Se havia alguma dúvida,
relativamente à sua relação com a Lei, Jesus não deixa que ela se mantenha. Ele
não é contra a Lei, os mandamentos, os preceitos, confiados por Moisés ao povo
para que ele pudesse seguir o caminho da vida.
Os seus frequentes
contenciosos com os escribas, os doutores da Lei, os fariseus e os anciãos do
povo é que nos podem provocar essa ideia, mas ela está bem longe do propósito
de Jesus que no contexto do Sermão da montanha diz claramente que não veio
revogar a Lei, mas pelo contrário completá-la.
Se alguém tinha alguma
pretensão a uma revolução, ela cai por terra, e de uma forma radical quando
Jesus diz que nem o mais pequeno sinal deixará de ser cumprido, que aquele que
cumpriu a lei na sua radicalidade e assim a ensinar aos outros será o maior no
reino dos Céus.
Contudo, se os mandamentos
e os preceitos permanecem como uma referência inquestionável, a palavra e a
vida de Jesus mostram-nos que devem adquirir uma outra dimensão, que não podem
esquecer o fim para que foram constituídos, ou seja a vida e o caminho da
felicidade, o homem e a sua realização plena.
Jesus confirma a Lei
de Moisés, não rejeita nenhum dos pequenos preceitos, vive-os no seu
quotidiano, mas redimensiona-os à luz da dimensão profética e da verdade que os
constitui. Jesus liberta os mandamentos e os preceitos da rigidez moralizante,
do espirito condenatório e elitista, da dimensão marginalizante que tinham adquirido
com o tempo.
Jesus assume os
mandamentos e os preceitos mas partindo sempre do homem e das suas condições,
das suas circunstâncias, que Ortega y Gasset tanto gostava de referir, pois as
leis não têm sentido no vazio, numa realidade sem relações. Jesus assume os
mandamentos e os preceitos como um desafio a superar, como uma dimensão
profética de uma realidade a que o homem está destinado e para a qual não pode
deixar de se inclinar.
E são estas dimensões,
profética e humana, que estão implícitas quando Jesus deixa como resumo de toda
a Lei o mandamento do amor como ele o viveu, “amai-vos uns aos outros como eu
vos amei”. O cumprimento perfeito dos mandamentos passa assim pela imitação de
Jesus, pela imitação do seu amor sem medida. É o amor que marca a diferença!
“Cristo e o jovem rico”, de Andrey Mironov, 2010.
Obrigada, pela reflexão tão profunda desta maravilha de Meditação.Gostei muito desta partilha da Palavra,tão rica de sentido para estarmos mais unidos a Jesus nesta semana Quaresmal.Frei José Carlos,que o Senhor o ilumine e o proteja.
ResponderEliminarUm abraço fraterno.
AD