domingo, 28 de setembro de 2014

A maravilha da vida

 
A admiração face à vida é necessariamente anterior à angústia diante da morte. De facto, se a vida não nos aparece como uma maravilha, como poderá a morte que a aguarda nos angustiar? Esta não seria mais que banalizada como alívio.
Fabrice Hadjadj, Le paradis à la porte, 154.

Ilustração: Rio Douro perto da estação da Ermida.

Homilia do XXVI Domingo do Tempo Comum

Todos sabemos pelos Evangelhos como Jesus viveu em tensão e conflito com os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, como muitas vezes os seus encontros e discussões foram verdadeiras provocações, tal como acontece no trecho do Evangelho de São Mateus que acabámos de ler.
A provocação que hoje nos é apresentada por São Mateus é fortíssima na medida em que Jesus está em Jerusalém, no centro político e religioso, e desafia as autoridades a uma conversão, a uma outra atitude face a Deus, a uma outra relação de fé, tomando como termo de comparação as mulheres de má vida e os publicanos. Esta liberdade e ousadia de Jesus, esta fidelidade à verdade, foram tidas em conta poucos dias depois num processo de condenação e morte. 
Esta provocação de Jesus não deixa de nos alcançar ainda hoje a cada um de nós individual e comunitariamente, na medida em que põe em evidência uma falha ou um vício em que muitas vezes caímos, o da discrepância entre o que se diz e o que se faz, o desastre da falsidade de vida.
Contudo, e é esse o desafio pedagógico de Jesus, não podemos ficar apenas nessa evidência, mas a partir dela, das constatações alcançadas, partir para uma outra atitude, para uma outra forma de vida. A verdade das nossas limitações e falhas é no âmbito da pedagogia de Jesus para que optemos e iniciemos um processo de conversão de vida.
Neste sentido, é bom que olhemos a parábola que Jesus apresenta a partir da perspectiva do pai, daquele homem que tem dois filhos e que tem um papel muito discreto, pois apenas lhes pede que saiam a trabalhar na sua vinha.
Esta discrição do pai passa por não nos ser apresentada qualquer reacção face à recusa do filho em ir trabalhar para a vinha. No seu silêncio o pai não responde à violência do filho com outra violência, não sobe o tom de voz nem contrapõe qualquer represália. À ruptura do filho, exposta na recusa, o pai não responde com a sua ruptura. Tal como o pai do filho pródigo, também este deixa ir o filho, livremente, sem censuras ou condenações.
Este silêncio do pai é contudo o grande instrumento de conversão, de alteração de atitude, pois nesse silêncio o filho descobre o amor do pai, o respeito pela sua atitude, a liberdade que o pai concede ao filho. É na desobediência que o filho descobre o pai, que descobre que aquele homem que lhe pede um serviço é alguém que o ama e respeita, mesmo na sua recusa e revolta.
Ao reconsiderar e ir trabalhar para a vinha, tal como pedido, o filho manifesta a sua filiação, reconhece que aquele homem que lhe tinha pedido um serviço é afinal seu pai. A sua atitude não é fruto de interesse ou conveniência, mas apenas de plena concordância e total acolhimento do amor do pai. A filiação pressupõe uma experiência de obediência, uma obediência vivida em consequência do amor que se experimenta, e este filho faz essa experiência.
Ao contrário do outro filho que, ainda que obediente no primeiro momento, se revela incapaz de fazer a experiência da filiação, da relação amorosa com o pai. Encerrado na sua fachada de obediência correcta mas falsa, da resposta certa para o momento certo, numa atitude calculista, abusa da confiança e respeito do pai, pois sabe de antemão que o pai o ama e nada lhe cobrará.
É esta atitude hipócrita que lhe impede de perguntar porque são os filhos enviados em lugar dos trabalhadores, o que há de importante para terem que ser os filhos a tratar; é esta atitude que o impede de dizer não, mas o obriga a tratar o pai por senhor, manifestando assim a impossibilidade de conhecer verdadeiramente aquele que é o pai.
A parábola que Jesus conta aos príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo revela-nos assim que podemos cair na hipocrisia de dizer uma coisa e fazer outra, revela-nos a duplicidade e falsidade que a nossa vida pode desenvolver, mas revela-nos algo muito mais importante e significativo para a nossa relação com Deus.
O apelo a trabalhar na vinha é um convite muito especial, um convite a uma missão que não pode ser entregue aos trabalhadores, porque os servos não conhecem o seu senhor, mas que apenas é entregue aos filhos porque só eles a podem realizar, a missão da manifestação do amor do pai que radica da intimidade vivida.
Missão e manifestação que não pode deixar de ter presente as nossas faltas, as nossas limitações e fragilidades, porque como dizem os Padres do Deserto “aquele que reconhece as suas faltas é mais forte que aquele que ressuscita um morto”. É o reconhecimento da nossa mediocridade, da nossa marginalidade, que nos abre a porta da conversão, da experiência amorosa de Deus Pai.
A nossa obediência filial anda longe da perfeição, todos o reconhecemos, mas tal não nos deve impedir de ver a beleza e a alegria da missão que nos é confiada ao nos ser pedido que trabalhemos na vinha do Pai. Confortados com a compreensão do Pai procuremos realizar não os nosso interesses mas os interesses dos outros, viver com os mesmos sentimentos de Cristo Jesus que nos deixou o testemunho do amor do Pai na experiência da obediência.

 
Ilustração:
1 – “As vindimas”, de Max Slevogt, Museu Nacional de Varsóvia.
2 – “Os vindimadores”, de Pierre-Auguste Renoir, National Gallery of Art.

sábado, 27 de setembro de 2014

Ser luminoso

 
Esta receptividade, para ser profunda, reclama um certo espirito de pobreza. Quero dizer que para ser luminoso é necessário renunciar a ser brilhante. É neste ponto que se situa a experiência dos anjos: Satan preferiu brilhar a deixar passar em si uma luz mais alta.
Fabrice Hadjadj, Le paradis à la porte, 199.

Ilustração: Nascer do sol sobre o lago Leman, perto de Neuchatel.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A fé é para sempre

 
A fé é um apelo para sempre, com tudo o que o somos e o que temos.
Ginés Garcia Beltrán, Bispo de Guadix-Baza

Ilustração: A criação do homem nos frescos das abóbadas da Catedral de Lamego.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A idolatria do fazer

 
Já foram muitos os momentos e circunstâncias em que nos perguntámos, que temos que fazer, que podemos fazer. Um dos sentimentos que mais nos podem atormentar é pensar que não fizemos nada, que todo o tempo investido e todas as ilusões não deram os frutos esperados. O fazer é bom mas também se pode converter num ídolo. O melhor modo de fazer é estar.
Ginés Garcia Beltrán, Bispo de Guadix-Baza

Ilustração: Floreira junto ao cemitério de Vernier.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A fé na catequese

 
Para alguém se iniciar na vida da fé, há que despertar um acto de fé. Não se pode fazer catequese se não há fé, porque a catequese é um processo de maturação na fé. Muitas vezes, a catequese é estéril porque falta a fé.
Luís Guillermo Eichhorn, Bispo de Morón, Argentina

Ilustração: Alameda do jardim de Serralves.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Iniciação Cristã

 
A Iniciação Cristã não significa aprender coisas, mas aprender a viver um estilo de vida.

Luís Guillermo Eichhorn, Bispo de Morón, Argentina

Ilustração: Vaso com amores perfeitos no Seminário de Resende.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A palavra criadora

 
Na Bíblia, Deus criador não se apresenta realizando uma acto fatigante ou lutando contra o nada, mas simplesmente com a palavra: Deus disse, haja luz e a luz apareceu. Estamos diante de um palavra que cria, expressa de maneira ainda mais admirável no Novo Testamento no prólogo do Evangelho de São João: No princípio era o Verbo, ele estava desde o princípio junto de Deus, por meio dele se fez tudo, e sem ele não se fez nada de quanto existe.
Cardeal Gianfranco Ravasi

Ilustração: Montes da Serra do Marão.

domingo, 21 de setembro de 2014

Somos peritos na vida dos outros

 
Nós, seres humanos, somos egoístas por natureza e centramo-nos nos nossos próprios desejos e problemas. Mas na hora de encontrar defeitos nos demais e fazê-los conhecer a todo o mundo, sabemos deixar o próprio eu e aparecemos como os únicos perspicazes. Todos somos peritos nas vidas dos outros e maestros em encontrar as suas faltas.
Jesus Sánchez Adalid

Ilustração: Um dos tritões da fonte de Neptuno dos jardins do Palácio de Queluz.

sábado, 20 de setembro de 2014

Para fazer um paraíso

 
Se a conduta humana fosse racional, ou seja, se actuássemos unicamente para alcançar os fins a que nos propomos, bastaria a inteligência e a vontade para fazer deste mundo um paraíso.
Jesus Sánchez Adalid

Ilustração: Jardins do Palácio de Queluz.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Vínculos de fraternidade

 
Os vínculos de fraternidade entre todas as pessoas são uma exigência que emana da ética cristã, assim como o respeito por cada singularidade.
Francesc Torralba Roselló

Ilustração: Nervuras da abóbada da Ermida da Senhora da Lapa, perto de Tomar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Exemplo que devemos dar

 
Creio que nós que participamos numa mesma fé devemos dar exemplo de escuta activa, de moderação e racionalidade. Não se podem desprezar nem negar os sentimentos de um povo, nem tão pouco a sua legítima vontade de se expressar.
Francesc Torralba Roselló

Ilustração: Altar da Ermida da Senhora da Lapa, perto de Tomar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Cada pessoa é sagrada

 
Como disse a filósofa e santa da Igreja Edith Stein, para os cristãos não há estrangeiros, cada pessoa é sagrada e tem que ser tratada como um fim em si mesma.
Francesc Torralba Roselló

Ilustração: Celebração do lava-pés na Semana Santa de 2014 em Cristo Rei.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Respeito por pessoas e ideias

 
Na Doutrina Social da Igreja a diferença entre o respeito pela pessoa e pelas suas ideias é muito clara. O respeito pela pessoa é indiscutível, as ideias são objecto de debate.
Francesc Torralba Roselló

Ilustração: Vaso com amores perfeitos do Seminário de Resende.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A importância do trabalho bem feito

 
Quero chamar-lhes a atenção para a importância do trabalho bem feito, não apenas pela satisfação pessoal, mas porque esse trabalho comporta em si termos duma relação de confiança, essencial na nossa sociedade. Pois todos nós dependemos do trabalho de outro, em todos os domínios e em cada instante da nossa vida.
Anne-Dauphine Julliand

Ilustração: Azáleas do jardim da casa dos meus pais.

domingo, 14 de setembro de 2014

Homilia da Festa da Exaltação da Santa Cruz

Celebramos hoje a Festa da Exaltação da Santa Cruz, uma festa que habitualmente ocorre num dia da semana, razão pela qual muitos de nós não temos oportunidade de a viver e celebrar da forma mais festiva. Este ano, ao coincidir com o domingo, dá-nos essa oportunidade e permite-nos meditar o grande paradoxo que nela se encontra na medida em que um sinal de maldição, um instrumento de morte, se torna um sinal de bênção e uma fonte de vida.
É este paradoxo que nos leva frequentemente a deixar de fixar nela o nosso olhar, a olharmos mais as margens da nossa condição humana e do nosso viver quotidiano, a darmos mais atenção às questões que todos os dias se nos colocam, esquecendo dessa forma que as respostas às questões fundamentais da nossa existência se encontram ali plasmadas.
Olhar a cruz permite-nos encontrar a luz que ilumina a nossa vida, que nos oferece sentido para as diversas realidades que vivemos, sejam elas de sofrimento ou alegria, de vida ou de morte, de graça ou de pecado. A cruz em que Jesus foi pregado acolhe todas essas realidades, a totalidade da nossa condição humana.
Contudo, para que esta luz nos seja acessível, para que nos possamos aperceber dela, não podemos deixar de ter presente a real perspectiva do acontecimento que nos é dada pelo Evangelho, quando Jesus diz a Nicodemos que Deus amou de tal modo o mundo que entregou o seu Filho para que todo o homem tenha a vida eterna.
A cruz é verdadeira maldição, é um desastre e um escândalo, quando não se tem presente o amor de Deus, esse amor de tal modo infinito de Deus pela humanidade que chegou à loucura de ser capaz de entregar o próprio Filho para resgate daqueles que estavam presos nas teias da morte.
Desta forma a cruz é salvação quando se assume a partir do amor, dessa entrega loucamente amorosa de Deus pela sua obra, e nós participamos dessa cruz salvadora na medida em que todas as nossas cruzes, as nossas realidades crucificantes, são vividas a partir do amor. É o amor vivido até ao limite que tem o poder de salvar.
A cruz de Jesus não é assim mais um sinal, não é como a serpente de bronze levantada no deserto para salvar o povo da mordidela das serpentes, a cruz é uma manifestação, uma presença, a tradução, poderíamos dizer até plástica, da relação de Deus com o homem, do amor de Deus pela humanidade.
A cruz manifesta-nos a aliança nova que Deus estabeleceu com a humanidade, a iniciativa de Deus em favor da sua obra. Uma iniciativa desconcertante, que consideramos louca e exagerada segundo os nossos padrões, mas que só nesse assumir do que havia de mais vil e ignominioso, só nesse exagero, permitiria que o nosso coração empedernido fosse tocado.
É o exagero que nos toca, que nos move; o inusitado é que nos surpreende e provoca e portanto só uma acção exagerada, desmesurada de Deus, nos poderia despertar para o seu amor infinito, para o seu desejo de familiaridade com o homem.
Familiaridade que se objectiva nesse movimento de descida e subida, de abaixamento e exaltação, porque o Filho vem até ao homem e sofre a morte mais ignominiosa para poder elevar o homem, para o resgatar da sua condição de servo e elevá-lo à condição de filho. A cruz é assim também instrumento de ascensão da humanidade ao divino.
À luz deste movimento e da vitória que encerra percebemos a serenidade e a alegria que algumas imagens, sobretudo góticas, deixam transparecer no rosto de Cristo, como a imagem do crucifixo do Castelo de Javier em Espanha. A expressão de felicidade do rosto de Cristo é a manifestação da vitória, da missão cumprida, desse retornar de todos os filhos à casa do Pai conduzidos pelo Filho primogénito que entregou a sua vida por amor e num amor total.
E é por esta felicidade que os homens devem ajoelhar em terra, exaltar a cruz bem-aventurada e proclamar que Jesus é o senhor dos vivos e dos mortos. A cruz ligou-nos a todos e ligou o céu e a terra, o homem com Deus definitivamente.

 
Ilustração:
Capela do crucifixo do Castelo de Javier em Navarra, Espanha.

O exacto olhar

 
Não há mais que uma maneira de olhar o mundo que seja exacta: a do olhar que Deus próprio tem sobre o mundo.
Cardal John Henry Newman,

Ilustração: Rosas bravas da região de Tomar.

sábado, 13 de setembro de 2014

Capacidades do ser humano

 
A generosidade e a bondade são capacidades fundantes do ser humano. A violência e o egoísmo contudo não desaparecem, mas podemos dizer sem exagerar que somos fabricados para amar.
Jacques Lecomte,

Ilustração: Nave principal da igreja da Abadia de Saint-Gall na Suíça.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ajudar o outro

 
Ajudar o outro coloca-nos num círculo virtuoso. Quanto mais somos altruístas mais a auto-estima aumenta e mais somos felizes. E quanto maior o sentimento de felicidade, mais tendemos a colocar-nos ao serviço dos outros.
Jacques Lecomte

Ilustração: Alunos do Externato Marista de Lisboa em peregrinação a Fátima.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

As perdas do consumismo

 
A nossa sociedade de consumo que tudo oferece, tudo de imediato, fez-nos perder o sentido da espera, do aleatório, do indomável. O progresso técnico tornou-se fonte de inquietude e de desilusões.
Geneviève de Taisne,

Ilustração: Vista sobre o lago do jardim de Serralves.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O tempo de Deus

 
Ama o Senhor de todo o teu coração e o teu próximo como a ti próprio. O amor traduz-se no tempo. Tomemos tempo para Deus e veremos que Deus tem, e toma, tempo para nós. Nós seremos surpreendidos pela sua disponibilidade.
Marc-Antoine Costa de Beauregard,

Ilustração: Escadaria do jardim de Serralves.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Jesus escolheu doze entre eles. (Lc 6,13)

No Evangelho de São Lucas sempre que Jesus tem algo de importante a realizar retira-se para rezar antes de o fazer. Assim, quando se preparava para escolher os apóstolos, retirou-se para a montanha para rezar e depois dessa noite passada em oração, nesse espaço que nas histórias bíblicas permite o encontro com Deus como aconteceu com Moisés e Elias, Jesus chamou e escolheu os doze.
Doze apóstolos cujo nome conhecemos e em cujo rosto nos podemos rever, pois também nós, cada um de nós, está ali presente e representado. Podemos ser Pedro na sua impetuosidade, João na sua juventude contemplativa, Filipe que interroga e necessita respostas, Judas que tem outras expectativas e acaba por trair o Mestre.
Os doze representam as tribos do povo eleito, a unidade do povo que o Senhor libertou da escravidão do Egipto, mas representam igualmente toda a humanidade nessa unidade primordial patente no momento da criação.
Desta forma, podemos dizer que também nós fomos chamados, cada um de nós, e somos convidados a descer com Jesus para o meio da multidão para distribuir os dons que nos foram confiados, para partilhar a experiência dessa eleição e chamamento que vivemos na intimidade do alto do monte.
Todos nós fomos escolhidos para levar a sua palavra, para permitir que a sua força se faça sentir hoje presente no meio do mundo. O nosso nome pronunciado por Deus apela-nos a essa missão no meio dos nossos irmãos.

 
Ilustração:
“O Sacramento da Ordenação”, de Nicolas Poussin, Colecção do Duque de Rutland, National Gallery, Londres.

Dar tempo a Deus

 
Dar algum tempo a Deus não deveria ser uma obrigação incómoda, um dever que se cumpre para ser cristãmente correcto. Paremos por amor, por prazer, pela felicidade de passar um bom momento com o Senhor Amigo da nossa vida. Quanto tempo se passa ao telemóvel ou diante do computador? O Senhor não é o interlocutor privilegiado?
Marc-Antoine Costa de Beauregard,

Ilustração: Árvore coberta de neve nos jardins de Vernier.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Genealogia de Jesus Cristo (Mt 1,1)

O Evangelho de São Mateus apresenta logo no seu início a genealogia de Jesus, um texto que muitas vezes nos cansa e desconcerta pela sucessão de nomes. Quantas vezes não nos perdemos já nesta listagem, nas sucessões de nomes que nos surgem algo estranhos?
E contudo é um monumento de fé, um monumento à história de um povo e ao projecto de Deus com os homens. É um monumento construído à humanidade.
Neste monumento cada um tem o seu nome, tem a sua história, mostrando-nos que o Filho de Deus não encarna num vazio, mas num povo e numa história constituídos de faces únicas, de histórias irrepetíveis. Cada um foi objecto do amor de Deus, de uma relação pessoal e única com Deus.
Desta forma, aí encontramos os homens e as mulheres, aqueles que foram fiéis e os que foram pecadores, a estrangeira Ruth e a prostituta Rahab, o sábio Salomão e o idólatra Acaz, sucedendo-se nas gerações até à Virgem de Nazaré, que concebe o Filho de Deus.
Esta longa lista é assim uma celebração da vida, com tudo o que ela comporta, e a ruptura imprevisível que se opera com a Virgem Maria não é mais que um sinal da acção de Deus, da sua intervenção nessa sucessão tantas vezes trágica. A ruptura genealógica, operada com a Virgem Maria, proclama a vida divina que se insere na história humana, para que esta se possa realizar na sua missão primordial.
E a cada um de nós, elo de uma cadeia de gerações, cabe-nos acolher esta ruptura e o que ela significa, cabe-nos acolher o dom que Maria acolheu, conscientes que se ela foi preparada desde o seio materno para a maternidade divina, nós estamos preparados deste a criação para acolher o dom do Espirito divino.

 
Ilustração:
“O nascimento da Virgem Maria”, de Bartolomé Esteban Murillo, Museu do Louvre.

A accção do positivo

 
Ver o positivo gera positividade à minha volta. E também isto mudou a minha vida espiritual. No lugar de chorar diante de Deus aprendi a render graças.
Marie-Yvonne Bus

Ilustração: Rosa do jardim da casa dos meus pais.

domingo, 7 de setembro de 2014

A vocação é retribuir

 
Acredito que a minha vocação consiste em retribuir da melhor forma a história dos outros, em honrar os seus testemunhos. É uma vocação ajudar os outros a recontar-se, a reconciliar-se consigo próprios.
Olivier Delacroix,

Ilustração: Estátua de Fernão Lopes no monumento a Camões em Lisboa.  

Homilia do XXIII Domingo do Tempo Comum

As leituras que escutámos nesta Celebração dominical apresentam-nos um dos maiores e certamente mais difíceis desafios do seguimento de Jesus, mas também um dos mais gratificantes, se não o mais gratificante de todos.
Trata-se do desafio da caridade no sentido da recuperação do outro, da integração do outro, da conversão para a construção da fraternidade em que todos estamos envolvidos, e na qual todos podemos ganhar na medida em que ganhamos e recuperamos o nosso irmão, ou na qual todos podemos perder porque perdemos o nosso irmão.
Não é uma questão de proselitismo, ou de percentagem estatística, não se trata do número de fiéis que compõem as nossas comunidades, a Igreja, mas trata-se do estabelecimento ou restabelecimento de uma realidade que é a unidade, que é a família ou o rebanho de que Jesus tantas vezes falou com carinho e exigência e que tem o seu fundamento no amor do Pai.
Num momento em que o sincretismo doutrinal e o relativismo moral vão conquistando terreno mesmo dentro das comunidades cristãs, da nossa vida de fé, não é nada fácil chamar o outro e confrontá-lo com a necessidade da conversão, tal como nos é proposto tanto pelo Evangelho como pelo texto do profeta Ezequiel. 
Muitas vezes, e porque aparentemente se nos apresenta como uma via mais fácil, enveredamos pelo fanatismo, pelo moralismo e até pela intolerância face ao outro. São soluções radicais, que frequentemente nos deixam de fora, sem qualquer compromisso, quando pelo contrário a caridade de que nos fala o Evangelho nos compromete e numa forma que toca a carne e o sangue.
Outra realidade que nos dificulta o apelo do outro à conversão e à unidade é muitas vezes a exigência e coerência que colocamos sobre os nossos ombros, como se fosse a nós e à nossa forma que o outro devesse ser fiel. Colocamo-nos como paradigma, quando afinal o paradigma é apenas um, Jesus Cristo, e é a esse que todos devemos procurar ser fiéis. 
Perante esta situação, esta dificuldade gerada no nosso egocentrismo, cruzamos muitas vezes os braços e calamos o apelo que nos é confiado e não devíamos silenciar. Não tendo a fidelidade e a coerência requeridas como poderemos chamar o outro à atenção, confrontá-lo com a verdade e a fidelidade devidas?
E contudo é necessário, urgente, partindo até preferencialmente da nossa pobreza e da nossa fragilidade, das nossas limitações e pecados, porque dessa forma tratamos de ganhar o nosso irmão e tratamos de nos ganharmos a nós próprios. O outro poder ser um apoio, um incentivo na minha conversão, na realização do meu projecto de integração e unidade.
Neste sentido, convém ter presente que o pecado é o rompimento de uma relação, o corte de um diálogo que se mantém com um outro, e que portanto todo o diálogo restabelecido, a palavra e a escuta, são os meios mais propícios para a restauração da relação. Na medida em que nos inclinamos uns para os outros e partilhamos a palavra e a escuta podemos restabelecer a relação e criar a unidade.
E é nesta unidade, como irmãos, que podemos dirigir-nos a Deus e obter as graças solicitadas, uma vez que nos encontramos em sintonia com a unidade que Deus é e vive. Reunidos em seu nome, alcançamos o poder para pedir e ser escutados, porque reunidos manifestamos e realizamos a sua presença entre nós.
Este desafio do apelo à conversão, da caridade enquanto correcção fraterna, uma expressão clássica da vida religiosa, não pode contudo ser deixado apenas para quando já ocorreu um afastamento, quando já fomos ofendidos pelo outro, quando o outro já fez o mal.
A caridade e a correcção fraterna não têm apenas uma dimensão curativa, não são unicamente um remédio, elas têm uma dimensão preventiva que lhes é inerente e não podemos descurar. Tal como diz Santo Agostinho, “quem ama corrige”, porque quem ama não quer ver o mal do outro, a separação do outro, a perda do outro, e por isso antes que o mal se declare procura combatê-lo.
Ao iniciarmos um novo ano académico apresenta-se aqui para os pais, para as famílias, para as comunidades educativas e para a as nossas comunidades eclesiais um grande desafio e uma responsabilidade que todos devemos assumir. Antes que o mal aconteça devemos preveni-lo, devemos estar atentos, porque a caridade implica vigilância, e aos pequenos sinais de que algo não está bem ou não vai bem não nos podemos silenciar nem olhar para o lado.
Se a caridade nos leva em busca das ovelhas perdidas, ela deve também colocar-nos vigilantes para que aquelas que estão sobre o nosso cuidado não se percam. O amor deve conduzir-nos a essa atenção, a uma palavra, a uma exigência, de que seremos chamados a prestar contas. A resposta de Caim após a morte do irmão: “serei eu guarda do meu irmão”, deixou de ser possível depois da incarnação do Filho de Deus. Todos estamos ao cuidado uns dos outros, somos guardas vigilantes da felicidade uns dos outros.

 
Ilustração:
“Ananias restabelecendo a visão de São Paulo”, Jean II Restout, Museu do Louvre.

sábado, 6 de setembro de 2014

Pequenos gestos de fé

 
Quando estou fatigado, confrontado com um obstáculo, procuro falar ao meu pai e ao meu filho. É uma forma de acreditar, de oração, uma vez que eles são já pequenas partes de Deus. É a minha forma de acreditar. Adoro também passar a porta das igrejas, de tempos a tempos, com a minha mulher. Lá, acendemos uma vela por alguém que já partiu ou simplesmente para dizer obrigado. São pequenos gestos.
Olivier Delacroix

Ilustração: Gruta de Lourdes durante a noite.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vinho novo em odres novos! (Lc 5,38)

Está no mais profundo do nosso ser, é um desejo que nos habita, e tem levado homens e mulheres às buscas mais loucas, aos maiores desafios para o encontrar. Alguma da publicidade que todos os dias nos entra em casa não tem outro objectivo que mostrarmos as possibilidades existentes do seu alcance fugaz, o elixir da eterna juventude.
Suspiramos por ele, lutamos por ele, e algumas vezes perdemos a vida por ele, e contudo desde há dois mil anos que ele está à nossa disposição, que nos é oferecido gratuitamente.
A novidade de Jesus, de que vinho novo exige odres novos, vem ao encontro desse grande desejo, é a resposta à nossa aspiração mais secreta para permanecer eternamente jovens.
Acessível a todos, este segredo exige contudo um investimento, um investimento sério e contínuo para que de facto possa produzir os resultados desejados e incomparáveis.
Jesus, que é o eternamente jovem, “antes de Abraão existir eu sou” (Jo 8,58) oferece-nos a sua juventude, a sua eternidade e na medida do nosso acolhimento, da nossa abertura, assim essa novidade e juventude nos preenche e transforma.
Para o vinho novo que Jesus é, exige-se os odres novos do nosso coração, a abertura e a disponibilidade permanente para o acolhimento da novidade que Jesus é. A lei do amor e a novidade do amor transformam-nos.
É incontestável que o amor é o segredo da eterna juventude, pois é graças a ele que a alma e o coração permanecem eternamente jovens, o amor ancora-nos na eterna juventude de Jesus que é o sinal evidente do amor.
Muito de nós já pudemos comprovar esta verdade, pois cruzámo-nos com pessoas que apesar da sua idade permaneciam jovens no seu coração e no seu espirito. E quando escutámos as suas histórias de vida percebemos que a sua juventude derivava do muito amor com que tinha vivido, com que tinham partilhado a sua vida com os outros.  
O elixir da eterna juventude está assim à nossa disposição, próximo da nossa mão. Que o desejo profundo que nos habita nos atreva a acolhê-lo na nossa vida e a partilhá-lo com os outros.

 
Ilustração:      
“O aguadeiro de Sevilha”, de Diego Velázquez, Wellington Museum.

Onde é urgente fazer o bem

 
Podemos estar habitados de grandes desejos, querer salvar o planeta… mas é ao redor de nós que é urgente fazer o bem.
Olivier Delacroix.

Ilustração: Jardins do Museu de Serralves.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A novidade na tradição

 
O Papa Francisco apenas reitera o conteúdo do Evangelho tal como o Igreja vem fazendo desde há vinte séculos, aportando o seu próprio carisma nascido da excepcionalidade da sua origem e da sua experiência vital, ambas raízes fecundas na milenária história da Igreja.
Francisco Vázquez y Vázquez, VN 2.867,50.

Ilustração: Celebração da Peregrinação do Rosário a Lourdes.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Todos os que tinham doentes traziam-nos a Jesus. (Lc 4,40)

A visita à casa de Pedro é a oportunidade para mais uma manifestação do poder de Jesus. Num primeiro momento com a cura da sogra de Pedro, que se encontrava acamada com febre, e depois com a cura de todos aqueles que lhe eram apresentados.
Inevitavelmente chama-nos a atenção o poder de Jesus, a sua compaixão para com aquelas pessoas; mas não podemos deixar de ter presente também aqueles que pedem a Jesus, os que trazem os seus doentes a Jesus, para que ele os cure.
No seu anonimato desenvolvem e testemunham uma fé e uma compaixão que não pode deixar de nos tocar, de nos interpelar, porque também nós, cada um de nós, pode apresentar e pedir a Jesus por aqueles que estão doentes, por aqueles que sofrem ou são vítimas de alguma situação.   
Jesus cura, Jesus combate e expulsa o mal e tudo o que provoca o mal, Jesus liberta, não só porque ele é o Mestre da Vida, mas porque também nesses pequenos gestos e milagres se revela e desenvolve o acontecer do Reino dos Céus. A Boa Nova do Reino anuncia-se e traduz-se em actos concretos, em acontecimentos concretos.
E hoje, tal como naquele dia, nós podemos ser actores e participantes deste desenvolvimento, quando assumimos apresentar diante de Deus os nossos irmãos que sofrem e estão doentes. Jesus convida-nos a partilhar este cortejo, a assumir as dores dos outros como nossas, a ser misericordiosos, a manifestar a nossa própria fé em Jesus que cura e salva.
Felizes somos nós, quando diante de Jesus apresentamos na oferta da nossa oração aqueles que estão doentes, sofrem ou são vítimas de qualquer violência. Tal como nos promete o Senhor, serão eles que nos acolherão na eternidade com o amor que lhes tivermos tributado.

 
Ilustração:
“Jesus curando a sogra de Pedro”, de John Bridges.   

Nada é sem vós Senhor

 
Nenhuma santidade pode subsistir, meu Deus, se a vossa mão soberana a não sustenta; nenhuma sabedoria pode conduzir-nos, se a vossa luz a não orienta; nenhuma força pode suster-nos, se a vossa omnipotência não a conserva.
Do Livro da Imitação de Cristo, 3,14.

Ilustração: Rosa do jardim da casa dos meus pais.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Que tens que ver connosco? (Lc 4,34)

Jesus desceu a Cafarnaum e como habitualmente foi à sinagoga onde encontrou um homem possuído por um demónio impuro.
Encontro casual, ou não, vai servir para mais uma manifestação da identidade e da pessoa de Jesus. Ele, ou eles, sabem quem têm diante de si, sabem quem é Jesus de Nazaré, o Santo de Deus e que veio para os destruir.
Encontro que manifesta para além da pessoa de Jesus a realidade humana quando se encontra possuída, quando se encontra escrava do mal. Se num primeiro momento o demónio se dirige a Jesus no plural, como se fossem muitos, depois fala-lhe no singular, como se fosse um só. A identidade do homem possuído, habitado pelo mal é assim uma identidade confusa, fragmentada, em desunificada.
Jesus, ao contrário, é o homem plenamente unificado, uma vez que Ele e o Pai são um só, e oferece-nos essa unidade na nossa humanidade, para que também nós sejamos um com Ele e com o Pai. Jesus é a unidade porque uniu em si a divindade e a humanidade, e convida-nos a viver igualmente essa unidade, na qual o homem recobra a sua verdadeira identidade.
E neste sentido, podemos perguntar-nos se não é esta a nossa verdadeira e grande aspiração, a aspiração mais profunda de toda a humanidade, viver em unidade, uns com os outros e todos com Deus?
Para tal necessitamos libertar-nos de tudo o que nos divide e impede de viver a unidade interior, de tudo os que fragmenta, que nos confunde, que nos distrai do verdadeiramente fundamental. Quanto mais nos libertarmos desta confusão e divisão, dessa grande doença esquizofrénica de que todos sofremos em maior ou menor grau, mais espaço e tranquilidade terá Deus para entrar e permanecer, para fazer do nosso coração a sua habitação.
Podemos começar hoje esta libertação, podemos já ter começado, mas em qualquer circunstância não podemos deixar de perder de vista neste processo que ele é um trabalho lento, paciente, a longo prazo, de toda uma vida, e os resultados serão mais ou menos visíveis na medida do acolhimento do sopro do Espirito de Deus.
Necessitamos obedecer à ordem de Jesus, calar o que nos habita, para que sejamos libertados e o Senhor possa entrar.

 
Ilustração:
“O Vale de lágrimas”, de Gustave Doré, Peti Palais, Paris.

Emoção das veracidades

 
É por isso que me emociono, me alegro e choro, lendo ou contemplando as obras dos homens que unem a veracidade do mundo eterno à veracidade do seu próprio eu moral, consolidando esta unidade com o amor.
Vassili Grossman, Bem Hajam! Apontamentos de Viagem à Arménia, 118.

Ilustração: Vista sobre um campo junto à igreja de Vernier.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Faz na tua terra o que ouvimos dizer que fizestes em Cafarnaum! (Lc 4,23)

A primeira visita de Jesus à sua terra, depois de ter iniciado a sua missão pública, foi um momento verdadeiramente significativo, de tal modo que os três Evangelhos sinópticos nos dão notícia desse acontecimento.
Os três relatos apresentam-nos Jesus como um profeta, ainda que com uma nota distintiva que estabelece uma profunda diferença na sua situação conflituosa. Nos relatos de Marcos e Mateus, Jesus é visto como um profeta fracassado face a um povo que não acredita nele, enquanto o relato de Lucas nos apresenta Jesus como um profeta que é ignorado e até ostracizado pelo fundamentalismo do seu povo.
Contudo, o mais importante deste relato é a consciência de Jesus, o facto de se sentir e saber como o cumprimento da promessa do profeta Isaías. Uma consciência desvinculada da dimensão sacerdotal que enquadra a profecia de Isaías, que Jesus não assume, uma vez que lhe restringe a liberdade de acção.
Pelo contrário, Jesus acolhe a profecia de Isaías e vê a realização da mesma na sua dimensão mais universal, na sua dimensão libertadora, de que as histórias dos profetas Elias e Eliseu são os testemunhos chamados ao julgamento. Jesus vem para quebrar as cadeias de todos os homens e de todos os povos.
O pedido dos seus conterrâneos a fazer em Nazaré os milagres que tinha feito em Cafarnaum é assim a manifestação da particularidade, do desejo de ter alguém que vem apenas para o seu serviço próprio. É uma redução da missão, um exclusivismo que Jesus não pode permitir.
A consequência desta recusa de Jesus é a revolta do seu povo e conhecidos, o plano de morte, porque não estão dispostos a partilhar o dom que têm, assumindo desta forma o grande desastre do povo eleito, ou seja, convocado por Deus para levar a salvação a todos os povos tinha-se encerrado na sua própria eleição não cumprindo a missão atribuída.
Esta é muitas vezes a nossa grande tentação, conformarmo-nos com o bem que temos, não o partilharmos com os outros, não levar a boa nova da salvação aos outros. Fechamo-nos no nosso casulo de bem estar material e espiritual.
Jesus ao passar pelo meio deles e ao seguir o seu caminho mostra-nos que nada pode deter o projecto de Deus, que ele segue o seu rumo; e que nós não podemos deixar de estar na mesma sintonia, que não podemos encerrar-nos, mas devemos abrir as portas e os caminhos de todas as realidades à novidade libertadora de Jesus.

 
Ilustração:
“Elias e a viúva de Sarepta”, de Bartholomeus Breenbergh, Colecção Particular.