Ao aproximar-se o
término de mais um ano litúrgico as leituras apontam-nos a realidade do Reino
de Deus, o momento da vinda do Reino de Deus.
E sem que nos demos
conta vamos protelando a concretização desse Reino para um tempo futuro, vamos
projectando o Reino para um tempo indistinto, para uma meta história em que já
não contamos participar.
Contudo, e apesar da
linguagem apocalíptica e as referências escatológicas, não podemos deixar de
ter bem presente que para Jesus a realidade do Reino acontece agora, o Reino
está já presente entre os homens e de um modo muito significativo depois da
incarnação do Verbo de Deus na história dos homens.
Não nos estranha assim
que ao falar do Reino de Deus Jesus diga que ele está próximo, que aquela
geração que é sua contemporânea é testemunha do acontecimento desse Reino, que
tal como os brotes da figueira anunciam a chegada do verão também há sinais que
indiciam a presença do Reino.
Mas se os homens não
são capazes de reconhecer esse Reino, não são capazes de o perceber, tal
deve-se ao facto de haver uma resistência intrínseca a qualquer definição. O Reino
de Deus escapa à temporalidade e aos conceitos dos homens e por isso Jesus
sempre se referiu a ele por parábolas. O Reino de Deus é semelhante a qualquer
coisa, é semelhante aos brotes das árvores que anunciam o verão.
Neste sentido, e tendo
presente que Jesus fala da sua vinda, se refere à sua vinda ao meio dos homens,
e não ao seu regresso futuro, temos que aceitar que o Reino acontece hoje, que
o Reino não se define em conceitos mas se torna real e presente na nossa
história e na nossa vida pelo acolhimento de Jesus, do Verbo do Pai feito carne
por cada um de nós.
A nossa caridade, a
nossa fidelidade, a luta pela justiça e pela verdade, o bem que procuramos
fazer, todas as realidades que estão imbuídas do espirito de Jesus são assim
indícios da presença do Reino, da sua progressiva realização.
Tendo presente uma
expressão do frei José Augusto Mourão, que dizia que o Reino de Deus era um
sintagma vazio, a nossa missão face ao Reino é assim de preenchimento do vazio,
é de actualização da sua realidade nunca confinada e nunca terminada.
Procuremos pois
acolher Jesus e pelos nossos gestos traduzir em realidades quotidianas o Reino
que já é, está a ser e virá a ser em plenitude.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarGrata,pela profunda partilha do Evangelho de São Lucas,que nos ajuda a reflectir mais profundamente.Como nos diz o Frei José Carlos, procuremos pois acolher Jesus e pelos nossos gestos traduzir em realidades quotidianas o Reino que já é,está a ser e virá a ser em plenitude.Obrigada,pelas palavras partilhada e pela beleza da ilustração.Bem-haja.
Desejo-lhe um bom dia.Votos de um bom fim de semana.Que o Senhor o ilumine o guarde e o proteja.
Um abraço fraterno.
AD
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo peregrinar da vida vamo-nos interrogando sobre a dimensão temporal do Reino de Deus, a participação de cada um de nós na sua construção, a respectiva vivência no quotidiano e no futuro. E, ainda que possa ser claro que é no presente que ele se constrói, ficamos perplexos perante a incoerência de muitos de nós entre a Palavra e a acção, o testemunho...
Como nos salienta ...” tendo presente que Jesus fala da sua vinda, se refere à sua vinda ao meio dos homens, e não ao seu regresso futuro, temos que aceitar que o Reino acontece hoje, que o Reino não se define em conceitos mas se torna real e presente na nossa história e na nossa vida pelo acolhimento de Jesus, do Verbo do Pai feito carne por cada um de nós.
A nossa caridade, a nossa fidelidade, a luta pela justiça e pela verdade, o bem que procuramos fazer, todas as realidades que estão imbuídas do espirito de Jesus são assim indícios da presença do Reino, da sua progressiva realização.”…
Que o exemplo do Apóstolo S.André nos inspire e interceda por nós para que tenhamos a sabedoria e a vontade de participarmos na construção de um novo mundo, de paz, fraterno, mais solidário, justo.
Grata, Frei José Carlos, pelo texto da Meditação que partilhou, oportuno, esclarecedor, pelo desafio que nos deixa para …” acolher Jesus e pelos nossos gestos traduzir em realidades quotidianas o Reino que já é, está a ser e virá a ser em plenitude.”
Que o Senhor o abençoe e o guarde.
Votos de um bom dia. Bom fim-de-semana.
Um abraço fraterno e amigo,
Maria José Silva