Neste quarto e último domingo do Advento as diversas leituras da Liturgia da Palavra colocam diante dos nossos olhos textos que estão cheios de movimento, de uma acção que pode ser mais prometida para o futuro, que pode acontecer no presente histórico ou que já aconteceu e por isso mesmo é assumida.
O texto da leitura do profeta Miqueias está cheio desses verbos que prometem uma acção para o futuro: de ti Belém sairá aquele que há-de reinar, Deus voltará para o seu povo, Ele se levantará para apascentar o seu rebanho. Estes verbos no âmbito da promessa indicam acções para o futuro, mas indicam também uma acção de Deus, um movimento que se insere na história e na relação com Deus. O ser de Deus, a sua presença e revelação não é assim um vazio, uma inactividade, uma imortalidade no sentido da ausência de vida. Bem pelo contrário, Deus revela-se na história e no seu ser como movimento, como acção para criar, para salvar e para redimir.
Neste sentido não podemos acreditar num Deus inactivo, num Deus desinteressado por nós e pelo devir da história da humanidade. Ainda que por vezes pareça estranho e alheado de todas as necessidades humanas e pessoais Deus continua presente e activo, continua a prometer os seus bens, a sua salvação e a agir para que ela se torne efectiva e concreta.
Mas para que tal aconteça Deus não prescinde da participação do homem, dos homens e das mulheres e é assim que encontramos na leitura do Evangelho de Lucas a caminhada apressada de Maria para a casa de sua prima Isabel. Maria que tinha já aceite ser participe do mistério da Encarnação assume com esta mudança, com esta actividade, uma participação mais activa, mais visível, pois coloca-se ao serviço de alguém que necessita da sua ajuda e colaboração. O mistério invisível do qual ela fazia parte passa desta forma e através da caridade e solidariedade a uma realidade visível e activa, concreta. Quase que podemos dizer que o mistério da Encarnação deixa o nível teórico e desce ao nível prático, ou empírico, através de uma realidade humana que espelha em si mesma o mistério já presente e pressentido.
A caridade, a solidariedade, a atenção ao outro e às suas necessidades espelham o mistério da Encarnação, tornando-o de facto presente e vivo, actual e actuante, facto que não pode deixar de nos colocar em alerta relativamente à nossa caridade e solidariedade, uma vez que é desta forma que podemos tornar ainda hoje real e presente o mistério da Encarnação.
Corroboram estas palavras a leitura da Epístola aos Hebreus, na qual nos é dito que ao entrar no mundo Jesus Cristo, ou seja no momento da Encarnação, Deus não quis sacrifícios nem oblações mas apenas formou um corpo para se exercer nele a liberdade da obediência. É necessário um corpo para haver comunicação, para haver acção, para que o movimento desejado por Deus possa desenvolver-se.
Este quarto domingo do Advento, às portas da celebração do nascimento do nosso Salvador e do mistério da Encarnação que lhe é inerente, coloca diante de nós essa necessidade de um corpo, de um meio de existência, comunicação e comunhão, e a necessidade de actividade concreta a partir desse mesmo corpo e em direcção aos outros corpos, aos outros seres humanos.
Deus deu-nos a todos um corpo, formou-nos um corpo e não foi para o utilizarmos ou desperdiçarmos em holocaustos nem sacrifícios que ofendem a sua divindade e a própria dignidade dessa mesma obra divina que é o corpo, mas para servir de instrumento e meio para o cumprimento da sua vontade. E como nos esquecemos tão frequentemente disto, acabamos por negar o próprio Natal que nos propomos celebrar e celebramos em cada ano, porque o Natal é também comemoração do corpo, do corpo humano que Deus assumiu para nos salvar e mostrar a possibilidade de salvação através dele.
Não necessitamos de muito, Deus não necessita de muito, apenas de no nosso corpo expressarmos o mistério da sua existência e encarnação através da solidariedade e amor que Ele mesmo manifestou ao assumir o nosso corpo humano. De cada vez que o fizermos actualizamos o mistério da Visitação e fazemos que o Natal seja cada dia que o homem se dispuser a tal.
O texto da leitura do profeta Miqueias está cheio desses verbos que prometem uma acção para o futuro: de ti Belém sairá aquele que há-de reinar, Deus voltará para o seu povo, Ele se levantará para apascentar o seu rebanho. Estes verbos no âmbito da promessa indicam acções para o futuro, mas indicam também uma acção de Deus, um movimento que se insere na história e na relação com Deus. O ser de Deus, a sua presença e revelação não é assim um vazio, uma inactividade, uma imortalidade no sentido da ausência de vida. Bem pelo contrário, Deus revela-se na história e no seu ser como movimento, como acção para criar, para salvar e para redimir.
Neste sentido não podemos acreditar num Deus inactivo, num Deus desinteressado por nós e pelo devir da história da humanidade. Ainda que por vezes pareça estranho e alheado de todas as necessidades humanas e pessoais Deus continua presente e activo, continua a prometer os seus bens, a sua salvação e a agir para que ela se torne efectiva e concreta.
Mas para que tal aconteça Deus não prescinde da participação do homem, dos homens e das mulheres e é assim que encontramos na leitura do Evangelho de Lucas a caminhada apressada de Maria para a casa de sua prima Isabel. Maria que tinha já aceite ser participe do mistério da Encarnação assume com esta mudança, com esta actividade, uma participação mais activa, mais visível, pois coloca-se ao serviço de alguém que necessita da sua ajuda e colaboração. O mistério invisível do qual ela fazia parte passa desta forma e através da caridade e solidariedade a uma realidade visível e activa, concreta. Quase que podemos dizer que o mistério da Encarnação deixa o nível teórico e desce ao nível prático, ou empírico, através de uma realidade humana que espelha em si mesma o mistério já presente e pressentido.
A caridade, a solidariedade, a atenção ao outro e às suas necessidades espelham o mistério da Encarnação, tornando-o de facto presente e vivo, actual e actuante, facto que não pode deixar de nos colocar em alerta relativamente à nossa caridade e solidariedade, uma vez que é desta forma que podemos tornar ainda hoje real e presente o mistério da Encarnação.
Corroboram estas palavras a leitura da Epístola aos Hebreus, na qual nos é dito que ao entrar no mundo Jesus Cristo, ou seja no momento da Encarnação, Deus não quis sacrifícios nem oblações mas apenas formou um corpo para se exercer nele a liberdade da obediência. É necessário um corpo para haver comunicação, para haver acção, para que o movimento desejado por Deus possa desenvolver-se.
Este quarto domingo do Advento, às portas da celebração do nascimento do nosso Salvador e do mistério da Encarnação que lhe é inerente, coloca diante de nós essa necessidade de um corpo, de um meio de existência, comunicação e comunhão, e a necessidade de actividade concreta a partir desse mesmo corpo e em direcção aos outros corpos, aos outros seres humanos.
Deus deu-nos a todos um corpo, formou-nos um corpo e não foi para o utilizarmos ou desperdiçarmos em holocaustos nem sacrifícios que ofendem a sua divindade e a própria dignidade dessa mesma obra divina que é o corpo, mas para servir de instrumento e meio para o cumprimento da sua vontade. E como nos esquecemos tão frequentemente disto, acabamos por negar o próprio Natal que nos propomos celebrar e celebramos em cada ano, porque o Natal é também comemoração do corpo, do corpo humano que Deus assumiu para nos salvar e mostrar a possibilidade de salvação através dele.
Não necessitamos de muito, Deus não necessita de muito, apenas de no nosso corpo expressarmos o mistério da sua existência e encarnação através da solidariedade e amor que Ele mesmo manifestou ao assumir o nosso corpo humano. De cada vez que o fizermos actualizamos o mistério da Visitação e fazemos que o Natal seja cada dia que o homem se dispuser a tal.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarÉ verdade que temos de cuidar do que nos foi dado, do corpo que é também o Sacrário onde Ele habita todos os minutos da nossa vida.
É também com este corpo que O servimos em solidariedade e amor, fazendo de cada dia o Natal, mas temos de Lhe pedir que nos ajude a não seleccionar o outro pela simpatia, pela cultura, pela posição social. Desse modo já não será Natal todos os dias.
Boa noite,
GVA
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO mundo só será melhor quando cada um de nós tiver interiorizado a ideia, dado corpo, e viver, no quotidiano, o exemplo de Jesus Cristo. ...."Deus revela-se na história e no seu ser como movimento, como acção para criar, para salvar e para redimir". "Deus deu-nos a todos um corpo, formou-nos um corpo e não foi para o utilizarmos ou desperdiçarmos em holocaustos nem sacrifícios que ofendem a sua divindade e a própria dignidade dessa mesma obra divina que é o corpo, mas para servir de instrumento e meio para o cumprimento da sua vontade". ..."De cada vez que o fizermos actualizamos o mistério da Visitação e fazemos que o Natal seja cada dia que o homem se dispuser a tal." Como é importante lembrar-nos, de novo, que é "Natal" sempre que o Homem quiser. Porém, todos sabemos, que se a "espiritualidade" é importante, não basta. É condição necessária, mas não é suficiente. Bem haja, Frei José Carlos.MJS