Quem és tu? Perguntaram os fariseus a Jesus. Quem és tu perguntamos ainda hoje, pergunta cada um de nós porque inevitavelmente este homem que se diz Deus não nos deixa indiferentes. Podemos dizer que não nos interessa, que não acreditamos nele, que era mais um profeta, até que era um louco, mas tudo isso não nega nem impossibilita que passados dois mil anos ele continue a questionar-nos e a provocar-nos.
Quem és tu? E a pergunta surge mais acutilante na medida em que depois de breves anos de vida, a maior parte deles no anonimato, te encontramos preso numa cruz, condenado a uma morte dolorosa e ignominiosa. Mas isto não seria interpelante, porque muitos outros homens morreram crucificados como tu, se por esta mesma razão, por esta mesma morte não te tivessem seguido muitos outros homens e mulheres dispostos a entregar a sua vida, a serem eles mesmos crucificados para que tu fosses conhecido e conhecida a tua morte.
Quem és tu, para que durante centenas de anos homens e mulheres procurassem seguir-te nas suas fragilidades e virtudes, sacrificassem a sua saúde, a sua família, os seus gostos e satisfações pessoais, e tudo o mais por ti e por tua causa? Estariam todos loucos, seriam todos masoquistas, alienados, pobres sem mais qualquer esperança? Terão andado todos enganados?
E o que nos legaram esses mesmos homens e mulheres que te seguiram depois de morte tão escandalosa? O que seria das nossas cidades sem as catedrais, da nossa cultura sem os livros que preservaram nas suas bibliotecas monásticas, do nosso saber sem as aulas que fundaram nos claustros dos seus conventos, dos direitos dos homens sem os sermões em que se questionava se os índios não eram também homens? E tudo isto foi por Jesus, por esse homem que se disse Filho de Deus.
Estes mesmos homens e por esta mesma razão cometeram alguns crimes, bastantes barbaridades, colocaram em causa o próprio fundamento do que diziam defender, mas não foi porque acreditaram nesse fundamento, porque estavam tão certos de não haver outra resposta que o fizeram? Eram homens deste mundo, com os seus defeitos, mas como todos e cada um de nós com a sua capacidade de se apaixonar por uma causa e vivê-la até ao limite. E com paixão, ou quando nos deixamos cegar por ela, não ficamos livres de cometer erros.
Quem és tu? E a resposta surge estampada quando levantado na cruz, lugar da revelação do filho do homem e do Filho de Deus. “Eu sou”, diz Jesus, mas é-o de forma cabal na cruz. É homem que experimenta o sofrimento e experimenta a morte, é homem na passagem e na experiência inevitável de todo e qualquer homem; é Deus porque é perdão, porque é redenção, porque diz “perdoa-lhes Pai porque não sabem o que fazem” e porque entrega ao Pai o seu espírito, regressa Àquele em cujo seio sempre habitara.
Quem és tu Jesus? A resposta, a nossa resposta pessoal, tem que partir indubitavelmente da cruz, porque é ali que se revela quem é Jesus. E por esta razão é que todos os santos, todos aqueles que procuraram viver a fidelidade a este Jesus, meditaram, olharam, contemplaram e abraçavam o seu crucifixo. A pergunta e a resposta estão ali escritas.
Quem és tu? E a pergunta surge mais acutilante na medida em que depois de breves anos de vida, a maior parte deles no anonimato, te encontramos preso numa cruz, condenado a uma morte dolorosa e ignominiosa. Mas isto não seria interpelante, porque muitos outros homens morreram crucificados como tu, se por esta mesma razão, por esta mesma morte não te tivessem seguido muitos outros homens e mulheres dispostos a entregar a sua vida, a serem eles mesmos crucificados para que tu fosses conhecido e conhecida a tua morte.
Quem és tu, para que durante centenas de anos homens e mulheres procurassem seguir-te nas suas fragilidades e virtudes, sacrificassem a sua saúde, a sua família, os seus gostos e satisfações pessoais, e tudo o mais por ti e por tua causa? Estariam todos loucos, seriam todos masoquistas, alienados, pobres sem mais qualquer esperança? Terão andado todos enganados?
E o que nos legaram esses mesmos homens e mulheres que te seguiram depois de morte tão escandalosa? O que seria das nossas cidades sem as catedrais, da nossa cultura sem os livros que preservaram nas suas bibliotecas monásticas, do nosso saber sem as aulas que fundaram nos claustros dos seus conventos, dos direitos dos homens sem os sermões em que se questionava se os índios não eram também homens? E tudo isto foi por Jesus, por esse homem que se disse Filho de Deus.
Estes mesmos homens e por esta mesma razão cometeram alguns crimes, bastantes barbaridades, colocaram em causa o próprio fundamento do que diziam defender, mas não foi porque acreditaram nesse fundamento, porque estavam tão certos de não haver outra resposta que o fizeram? Eram homens deste mundo, com os seus defeitos, mas como todos e cada um de nós com a sua capacidade de se apaixonar por uma causa e vivê-la até ao limite. E com paixão, ou quando nos deixamos cegar por ela, não ficamos livres de cometer erros.
Quem és tu? E a resposta surge estampada quando levantado na cruz, lugar da revelação do filho do homem e do Filho de Deus. “Eu sou”, diz Jesus, mas é-o de forma cabal na cruz. É homem que experimenta o sofrimento e experimenta a morte, é homem na passagem e na experiência inevitável de todo e qualquer homem; é Deus porque é perdão, porque é redenção, porque diz “perdoa-lhes Pai porque não sabem o que fazem” e porque entrega ao Pai o seu espírito, regressa Àquele em cujo seio sempre habitara.
Quem és tu Jesus? A resposta, a nossa resposta pessoal, tem que partir indubitavelmente da cruz, porque é ali que se revela quem é Jesus. E por esta razão é que todos os santos, todos aqueles que procuraram viver a fidelidade a este Jesus, meditaram, olharam, contemplaram e abraçavam o seu crucifixo. A pergunta e a resposta estão ali escritas.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQue partilha apaixonada e apaixonante, semeando no mais incrédulo com a força e a singeleza das palavras o desejo de O descobrir e de O seguir.Como se adivinha a união dos dois corações num só amor: o Amor de Deus feito Homem e do homem que tudo deixou para O seguir.
Que Jesus o conserve para continuar a semear em nós o amor pela palavra.
GVA
Frei José Carlos,
ResponderEliminarEste texto de grande profundidade só podia ter sido escrito por alguém que foi capaz de sacrificar a "sua família, os seus gostos e satisfações pessoais, e tudo o mais por Jesus e pela Sua causa". É um texto de interpelação e de pregação. Que nos questiona. Que me deixa sem palavras, em silêncio. ..... "Quem és tu? ...“Eu sou”, diz Jesus, ...;"é Deus porque é perdão, porque é redenção, porque diz “perdoa-lhes Pai porque não sabem o que fazem” e porque entrega ao Pai o seu espírito, regressa Àquele em cujo seio sempre habitara."
Que Jesus o proteja e possa continuar a partilhar com o seu semelhante, não importa o momento e/ou o local o amor e a fidelidade a Jesus e o Seu exemplo de vida. Bem haja. MJS
Frei José Carlos,
ResponderEliminarEnviei o seu texto a uma amiga completamente afastada de tudo e veja quão bonito é o que ela escreveu. Bendita a semente e o perfume que deixam as suas palavras...
"De facto, este Frei José Carlos foi buscar tudo que há de essencial para justificar a pergunta que nos faz.
Dá que pensar. E não é isso que ele quer? Que nos ponhamos a interrogar, a razão pela qual Ele nasce, vive e morre, assim , simplesmente
e depois deixa todo um mistério carregado de significado atrás de si?
Gostei. E tu que achas ?"
Acho que se tem de dar a cara por Ele.
Bem haja pelo seu testemunho.
GVA