Jesus regressa à
Galileia e surpreendentemente é bem recebido, poderíamos dizer quase
euforicamente, pelos galileus.
Eles tinham visto o
que Jesus tinha feito em Jerusalém e acolhem-no na expectativa de ver também
ali realizados novos e grandes milagres. É o extraordinário que os move atrás
de Jesus, que os dispõe ao acolhimento.
Influenciado por esta
multidão e este desejo, um funcionário real dirige-se a Jesus, pois o seu filho
está doente em Cafarnaum. E como tantos outros pede a Jesus um milagre, que vá
curar o seu filho.
Pedido normal, face ao
conhecido e ao que se dizia, mas rapidamente contestado por Jesus, pois as
circunstâncias não permitem outra resposta, todos querem ver coisas
extraordinárias.
É a insistência do
funcionário que provoca a alteração, mas também essa confiança interior de que
Jesus podia fazer alguma coisa sem visibilidade, sem espectáculo. O funcionário
é um homem que acredita que algo pode ser feito no silêncio, pelo poder da
palavra.
E por isso quando
Jesus lhe diz que vá tranquilo, que o seu filho está vivo, este homem parte sem
hesitações, sem dúvidas, confiando na palavra, no poder da palavra de Jesus,
poder confirmado quando os seus criados o encontram e lhe atestam a cura do
filho.
Este homem fez
confiança em Jesus sem necessidade de provas, sem necessidade de uma presença
física, bastou-lhe a palavra. E afinal esse é o grande desafio que se coloca a
cada cristão, confiar na palavra, acreditar sem necessidade de satisfações
sensíveis, ou de emoções. Viver a fé com os seus riscos e as suas purificações
fundados apenas na palavra.
Este desafio vem dos
primórdios da criação, pois também ali e no momento da tentação, há uma
oposição entre a palavra e a visão. Encontramos dois registos, se assim podemos
falar, o da palavra de Deus que é uma palavra de bênção, que realiza o que diz,
e o da visão induzida pela serpente que comporta a gula, a cobiça e a possessão
do fruto proibido
A palavra é assim a
nossa fonte e o nosso fim de realização de plenitude, ela deve iluminar o nosso
caminhar, ela apenas nos deve bastar para continuar com confiança nos passos de
Jesus. Permanecer na Palavra é o que Deus nos pede para nossa salvação!
“Jesus curando os doentes”, de Fritz von Uhde, Neumeister Kunstauktionen.
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