A caminho do Natal uma voz que vem de longe faz estremecer a
noite.
Tantas vezes é a minha voz, que na noite grita: “Senhor,
Senhor”!
Tu pareces surdo, e não respondes. E o grito ecoa na noite
escura.
Mas quando silencio o meu grito, então oiço a voz que vem de
longe, a voz que faz estremecer a noite.
Escuta! Escuta! Escuta!
Cada vez que grito no meio da noite, tu respondes “escuta!”
No silêncio, compreendo então que tu me conduzes, que me levas
pelo caminho da Palavra.
Escutar a tua Palavra, deixar que ela me ilumine o coração,
deixar-me conduzir por ela.
No silêncio da escuta permito que construas em mim a tua
obra.
No silêncio consinto que assentes a minha vida e coração
sobre a rocha que és Tu.
No silêncio da escuta da tua Palavra o coração recobra vida,
a vida que dás àqueles que te escutam.
Podem vir as chuvas e os ventos, a tempestade que abala a
casa e o coração.
Tudo poderei e suportarei, no silêncio da escuta estou
assente na rocha.
Vivo em ti e tu vives em mim, vivo como Tu, entregando a
vida aos meus irmãos entre a chuva e as tempestades.
Vivo já no teu Reino, no Reino inaugurado quando viestes viver
entre nós.
Hoje, como sempre, a porta do Reino abre-se pela Palavra.
Que o silêncio se faça em mim neste Advento!
Para te escutar!
Ilustração:
A solidão de Cristo, Alphonse Osbert, Thos. Agnew & Sons
Ldt. Londres.
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