Jesus prossegue o seu
debate com os judeus no seguimento da cura do paralítico da piscina de Betsatá,
um debate teológico sobre a sua pessoa e filiação divina e que João registou de
modo magistral.
Para fundamentar o milagre
operado, o poder inerente à sua identidade divina, Jesus invoca três testemunhos,
seguindo neste processo a tradição e a lei que dizia que um testemunho só era
válido com duas ou mais testemunhas.
Antes de mais Jesus
invoca o testemunho de João Baptista, a quem os judeus tinham enviado
emissários, que tinha reconhecido Jesus como o Messias esperado, e em parte
pelas obras realizadas por Jesus. João é capaz de responder aos emissários que
ele não é o Messias, contudo diz-lhes também que a sua presença é já visível para
os que o quiserem ver nas obras e milagres extraordinários que vão acontecendo.
O segundo testemunho
que Jesus invoca são essas mesmas obras, pelas quais é fácil perceber que não
as faz por si próprio, mas por alguém que o enviou e lhe confiou o poder de as realizar.
Como era possível não ver naqueles milagres os sinais da presença divina?
Por fim Jesus evoca o
testemunho das escrituras às quais os judeus estavam tão apegados. Se quisessem
ler o profeta Isaías podiam ver como a promessa se estava a cumprir, como a
Palavra de Deus tomava forma, se concretizava nas obras que realizava, pois os
cegos viam, os coxos andavam e os leprosos eram curados.
Para além destes
argumentos, que poderemos dizer históricos, considerar circunstanciais, nós
temos pela fé, alicerçada no relato dos discípulos, a palavra e testemunho do
próprio Pai, que tanto no momento do baptismo como no alto do monte Tabor
proclamou que Jesus era o seu filho muito amado, a quem devíamos escutar.
Para nós não existem
apenas provas externas, existe a proclamação do Pai, a manifestação da filiação
divina, do amor do Pai pelo Filho, a convicção clara que Jesus é o rosto do
Pai, a maior prova do amor de Deus por todos os homens.
Senhor, que saibamos dar
testemunho do teu amor diante de todos os nossos irmãos.
“Transfiguração”, de Peter Paul Rubens, Museu de Belas Artes de Nancy.
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