Pela festa dos
Tabernáculos Jesus sobe a Jerusalém e, ainda que inicialmente se movimente em
segredo, rapidamente a urgência do anúncio o leva a expor-se a discussões e a
ser reconhecido pela multidão. O conflito vai num crescendo e por causa do seu
poder e influência sobre as multidões começa a ser detestado, a ser objecto de
uma trama para que a morte rapidamente lhe possa pôr fim.
Entre a multidão
começam a circular os rumores, as questões sobre a sua pessoa, a sua origem, o
poder que tem e exerce como o Messias esperado. E é neste contexto de rumores que
alguns afirmam que ele é um pecador, que sabem de onde vem e qual a sua família
e portanto todas as expectativas messiânicas são falsas.
“Sabemos”, é a palavra
definitiva daqueles homens e instituições religiosas sobre Jesus, uma palavra
que silencia a palavra viva do mestre e que as multidões cansadas e desgarradas
sem pastor escutam com avidez.
Ao afirmarem um saber
sobre Jesus aqueles homens manifestam um ressentimento que contamina tudo, as relações
com os outros, a relação com Deus e a estima de si, manifestam um juízo que
reduz o outro àquilo que acreditam saber dele. E afinal sabe-se tão pouco do
outro, que é sempre um mistério.
O ressentimento é uma
cólera contra o mundo, contra os outros, é o sentimento que experimenta aquele
que se encontra encerrado na sua própria existência e tem como único fito
procurar um culpado para a sua situação. Nada nem ninguém está protegido.
Diante do ressentimento
Jesus apresenta-se e propõe-nos uma relação e um movimento completamente
orientado para o Pai, a comunhão plena com Deus na realização da sua vontade.
Peçamos pois ao Senhor
Jesus a graça de habitar na intimidade de Deus, de nos encontrarmos
completamente voltados para fora de nós, para a realização da vontade de Deus
Pai, e de em todas as provas vivermos com confiança a chamada “hora” que espera
de todos nós.
“Jesus diante de Caifás”, de Mattias Stom, sem localização.
Agradeço ao Frei José Carlos,este maravilhoso texto tão profundo e rico de sentido.
ResponderEliminarEste último parágrafo gostei muito.Que Jesus nos conceda a graça de habitarmos sempre na intimidade de Deus.Obrigada,Frei José Carlos.Que o Senhor o ilumine e o guarde.Um abraço fraterno.
AD