Jesus sobe ao templo e
começa a ensinar. Uma provocação para os instituídos no cargo, para os
detentores da doutrina. Quem te deu a autoridade para ensinar, para fazeres
isto, para te sentares no nosso lugar?
Jesus não se acanha
nem se acobarda e sai à luta com uma pergunta, novamente com uma pergunta, que
destabiliza os seus beligerantes, que obriga a uma resposta. Jesus pergunta,
pergunta sempre, até quando é procurado para uma cura. Tu acreditas que eu sou
capaz de fazer o que me pedes? Jesus é provocador, questiona, coloca em causa,
e destabiliza as seguranças e os egocentrismos.
Se hoje Jesus se nos
dirige é para continuar a interpelar, a colocar questões. Pode perguntar-nos
pela nossa fé, se acreditamos que ele verdadeiramente pode fazer o que lhe
pedimos nas nossas súplicas e orações; mas pode perguntar-nos também pela
verdade do nosso coração, pode interpelar-nos no sentido de um discernimento da
nossa vida.
Afinal o que acontece
e encontramos de bom e de belo é do céu ou é da terra? A alegria e a felicidade
que experimentamos é uma graça divina ou meramente fruto dos nossos humores? O sofrimento
e a morte são castigos de Deus ou consequência da nossa contingência e condição
finita? O que vivemos termina no pó da terra ou tem uma dimensão eterna?
As perguntas que Jesus
coloca conduzem-nos ao encontro com a verdade, com a luz que ilumina
verdadeiramente a nossa vida, podemos dizer que nos abrem os olhos para um
olhar penetrante e os ouvidos para as revelações de Deus, como aconteceu com o
profeta Balaão.
Que as perguntas de
Jesus não nos intimidem nem nos desesperem, que não as tomemos como uma ofensa,
mas verdadeiramente como um caminho, uma táctica amorosa para nos fazer
descobrir que Ele caminha connosco, que nunca se impõe, que se oferece e
partilha humildemente a nossa busca e as nossas dúvidas sem qualquer
julgamento.
Salvador do Mundo, Antonio da Correggio, National Gallery of Art, Washington.
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