Nunca é demais
recordar que estamos em caminho, somos um povo em caminho. Esta é uma realidade
intrínseca à nossa condição de crentes, de homens e mulheres de fé. Tal como
Abraão somos convidados por Deus a deixar a nossa terra, as nossas seguranças e
a ir para a terra nova da sua promessa, a terra nova que é o próprio Deus.
Como povo em caminho
podemos desfalecer na caminhada, desesperar das condições em que caminhamos, desanimar
face à falta de ver a terra prometida no nosso horizonte, tal como aconteceu
com o povo de Israel no deserto e depois de ter visto os grandes sinais realizados
por Deus no momento da libertação da terra da escravidão.
E como podemos
desfalecer, Jesus o Filho de Deus feito homem não se alheia desta realidade,
não lhe é indiferente a nossa situação e o perigo que corremos. Assim, quando a
multidão sobe ao monte para se encontrar com ele, para que ele cure os coxos e
os cegos, os doentes trazidos em braços, para o escutar na sua palavra
iluminadora, Jesus preocupa-se com o regresso da multidão, com a possibilidade
de desfalecerem no regresso a casa.
Jesus na sua misericórdia
multiplica o pão, e multiplica-o de forma abundante, não quer que ninguém desfaleça,
quer aqueles que o procuram bem alimentados. E para tal conta connosco, com
aquilo que cada um pode oferecer, com a nossa modesta oferenda, da qual é capaz
de tirar a superabundância. Jesus realiza o extraordinário, o milagre, mas a
partir do ordinário, do quotidiano, para o nosso quotidiano.
Na nossa caminhada de
Advento, o quotidiano, a rotina do nosso dia a dia, o ordinário das nossas
vidas, não podem deixar de ser oferta, não podem deixar de ser apresentadas a
Deus. É a partir delas, dessa oferta que o Filho de Deus feito homem realiza o
milagre, multiplica o pão e nos alimenta para não desfalecermos na caminhada.
Que em cada dia deste
Advento sejamos capazes, ao terminar o dia, de apresentar a nossa modesta
oferta, tantas vezes miserável oferta, para que no dia seguinte ela seja
alimento transformado por Deus para nos fortalecer para novos passos, novos
desafios, uma outra e melhor oferta.
Ilustração:
Anoitecer na Beira
Alta.
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