O quarto domingo da quaresma é conhecido como o domingo da alegria, “Domenica laetare”, uma alegria que encontramos espelhada no Salmo Responsorial que nos convida a louvar e a dar graças ao Senhor e encontramos no Evangelho de São Lucas na festa que o pai dá por causa do regresso do filho pródigo.
A parábola do filho pródigo é um dos trechos mais célebres dos Evangelhos, ainda que seja apenas uma história, uma parábola, que aparece no Evangelho de São Lucas. A sua importância e reconhecimento funda-se na mensagem que veicula, nessa revelação da misericórdia de Deus para com todos os pecadores que na sua humildade reconhecem o erro e regressam à verdade e à casa paterna de Deus.
A parábola na sua história e com os seus personagens constrói-se à volta da figura do pai, pai de dois filhos, um que parte e outro que fica, um que regressa e provoca a festa e outro que não quer entrar e participar da festa. É uma relação triangular, simétrica, em que o pai funciona como eixo e centro, que provoca pelas atitudes e rupturas, face a ele próprio como centro ordenador, relações completamente assimétricas.
O filho mais novo abandona a casa e o amor do pai, enquanto que o mais velho fica e permanece no amor do pai. Esbanjados os bens levados de casa, reconhecida a perda e a infidelidade, o filho mais novo regressa e o pai sai ao seu encontro. O pai que sempre tinha estado ali, que o esperava e por isso o reconhece ainda de longe e vai ao seu encontro para o cobrir de beijos.
O filho mais velho regressa também a casa, não de esbanjar os bens do pai como o irmão mais novo, mas como fielmente sempre tinha feito de um dia de trabalho. Regressa a casa mas não quer entrar e então o pai sai também ao seu encontro, suplicante para que entre e participe da festa e da sua alegria.
O pai é o mesmo, a atitude é a mesma e tanto um filho como o outro são buscados, procurados para que entrem e estejam com ele, participem da sua alegria e do seu amor. A atitude do pai é apenas amor e ternura, por um e por outro, ainda que um amor e uma ternura lúcida, justa, pois reconhece a situação de cada filho. O pai reconhece a fidelidade do filho mais velho, a sua permanência junto dele, mas de uma forma terrível reconhece também a situação do filho mais novo, ele estava morto. O filho mais novo estava morto enquanto que o filho mais velho sempre esteve vivo. Era por isso necessário festejar e participar da festa, uma festa de vivos e de vida.
Aos olhos do pai os filhos estão simétrica e diametralmente opostos mas a atitude e reacção face ao seu amor por ambos pode colocá-los inversa e assimetricamente opostos, porque para o pai o que conta, o que lhe importa, não é o que os filhos fizeram, o que cada um fez, mas aquilo que lhe permitem fazer naquele momento. O que importa não é o acolhimento que o pai dispensa aos filhos mas a abertura que os filhos dispensam ao acolhimento do pai. O pai esteve sempre lá, o pai foi ao encontro de cada um deles quando regressaram.
E é aqui que reside a tragédia e o horror desta parábola de Jesus, porque o filho mais novo, que agiu mal, regressa a casa para pedir perdão e ser acolhido pelo pai, ele vem aberto e disposto ao que o pai possa fazer com ele, vem remotamente esperançado do perdão do pai, enquanto que pelo contrário o filho mais velho regressa a casa cheio dos bens que lhe pertencem, presunçoso da presença constante e fiel, incapaz no entanto de aceitar o perdão, de aceitar que o pai acolha na mesma condição aquele que o tinha abandonado e ultrajado com o esbanjamento dos bens. Revela-se assim o abismo tremendo que separa os dois filhos e o abismo que os separa do próprio pai, abismo que não é a história pessoal de cada um, mas a capacidade de acolhimento do perdão do pai.
A simetria existente rompe-se e cada um dos filhos distancia-se ou aproxima-se do pai na medida do arrependimento, do reconhecimento das suas faltas e incapacidades, do acolhimento do amor do pai por si e pelo outro. O amor do pai exerce-se e tanto para um como para outro apenas há uma condição, que deixem o pai exercer o seu amor e a sua misericórdia, que se rendam aos seus critérios, que o deixem ser pai.
Para cada um de nós esta parábola é um convite à mesma atitude, é um convite à nossa abertura ao dom de Deus, ao seu perdão, porque dessa forma é que podemos colaborar e cooperar na obra de reconciliação divina em nós.
Deus veio e vem ao nosso encontro mas a eficácia da sua misericórdia, do seu perdão, só pode acontecer na medida em que o acolhermos e deixarmos operar. São Paulo na Carta aos Coríntios deixa-nos o mesmo convite, o mesmo apelo, “deixai-vos reconciliar com Deus” e o tempo da quaresma é o tempo privilegiado para fazermos esta experiência. Não deixemos passar o tempo nem a oportunidade.
A parábola do filho pródigo é um dos trechos mais célebres dos Evangelhos, ainda que seja apenas uma história, uma parábola, que aparece no Evangelho de São Lucas. A sua importância e reconhecimento funda-se na mensagem que veicula, nessa revelação da misericórdia de Deus para com todos os pecadores que na sua humildade reconhecem o erro e regressam à verdade e à casa paterna de Deus.
A parábola na sua história e com os seus personagens constrói-se à volta da figura do pai, pai de dois filhos, um que parte e outro que fica, um que regressa e provoca a festa e outro que não quer entrar e participar da festa. É uma relação triangular, simétrica, em que o pai funciona como eixo e centro, que provoca pelas atitudes e rupturas, face a ele próprio como centro ordenador, relações completamente assimétricas.
O filho mais novo abandona a casa e o amor do pai, enquanto que o mais velho fica e permanece no amor do pai. Esbanjados os bens levados de casa, reconhecida a perda e a infidelidade, o filho mais novo regressa e o pai sai ao seu encontro. O pai que sempre tinha estado ali, que o esperava e por isso o reconhece ainda de longe e vai ao seu encontro para o cobrir de beijos.
O filho mais velho regressa também a casa, não de esbanjar os bens do pai como o irmão mais novo, mas como fielmente sempre tinha feito de um dia de trabalho. Regressa a casa mas não quer entrar e então o pai sai também ao seu encontro, suplicante para que entre e participe da festa e da sua alegria.
O pai é o mesmo, a atitude é a mesma e tanto um filho como o outro são buscados, procurados para que entrem e estejam com ele, participem da sua alegria e do seu amor. A atitude do pai é apenas amor e ternura, por um e por outro, ainda que um amor e uma ternura lúcida, justa, pois reconhece a situação de cada filho. O pai reconhece a fidelidade do filho mais velho, a sua permanência junto dele, mas de uma forma terrível reconhece também a situação do filho mais novo, ele estava morto. O filho mais novo estava morto enquanto que o filho mais velho sempre esteve vivo. Era por isso necessário festejar e participar da festa, uma festa de vivos e de vida.
Aos olhos do pai os filhos estão simétrica e diametralmente opostos mas a atitude e reacção face ao seu amor por ambos pode colocá-los inversa e assimetricamente opostos, porque para o pai o que conta, o que lhe importa, não é o que os filhos fizeram, o que cada um fez, mas aquilo que lhe permitem fazer naquele momento. O que importa não é o acolhimento que o pai dispensa aos filhos mas a abertura que os filhos dispensam ao acolhimento do pai. O pai esteve sempre lá, o pai foi ao encontro de cada um deles quando regressaram.
E é aqui que reside a tragédia e o horror desta parábola de Jesus, porque o filho mais novo, que agiu mal, regressa a casa para pedir perdão e ser acolhido pelo pai, ele vem aberto e disposto ao que o pai possa fazer com ele, vem remotamente esperançado do perdão do pai, enquanto que pelo contrário o filho mais velho regressa a casa cheio dos bens que lhe pertencem, presunçoso da presença constante e fiel, incapaz no entanto de aceitar o perdão, de aceitar que o pai acolha na mesma condição aquele que o tinha abandonado e ultrajado com o esbanjamento dos bens. Revela-se assim o abismo tremendo que separa os dois filhos e o abismo que os separa do próprio pai, abismo que não é a história pessoal de cada um, mas a capacidade de acolhimento do perdão do pai.
A simetria existente rompe-se e cada um dos filhos distancia-se ou aproxima-se do pai na medida do arrependimento, do reconhecimento das suas faltas e incapacidades, do acolhimento do amor do pai por si e pelo outro. O amor do pai exerce-se e tanto para um como para outro apenas há uma condição, que deixem o pai exercer o seu amor e a sua misericórdia, que se rendam aos seus critérios, que o deixem ser pai.
Para cada um de nós esta parábola é um convite à mesma atitude, é um convite à nossa abertura ao dom de Deus, ao seu perdão, porque dessa forma é que podemos colaborar e cooperar na obra de reconciliação divina em nós.
Deus veio e vem ao nosso encontro mas a eficácia da sua misericórdia, do seu perdão, só pode acontecer na medida em que o acolhermos e deixarmos operar. São Paulo na Carta aos Coríntios deixa-nos o mesmo convite, o mesmo apelo, “deixai-vos reconciliar com Deus” e o tempo da quaresma é o tempo privilegiado para fazermos esta experiência. Não deixemos passar o tempo nem a oportunidade.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarA parábola do filho pródigo é uma lição de perdão e de reconciliação com Deus e na nossa vida quotidiana e faz-nos um "convite" neste tempo quaresmal que também ilustra através de algumas das frases da homilia que tomo a liberdade de transcrever (...)"Para cada um de nós esta parábola é um convite à mesma atitude, é um convite à nossa abertura ao dom de Deus, ao seu perdão, porque dessa forma é que podemos colaborar e cooperar na obra de reconciliação divina em nós." ... "São Paulo na Carta aos Coríntios deixa-nos o mesmo convite, o mesmo apelo, “deixai-vos reconciliar com Deus”" ... Obrigada por esta partilha . Bem haja. MJS
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO que mais poderemos repetir de coração contrito, senão: "Senhor eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo."
Tenha uma santa noite,
GVA