É possível ver a palha que se encontra no olho do outro, tantas vezes a vemos, mas somos incapazes de ver a trave que se encontra no nosso. É a desproporção total, a agudeza de olhar para ver o outro e a quase cegueira para nos vermos a nós.
Desta forma e ainda que vejamos a palha do olho do outro estamos tão cegos como quando não vemos a nossa trave, estamos incapacitados para ver, porque só a visão e o reconhecimento da nossa trave ocular permite a verdadeira visão da palha do olho do outro.
É necessário conhecer a nossa trave, a nossa condição pecadora ou infiel e por isso Jesus nos remete para a missão primeira de retirarmos a nossa trave para podermos tirar a palha que se encontra no olho do outro. Aí sim, haverá proporção de visão porque teremos presente a insignificância da palha face à trave e poderemos questionar-nos se há no olho do outro uma palha ou se era apenas o reflexo da nossa trave. Quantas vezes a palha do olho do outro é um reflexo da nossa trave ignorada ou rejeitada.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQuanto a mim, o nosso mérito está realmente em reconhecer a nossa condição pecadora ou infiel e olhar para o outro com a generosidade de um olhar despido de preconceitos e acusações veladas. Implica um exercício de conversão sujeito a quedas próprias da fraqueza humana e a recomeços alimentados pela Graça Divina. Está nas nossas mãos merecê-la.
Tenha uma santa noite,
GVA
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQuando ontem ao final da tarde, fiz uma pausa, num dia de trabalho que começava a pesar, depois de ler e de reflectir sobre o conteúdo da meditação que escrevera, hesitei se deveria comentar. O tempo que já decorreu, apesar do avançado da hora e de um dia demasiado longo de trabalho, com “n” documentos para analisar e outros tantos para encaminhar, a minha consciência diz-me que devo fazê-lo. A esta decisão estão subjacentes diversas razões. Em primeiro lugar, a amizade fraterna que dedico ao Frei José Carlos, a minha admiração intelectual, como católica, a partilha tão profícua das suas homílias, das meditações, dos estudos, que tanto me têm ajudado ao longo de muitos meses (como certamente a outros seguidores do “blogue”), a idade e a experiência diversificada que adquiri ao longo da minha existência vivida com fé, mesmo se o meu percurso, como católica, não é linear, mas assumido, talvez me dêem a coragem e a permissão do que vou dizer e que solicito-lhe, humildemente, que o entenda como um “gesto fraterno”. Eu sei que , por vezes, é-nos difícil “digerir” (permita-me a palavra) e perdoar certos pensamentos/julgamentos, palavras e acções que consideramos injustas e que nos magoam, mas só há um caminho, Frei José Carlos, é o perdão, a generosidade, a oração. Há certas “controvérsias” em que não devemos participar. O silêncio e o tempo são excelentes conselheiros. A diversidade faz a riqueza e a união faz a força.
Como discípulos de Jesus, saibamos aceitar as nossas fraquezas, ser misericordiosos para com o nosso semelhante e frutifiquemos os dons e a virtude que o Senhor nos concedeu.
Que Jesus nos ilumine para que saibamos escolher sempre o caminho do Bem.
Um abraço fraterno, MJS
Bom dia Maria José
ResponderEliminarComo frequentadora assidua do blogue já deu conta que não costumo habitualmente responder ou comentar directamente os comentários que aparecem. Creio que seria enveredar por um caminho demasiado pessoal, até polémico se assim podemos dizer, que nunca desejei para este espaço.
Aprecio as partilhas e os comentários, ver os ecos do que escrevo e diz às pessoas,os desafios que me colocam; e nesse aspecto muito tenho que agradecer à Maria José e à Graciete que fielmente deixam sempre uma palavra. Sei que são a expressão de muito carinho e admiração, e um reflexo de muitos outros que não aparecem por timidez, por vontade própria de não comentarem ou até por não saberem como o fazer.
Contudo, ao ler o seu último comentário fiquei um bocadinho perplexo com a referência às "controvérsias" em que não devemos participar e por isso este meu comentário ou resposta "pessoal".
Creio advinhar ao que a Maria José se refere, mas queria que soubesse que ao escrever o texto da palha e da trave jamais me passou pela cabeça entrar em qualquer controvérsia, em responder indirectamente a alguém. Aliás, a controvérsia a que suponho se refere levou-me a não colocar uma parte da citação do texto de Santo Isaac sobre tomar a cruz, para não parecer ou ser uma entrada em seara alheia.
Quando escrevi o texto pensava em mim e em tantos de nós, ou todos nós, que olhamos mais facilmente os defeitos dos outros e nos esquecemos dos nossos e de como são tantas vezes mais graves. No demais, e quanto a controvérsias e injustiças não posso estar mais de acordo com a Maria José quando diz que devemos perdoar, dar tempo ao tempo, muitas vezes calar. Procuro viver assim com todas as minhas limitações conhecidas e desconhecidas, e como ainda há pouco também aqui escrevi a resposta é sempre uma violência em grau superior e acredito que a podemos e devemos evitar.
Sobrepondo-se a tudo isto agradeço-lhe a fraternidade, a coragem, a honestidade de me "chamar a atenção", porque todos necessitamos de correcção fraterna e só corrige quem ama. E é bom sabermos-nos amados.
Que o Senhor lhe dê um bom dia de trabalho e sempre esse sentido da liberdade e responsabilidade pelos que ama e a acompanham.
Um abraço amigo,
Frei José Carlos
Boa noite Frei José Carlos,
ResponderEliminarGostaria de ter deixado uma palavra de agradecimento, de perdão e esclarecimento ao Frei José Carlos sobre o que escrevi mais cedo, mas não tive oportunidade, ciente que este diálogo só acontece para esclarecer algo que possa ter sido menos correcto e/ou adequado da minha parte (concordo plenamente que o diálogo deve ser a excepção, no blogue).
Em primeiro lugar, quero pedir-lhe humildemente perdão se algo escrevi, que possa ter o cunho de uma injustiça, se foi gerador de algum mal-entendido. Concordo que a palavra “controvérsia” não foi a mais adequada. Na realidade, o que eu quis transmitir ao Frei José Carlos é que certos “temas” que ainda que se dirijam a todos nós podem ser entendidos de outra forma, em determinados contextos. Não tenho qualquer dúvida sobre o que afirma ....” Quando escrevi o texto pensava em mim e em tantos de nós, ou todos nós, que olhamos mais facilmente os defeitos dos outros e nos esquecemos dos nossos e de como são tantas vezes mais graves.”
Não tive a intenção de "chamar a atenção", mas os amigos só são verdadeiros quando sabem dizer a quem estimam o que lhes parece bem e menos bem .
Obrigada pelas palavras que me dirige.
Que o Senhor o guarde em permanência e o encoraje ao diálogo sempre que o mesmo for necessário, independentemente do interlocutor e do lugar.
Bem haja, Frei José Carlos por tudo.
Um abraço amigo,
Maria José Silva