domingo, 17 de novembro de 2013

As imagens que ainda necessitamos

 
Não acredito, acima de tudo, que o ambiente evangélico seja favorável à arte. Ele é demasiado puro: um cristianismo autêntico e totalmente vivido não terá nenhuma necessidade dela. Não é mais que um sinal da nossa miséria, da nossa incurável lassitude. Não é senão por fraqueza, por indigência, que temos necessidade de imagens. Na vida contemplativa é bom que não se necessite. “É melhor para vós que eu me vá.” (Jo16,7) E as mais toleráveis são as mais primitivas ou as mais sagradas.
Marie-Alain Couturier

Ilustração: Imagem da Virgem com o Menino oferecida pelo Externato Marista de Lisboa.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos, que bom seria que a nossa fé tivesse a profundidade e a grandeza necessária, para amar e contemplar o Amor Puro, sem outros recursos, a não ser o do amor vivido e testemunhado, mesmo em tempo de dificuldades. Parabéns, pela escolha preferida por esta grande autora. I.MFL

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  2. Caro Frei José Carlos,

    Como o próprio Marie-Alain Couturier reconhece …” um cristianismo autêntico e totalmente vivido não terá nenhuma necessidade de imagens”. Viver no quotidiano a Palavra de Jesus Cristo significa acreditar, procurar a verdade, amar a Deus e o próximo, orar, dar testemunho, ser coerente, estar aberto ao outro, ser compassivo, perdoar, estar disponível para participar na construção do Reino de Deus aqui… É um processo longo, de transformação, feito ao longo da vida. E, para este peregrinar não precisamos de imagens, mas da palavra evangélica esclarecida. E, felizmente que não somos perfeitos, e a fraqueza de quem necessita de imagens para se concentrar, contemplar a beleza ou aceita uma imagem carregada de simbolismo deve ser entendida com compreensão. Os mais velhos têm representações construídas em parte a partir das obras de arte sacra ou religiosa, que podemos entender como a “teologia em imagens” … As imagens visam transmitir um conteúdo, um sentimento e tudo depende da atitude de cada um de nós … e constituem também uma memória para as gerações vindouras. Como nos recorda Marie-Alain Couturier …” as mais toleráveis são as mais primitivas ou as mais sagradas”.
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que nos levam a uma profunda reflexão, pela imagem partilhada ... Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Votos de um bom dia e de uma boa semana.
    Um abraço fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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