Ao iniciarmos o
Advento coloca-se diante de nós a figura do centurião romano que São Mateus nos
apresenta em Cafarnaum dirigindo-se a Jesus. É um pagão, adorador de outros
deuses feitos de metal e barro, homem habituado à guerra e ao domínio sobre os
outros, tem subalternos aos quais ordena e lhe obedecem cegamente. Mas apesar
disso é um homem com um coração, e um coração bondoso, tem sentimentos e sente
o sofrimento do seu servo, que jaz paralítico em casa. Sai para ir ao encontro
de Jesus.
Ao iniciarmos o
Advento de 2019 somos também convidados a sair, a ir ao encontro de Jesus, “somos
convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho”[1],
a não nos deixarmos prender no que possam ser as nossas dificuldades, as nossas
infidelidades, os cultos que prestamos a outros deuses cujos pés de barro os
tornam mais frágeis que nós próprios.
Como o centurião
romano de Cafarnaum também nós temos coração, também nós sentimos, a nossa dor,
a mágoa dos nossos desaires, a dor dos nossos irmãos, os seus sofrimentos, a
desordem das nossas vidas pessoais, familiares ou profissionais. Que não sejam
elas a impedir-nos de caminhar ao encontro de Jesus, a procurar celebrar dignamente
o nascimento do Filho de Deus na nossa humanidade.
Que a nossa dor ou a dor
do outro nos leve a dar o primeiro passo, a ir ao encontro de Jesus, para que
também nós possamos escutar dos lábios de Cristo que a nossa fé é grande.
Ilustração:
Jesus e o centurião, Paolo
Veronese, Museu do Prado, Madrid.
[1] Papa
Francisco – Admirabile signum, nº 1.
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