Assento de Óbito de Frei António Osório, OP
O Prior Francisco António
Lopes Nogueira da Silva
O Prior Francisco António
Lopes Nogueira da Silva
Frei Nicolau de Almeida e Silva nasceu em Lisboa a 9 de Outubro de 1780, sendo baptizado passado poucos dias, a 15 de Outubro, na igreja paroquial da Pena, em Lisboa.
É
filho legítimo de José de Almeida e Silva, natural do Sítio de Nossa Senhora da
Nazaré, na freguesia de Nossa Senhora das Areias da Vila de Pederneira, termo de
Lisboa, e de sua mulher Gertrudes Rosa Xavier de Bastos e Silva, natural da
freguesia de São Paulo em Lisboa, unidos em matrimónio na Sé de Elvas em 19 de Setembro
de 1768, onde ele era morador e ela foi representada por seu tio com procuração.
Pela
via paterna frei Nicolau é neto do Alferes João de Almeida e Silva e de Inácia
Maria de são José, e pela via materna de José Xavier Gonçalves Basto e Rosa
Laureana Xavier de Pancas e Silva.
Foram
seus padrinhos o Reverendo Cónego da Sé de Elvas Nicolau de Almeia de Silva,
seu tio por parte paterna, e Nossa Senhora do Monte do Carmo, que foi invocada
como madrinha, sendo por isso tocado com a sua relíquia pelo Reverendo Lourenço
José Simplício, igualmente tio do menino.
Em
Março de 1796, quando Frei Nicolau de Almeida e Silva está a prestes a atingir
os dezasseis anos, o Prior Provincial Frei Agostinho da Silva, Mestre em Santa Teologia, Consultado do
Santo Ofício, Examinador das Três Ordens Militares e Sinodal do Patriarcado e
Bispado de Leiria, envia ao Prior e Padres do Convento de São
Domingos de Elvas a Patente para procederem às inquirições sobre o candidato ao
Hábito dominicano.
Dois
meses depois, em Maio de 1796, o Prior de Elvas Frei
Teodoro de Santa Joana Vasconcelos, com o escolhido escrivão Frei Francisco de
São Vicente Ferrer, procede às inquirições, escutando para isso quatro
testemunhas: Vitorino
António Pereira Cardoso, Capelão do Regimento de Cavalaria da cidade de Elvas, Joaquim António Durão, Tenente do Regimento
de Cavalaria, de 60 anos, José do Rego
Maio, de 38 anos de idade e António
Basílio Oliveira, também de 38 anos de idade.
Do resultado destas inquirições resulta a
Patente de Admissão à Ordem de São Domingos como Frade de Coro, passada em
Lisboa a 20 de Maio de 1796 pelo Prior Provincial Frei Agostinho da Silva, na
qual se pede que o candidato seja examinado na língua latina e votado
secretamente pelos padres do Convento, para que a admissão tenha efeito.
Do período de formação e primeiros anos de
vida conventual não temos neste momento informação, apenas conseguimos
encontrar em Agosto de 1811 a sua Assignação do Convento de Évora para Azeitão,
deixando-nos assim a suposição que antes desta data Frei Nicolau estaria
assignado ao Convento de São Domingos de Évora.
Dois anos passados, Novembro de1813, é
assignado para Elvas, e passados mais dois anos, em Dezembro de 1815, regressa
a Azeitão, onde vai ficar poucos meses, pois em Março de 1816 é assignado para
o Convento de Benfica. Ano e meio depois, em Novembro de 1817 é assignado ao
Convento do Pedrógão.
Entretanto algumas movimentações devem ter
ocorrido, porque em Maio de 1822 uma Portaria Régia determina o envio de Frei
Nicolau de Almeida e Silva do Convento de Santarém para o Convento de Abrantes.
Neste ano de 1822 vários frades são
assignados e movimentados em consequência das suas posições políticas. Será o
caso de Frei Nicolau? É possível.
O que sabemos é que em Maio de 1823, o
Religioso Converso da Província de Santo António de Portugal, Frei António da
Mãe dos Homens, apresenta uma queixa contra Frei Nicolau de Almeida e Silva, e
outros frades, que se apresentam na grade do Mosteiro de Odivelas seduzindo as
religiosas, entre elas duas sobrinhas do denunciante, a abandonarem o Mosteiro.
Desconhecemos os resultados desta queixa,
apenas podemos constatar que no mapa de Todos os Conventos e Frades elaborado
em 1828 ou 1829, Frei Nicolau é apresentado como membro da Comunidade do
Convento de São Domingos de Lisboa, embora ausente.
Frei Nicolau de Almeida e Silva está também
ausente das Relações dos Religiosos Egressos que se candidataram às prestações
em 1836 e 1837.
Não corresponderia aos quesitos necessários, devido
à sua posição política?
Estaria já empregado em algum ofício
eclesiástico, como pároco?
Nesta dúvida decorrem os onze anos que levam
à notícia da sua morte.
Frei Nicolau de Almeida e Silva, morre a 29
de Março de 1848, na Travessa da Espera na Paróquia da Encarnação em Lisboa,
não fazendo testamento e sendo sepultado no cemitério dos Prazeres.
Aos vinte e nove dias do mês de Março
de mil oito centos quarenta e oito na Travessa da Espera faleceu, tendo
recebido todos os Sacramentos dos Enfermos, o Reverendo Nicolau de Almeida e
Silva, natural de Lisboa, idade de sessenta e oito anos, Sacerdote e Egresso do
extinto Convento de São Domingos desta Cidade, não fez testamento e foi
sepultado no Cemitério dos Prazeres.
1796.Março.20
Patente de Inquirições emitida a favor de Nicolau de Almeida e Silva, pelo Prior Provincial Frei Agostinho da Silva.
Frei Agostinho da Silva Mestre
em Santa Teologia, Consultado do Santo Ofício, Examinador das Três Ordens Militares,
e Sinodal do Patriarcado, e Bispado de Leiria, e Prior Provincial da Ordem dos Pregadores
de Portugal.
Por quanto determinamos
receber ao hábito de Noviço da nossa Sagrada Ordem a Nicolau de Almeida e Silva
natural da cidade de Elvas Freguesia de Alcáçova, filho de José de Almeida e
Silva natural do Sítio da Pederneira termo de Lisboa, e de Gertrudes Rosa
Xavier de Faria Bastos e Silva natural de Lisboa Freguesia de São Paulo: Neto
pela parte Paterna do Alferes João de Almeida e Silva, e de Inácia Maria de São
José ambos naturais da Pederneira, e pela Materna de José Xavier Gonçalves
Basto, natural de Lavre e de Rosa Laureana natural de Lisboa, e é necessário
para esse efeito constar judicialmente da probidade, vida, e costumes do dito
Nicolau de Almeida e Silva; Pela presente cometemos ao Reverendo Prior Presentado
do nosso Convento de Elvas que com um Religioso que tomará para Escrivão, a
quem dará o juramento dos Santos Evangelhos, e também o receberá das suas mãos,
prometendo ambos sob cargo dele guardar fidelidade, e segredo de que se fará
termo por ambos assinado, tirem o Instrumento de Inquirição do sobredito
Nicolau De Almeida e Silva, pelos Interrogatórios adiante declarados.
Dada neste nosso Convento
de Lisboa sob nosso sinal e selo, aos 20 dias do mês de Março de 1796.
Primeiramente serão
perguntadas se conheceram ao dito Nicolau de Almeida e Silva que pretende ser Noviço
natural na cidade de Elvas, a seus Pais, e Avós paternos e maternos e suas
naturalidades, e Freguesias e do que tem por esta parte os conhecem, e que
razões têm para o seu conhecimento.
Segundo se sabem que o
dito pretendente Nicolau de Almeida e Silva é filho legítimo, e de legítimo Matrimónio
de seus pais acima referidos; se é de boa vida, e costumes, sem embaraço para o
Estado Religioso: se combateu alguns crimes, se foi expulso de alguma Religião,
ou dela saiu sendo Noviço.
Terceiro se sabem ou
ouviram dizer, e é pública voz, e fama, que o dito pretendente seus pais, avós
de ambas as partes, e os mais ascendentes cometeram algum crime de Lesa-Majestade
Divina ou Humana, e se foram castigados pelo Santo Ofício.
Quarto se sabem ou
ouviram dizer, e é pública voz, e fama, que o dito pretendente, seus pais, avós
de ambas as partes, e os mais ascendentes é de gente honrada que não tenham
servido ofícios infames na República.
Quinto se sabem ou
ouviram dizer que o dito pretendente tenha dívidas ou contas com alguém, e se
deu Palavra de Casamento a alguma mulher, por cujo motivo esteja legitimamente
impedido para ser Religioso.
Sexto que digam do
costume, ratifiquem o seu julgamento, e ser verdade tudo que têm dito porque o
sabem, e por ser assim pública voz, e fama, sem rumor em contrário; e ajuntará
a este Instrumento de Inquirições, Certidão do Batismo do pretendente, como dos
pais, e avós de ambas as partes.
Frei Agostinho da Silva
Prior Provincial
Registado a folhas 48
Frei Jorge José da Gama
Loco socii.
1796.Maio.20
Patente de Admissão a Noviço de Coro de Frei Nicolau de Almeida e Silva, passada pelo Prior Provincial Frei Agostinho da Silva.
Frei Agostinho da Silva,
Mestre em Santa Teologia, Consultor, e Censor do Santo Ofício, Examinador das
Três Ordens Militares, e Prior Provincial da Ordem dos Pregadores nestes Reinos
de Portugal, etc.
Pela presente damos
licença ao Reverendo Padre Presentado Prior Frei Teodoro de Santa Joana e
Vasconcelos, e mais Religiosos do nosso Convento de São Domingos de Elvas para
receber ao hábito de Noviço do Coro a Nicolau Almeida e Silva, filho legítimo
de José de Almeida e Silva e de Dona Gertrudes Rosa Xavier da Silva e Bastos,
sendo limpo de geração, tendo a idade necessária, constando ser de boa vida e
costumes, sendo examinado de latim diante dos Padres Padres do Conselho do dito
Convento, e aprovado pela maior parte dele, e recebido por votos secretos,
tendo todas as mais partes, e condições necessárias, conforme a disposição do Concílio
Tridentino Secção 25 Capítulo 15 du Regularibus, ordenações Apostólicas,
e de nossas Sagradas Constituições, Disposição 1ª de Recepiendis, Capítulo
13, e Actas de Capítulos Gerais, e Provinciais, as quais todas havemos aqui por
expressas, e declaradas.
Dada neste nosso Convento
de São Domingos de Lisboa sob nosso sinal, e selo aos 20 de Maio de 1796
Frei Agostinho da Silva
Prior Provincial
Registado a folhas 48.
Frei Jorge José da Gama
Presentado Loco socii.
A nota das despesas efectuadas aquando da entrada de Frei Tomás Vicente de Sousa Barros no noviciado em São Domingos de Benfica em 1799, mostra-nos o que cada candidato à época teria mais ou menos de levar para entrar no Convento.
RESUMO DA DESPESA
Resumo da despesa feita
com o preparo, e entrada do Senhor Tomás Vicente de Sousa Barros para Religioso
de São Domingos Ordem dos Pregadores, no seu Convento de Benfica, aonde se
recolheu, e tomou o Hábito no dia de hoje 16 de Maio de 1799, a saber:
Para Comedoria |
100$000 |
|
Para trastes da Sela |
24$000 |
|
Para Pano de Linho para refeitório e sacristia |
30$000 |
|
Para cera para a sacristia |
12$000 |
|
Para Depósito |
9$600 |
|
Para a Província, e Secretário para Patente |
12$800 |
|
Para a Merenda dos Noviços, e barbeiro |
2$880 |
|
Para Propinas de Tabaco, e dita em dinheiro |
29$180 |
220$460 |
Para Dinheiro que recebeu, e levou para dar ao do Aviso |
96$000 |
|
Para 17 Côvados de sarja para capa e capelos a 800 reis |
13$000 |
|
Para 1, 3/4 ditos de pano branco para calção a 900 |
1$125 |
|
Para feitio e aviamento dos calções de pano e ganga |
1$920 |
16$645 |
Para 1 correia pronta para cingir |
$140 |
|
Para 1 colher, garfo, e faca para mesa |
$240 |
|
Para tesoura para papel de palmo |
$300 |
|
Para 1 arrátel de rolo em 4 de tinta |
$560 |
|
Para 1 quarteirão de penas para escrever |
P$140 |
|
Para encadernação das Horas |
$200 |
1$580 |
Para 2 baús em cabelo de 4 palmos a 4.600 |
9$200 |
|
Para Carteiro dos mesmos a casa |
$060 |
|
Para porte de 3 Cartas e busca de uma delas |
$070 |
9$330 |
Para Sege, e gorjeta, em que foi para a entrada |
1$320 |
|
Reis |
345$335 |
|
Amorim |
|
|
Aos vinte de Janeiro de mil oitocentos oitenta e sete, à uma hora da
tarde, no Convento de Santa Joana, desta freguesia do Santíssimo Coração de
Jesus, de Lisboa, faleceu com o Sacramentos, um individuo de sexo feminino Dona
Maria da Glória, Religiosa no mesmo Convento, de oitenta e cinco anos, natural
da freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Santo Quintino, concelho de Arruda
dos Vinhos, deste Patriarcado; filha legitima de Custódio José Calisto e Dona
Ana Rita. Foi sepultada no cemitério Oriental, jazigo mil quatrocentos oitenta
e três. Ignoro os demais esclarecimentos. E lavrei em duplicado este assento
que assino.
O Prior Eduardo António Ribeiro Cabral.
Aos doze de Novembro de mil oitocentos setenta e oito, pelas sete horas da tarde, na casa duzentos e nove, primeiro, da Rua de Santa Marta, desta freguesia do Santíssimo Coração de Jesus, faleceu com o Sacramento da Penitência, um indivíduo do sexo masculino, por nome Frei Ricardo do Nascimento Dias Godinho, Egresso da Ordem de São Domingos, de idade de oitenta e cinco anos, natural, assim como os pais digo os seus pais, de Castelo de Vide, do Bispado de Portalegre, morador na referida residência: filho legítimo de Domingos Dias Godinho, e de Dona Catarina Rosa: fez testamento: foi sepultado no Cemitério Ocidental. E para constar se lavrou em duplicado este assento, que assino.