O Advento é um tempo
de caminhada, de nos pormos em caminho e a caminho para o Natal do Senhor. É um
tempo para dar passos, um de cada vez, comos os pequeninos que balançam em cada
novo ensaio de um passo, porque afinal é aos pequeninos que são reveladas as
verdades que são escondidas aos sábios e inteligentes.
O Advento é um tempo
para sermos pequeninos, vivermos humildemente, à semelhança daquele que se fez
humilde para se encontrar connosco, porque é pela humildade que somos atraídos[1],
é na humildade que Deus se encontra connosco e se une a nós.
Ser pequeno e ser
humilde é literalmente ser alguém sem voz, é ser alguém que não sabe como
exprimir em palavras o que lhe é dado conhecer e viver, o que lhe foi revelado.
Jesus chama
bem-aventurados os seus discípulos porque vêem o que muitos quiseram ver e
ouvem o que muitos quiseram ouvir, mas apesar disso falta-lhes as palavras, são
incapazes de dizer do mistério que presenciam e vivem. Experimentam qualquer
coisa de indizível e para o qual as palavras são demasiado opacas e diminutas.
Felizes seremos quando
nesta caminhada de Advento pressentirmos qualquer coisa do indizível, qualquer coisa
do mistério de Deus, ainda que as palavras nos faltem ou nos façam sentir
ignorantes, apesar da incapacidade de um balbuciar. Nesse rubor da pele ou fremir
do coração o Eterno faz-se próximo, toca-nos, Deus humildemente vem ao encontro
da nossa pequenez. Deixemos que nos toque e que nos guie nos caminhos que só
Ele conhece.
Ilustração:
Primeiros passos,
Vincent van Gogh, Metropolitan Museum of Art, Nova York.
[1] Cf. Papa
Francisco – Admirabile signum, nº 1.
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