para comprovar que são tinta sobre tela e não telas sobre tintas. A escassa produção de Maíno justifica-se por palavras próprias e em função de opções pessoais. Num litígio com douradores, em 1620, Maíno assume-se como pintor, mas acima disso assume-se como sacerdote e frade de São Domingos. Essa era de facto a sua primeira e principal profissão e da qual os quadros dominicanos que pintou não deixam margens para dúvidas.
Contudo não foi o único e ao longo da história encontramos outros frades dominicanos que através da pintura ou da escultura procuraram expressar a sua fé e a pregação a que estavam vocacionados pela Ordem a que pertenciam.
O Museu do Prado tem desde Outubro passado uma exposição sobre um pintor espanhol, Juan Bautista Maíno, uma figura pouco conhecida quer como pintor quer como dominicano que foi, mas com uma obra tão voluptuosa que é impossível ficarmos indiferentes a ela.
Por essa sua pertença dominicana, por ser também filho de uma portuguesa e ter passado por Portugal aquando da visita de Filipe II em 1619 não podemos deixar de dar notícia dele.
Segundo o registo de baptismo, celebrado em Pastrana, Juan Bautista nasceu em 1581, filho de um italiano de nome Maíno e de uma portuguesa Ana de Figueiredo, ambos sediados na cidade por razões de oficio ligado aos têxteis, facto que se vai repercutir na obra de Maíno e na qualidade da sua representação dos tecidos que vestem as figuras humanas.
Como era habitual na época, e sendo descendente de italianos de uma forma mais fácil, Maíno fez a sua formação em Itália e aí pôde encontrar-se com mestres como Annibale Carracci ou Guido Reni e obras como as de Caravaggio. Pintores que o influenciaram e que na exposição do Museu do Prado podemos também contemplar.
Foram cinco anos de ausência, entre 1605 e 1610, pois em 1611 Maíno está já em Toledo a assinar um contrato para a pintura de frescos na catedral. Um ano depois assina também contrato para um retábulo com os frades de São Domingos do convento de São Pedro Mártir de Toledo. A proximidade e as relações são tão fortes que em 27 de Julho de 1613 Maíno está a professar como religioso no mesmo convento.
O retábulo que pinta para a igreja do convento é hoje a sua maior e mais significativa obra e nela podemos apreciar a adoração dos pastores, a adoração dos reis, o Pentecostes e a ressurreição de Jesus, acontecimentos evangélicos que liturgicamente marcam o calendário das festas cristãs e por isso são conhecidos como as quatros Pascoas. No conjunto o mistério da revelação de Deus aos homens.
Em 1616 o prior do convento de São Pedro Mártir de Toledo, frei António de Sotomayor é nomeado confessor de Filipe II. Sendo o grande protector de Maíno não o deixa para trás na sua mudança para a Corte, na qual Maino aparece como mestre de desenho e pintura do príncipe. É nesta qualidade que acompanha o séquito real que em 1619 vem a Lisboa, na qual tem também a tarefa de tratar da venda de umas casas que pertenciam a sua mãe.
Entre Madrid e Toledo Maíno vai vivendo e exercendo a sua pintura, até que em 1630 se encontra em Salamanca para pintar uma retábulo para o convento de San Esteban, retábulo desaparecido com a exclaustração das ordens religiosas. Alguns anos mais tarde, em 1639, Maíno aparece envolvido nas teias da inquisição, pois Isabel de Briñas, uma mulher acusada de falsa santidade, usava uma miniatura pintada por si. Maíno tem que testemunhar e justificar a pintura que era usada pela mulher.
Em 1649, a 17 de Abril, Maíno é sepultado no convento de São Tomás de Madrid, deixando uma obra diminuta mas rica de pormenores que quase nos apetece tocar para comprovar que são tinta sobre tela e não telas sobre tintas. A escassa produção de Maíno justifica-se por palavras próprias e em função de opções pessoais. Num litígio com douradores, em 1620, Maíno assume-se como pintor, mas acima disso assume-se como sacerdote e frade de São Domingos. Essa era de facto a sua primeira e principal profissão e da qual os quadros dominicanos que pintou não deixam margens para dúvidas.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQue interessante a sua investigação sobre este dominicano pintor, dando-no-lo a conhecer em prosa tão poética.
GVA
Frei José Carlos
ResponderEliminarGraças a si, ficámos a saber, com satisfação, que temos mais outro grande artista, pintor, na família...
Frei José Carlos,admiro o seu intenso trabalho de estudo e de pesquisa,que com muito carinho partilha connosco,para nos enriquecer. IML