quarta-feira, 16 de junho de 2010

A lei da perfeição é o amor


“Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” é a recomendação com que Jesus conclui aquela que podemos chamar a primeira parte do Sermão da Montanha, composta pelas Bem-Aventuranças e pelas propostas de uma justiça perfeita que supera a lei da violência.
Sede perfeitos é um desafio, um desafio radical, e por isso ao longo da história dos homens que acreditaram e acreditam em Jesus Cristo deu origem a alguns exageros, a alguns comportamentos e actos que são uma violação da própria recomendação de Jesus. Por causa da perfeição e do seu alcance esmagaram-se desejos, infligiram-se sofrimentos físicos e psicológicos, aniquilaram-se vidas que podiam ter sido outras vidas.
Ainda assim, e apesar de tudo isso, a recomendação permanece, lapidar e conclusiva, desafiante ao nosso ser cristão. E desafia-nos na dimensão que Jesus lhe incutiu e não na pequenez com que tantas vezes a vivemos e a concebemos objectivamente.
Quando Jesus nos recomenda a perfeição refere-a ao Pai, à perfeição suprema e divina, a uma perfeição que inevitavelmente está fora do nosso alcance. Nada nem ninguém pode comparar-se com a perfeição divina, com a beleza divina, somos apenas pálidos reflexos dela.
Contudo, não está fora do nosso alcance procurarmos experimentar, tentarmos aproximar-nos da forma como Deus materializou essa perfeição na história através da sua compaixão e da sua misericórdia. Desde a obra da criação até à redenção operada no seu Filho Jesus Cristo a perfeição de Deus manifesta-se aos nossos olhos, aproxima-se de nós e torna-se de alguma forma viável e possível para cada um de nós. A perfeição é amor porque quem ama deseja a perfeição do amado, o melhor do outro e para o outro.
As Bem-Aventuranças, o mandamento do amor, a justiça apresentada no Sermão da montanha são propostas de concretização factual dessa perfeição. Está assim ao nosso alcance e portanto não devemos ter medo da perfeição de Deus, nem escamoteá-la ou procurar fugir-lhe como de uma realidade impossível de viver porque opressora e destruidora do nosso ser.
A perfeição de Deus é o seu amor e é na semelhança à forma divina de vivermos o nosso amor que podemos ser um pouco divinamente perfeitos.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada por esta partilha tão apropriadamente designada e ilustrada “A lei da perfeição é o amor”, pelo desafio que encerra e por ajudar-nos na sua interpretação e concretização.
    “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é” ....” desafia-nos na dimensão que Jesus lhe incutiu e não na pequenez com que tantas vezes a vivemos e a concebemos objectivamente.”
    Que Jesus nos conceda o dom do perdão e a capacidade de sabermos amar o nosso semelhante como ele é .

    Bem haja Frei José Carlos. MJS

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  2. Frei José Carlos,
    Que melhor reflexo da perfeição de Deus, que espelho fiel da beleza divina, as tulipas vermelhas, corações ao alto em acção de graças pelo amor com que foram criadas. Mãos postas em oração pelo mistério da criação, vermelhas do sangue derramado por amor de nós assim redimidos. Como as criaturas nos impelem a amar o Criador!
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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