Jesus faz uma
descrição da sua vinda na glória e do julgamento que nesse momento será
realizado. Uma surpresa para todos na medida em que uns serão colocados de um
lado e outros do outro, em que uns serão chamados benditos e outros malditos.
O critério de selecção
e diferenciação é o da acção, o das obras realizadas ou deixadas de realizar
aos mais pequenos, aos mais fracos, aos humildes, aos pobres, àqueles que Jesus
identifica consigo próprio.
Mas se do lado de
Jesus, da perspectiva do juiz, a insistência se coloca no agir, nas obras que
foram feitas ou deixadas de fazer aos mais pequenos, do lado daqueles que as
fizeram ou deixaram de fazer a insistência é colocada no olhar. Quando te
vimos?
O olhar, a forma como
se vê o outro, é assim a grande chave para a realização ou não das obras que
nos podem alcançar a herança eterna, que nos podem colocar de um ou outro lado
do juiz.
Jesus identifica-se com
todos os humildes da terra, Jesus está presente em cada um deles, mas só o
nosso olhar de amor, o nosso olhar convertido à pessoa de Jesus, nos pode dar
essa visão, e a partir dela o discernimento das melhores obras a realizar.
Nós seremos julgado
pelas nossas obras, como nos diz Jesus, mas seremos julgados paralelamente pelo
nosso olhar, pelo olhar misericordioso e terno que é capaz de ver em cada dos
nossos irmãos a pessoa de Jesus.
Tal como diz São João,
no fim seremos julgados pelo amor, o amor que transfigura o olhar, pelo amor
que reconhece no outro a presença de Deus, pelo amor que se actualiza em acção
e obra de misericórdia.
“O Juízo Final”, de Fra Angélico, Gemäldegalerie, Berlim.
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