segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Perdoa-lhe! (Lc 17,4)

Se o teu irmão vier ter contigo, perdoa-lhe; perdoa-lhe todas as vezes que vier ter contigo arrependido.
Palavras difíceis as que nos deixa hoje o Senhor, palavras que provocam e nos desconcertam. Palavras de alguém que sabe e vive verdadeiramente o amor e por isso nos deixa este convite, para que possamos fazer a mesma experiência na nossa pobreza e finitude.
Conscientes da dificuldade e das nossas fragilidades, face à radicalidade do convite de Jesus, os discípulos pediram ao Senhor, “aumenta a nossa fé”.
Aumenta Senhor a nossa fé, para que possamos ver para além da ofensa ou do erro do outro, daquele que vem até nós, arrependido.
Aumenta Senhor a nossa fé, porque é a fé que nos faz capazes de perdão, que nos transforma em seres de perdão.
Aumenta Senhor a nossa fé, porque é ela que nos permitirá a capacidade de ser livres face ao mal.
Aumenta Senhor a nossa fé, porque só na fé te poderemos seguir no exemplo do perdão, poderemos dizer entre os tormentos da cruz, “perdoa-lhes Pai”.

 
Ilustração:
Reconciliação de Jacob e Esaú, de Peter Paul Rubens, Galeria Nacional da Escócia.

3 comentários:

  1. Que o Senhor aumente a nossa fé porque assim seremos capazes de perdão. E não de ser perdoados? Inter Pars

    ResponderEliminar
  2. Para se ser capaz de perdoar, verdadeiramente, é necessária a Fé. Só ela nos faz ver no outro aquele Jesus que, da cruz, pede o perdão para os que O crucificaram. Ir. Teresa,O.P.

    ResponderEliminar
  3. Caro Frei José Carlos,

    Leio com muito interesse a partilha do texto da Meditação que teceu e donde brota uma força que nos ajuda a acreditar que precisamos confiar que é possível com a ajuda do Senhor perdoar verdadeiramente os outros, nossos irmãos, em todas as circunstâncias, como Jesus nos ensinou e como fez “entre os tormentos da cruz.
    No nosso peregrinar, nas mais diversas situações, quão frequentemente, gostaríamos de reconciliar-nos com alguém, familiar ou não que nos é querido, cujo desentendimento deixou marcas que dificilmente se superam, cujas feridas não saram mas dificilmente conseguimos, porque as palavras não chegam. E, quantas vezes, pedimos igualmente nas nossas orações, pela reconciliação de amigos que se desentenderam e cuja reconciliação dar-nos-ia uma verdadeira alegria!
    A talho de foice, recordo-me de uma reflexão que li recentemente intitulada “A fraternidade não se compra” (1) e da qual passo a citar alguns excertos ...” Ninguém consegue reconciliar-se verdadeiramente se não permitir que a dor-amor entre até à medula da relação doente, seja absorvida e, lentamente, a cure. São sobretudo necessárias ações que, com a linguagem do comportamento que desejamos, digam com verdade "recomeçar". (...) De facto, após certas feridas, para começar de novo não bastam as palavras; (...) Cada família, fraternidade, ou comunidade sabe que ações concretas são necessárias; mas sem estes atos a reconciliação não se dá, ou é demasiado frágil. Os relacionamentos são coisas "incarnadas"; não são meros sentimentos ou boas intenções. Os nossos relacionamentos são "terceiros" que estão diante de nós, vivos connosco e como nós. Tal como os filhos, são da nossa “carne”. E quando um relacionamento é negado ou traído, é ferida a sua carne; é esta carne que, com tempo e ações, precisa de ser sarada.”...
    É, como Frei José Carlos afirma, as palavras que o Senhor nos deixa hoje desconcertam-nos, desafiam-nos, face à radicalidade do convite de Jesus.
    Senhor, hoje, peço-Te, na caminhada para o Advento, que nos ajudes a aumentar a nossa fé, a ver mais além, para poder libertar-nos das nossas diversas fragilidades, para sermos capazes de pedir o verdadeiro perdão a quem ferimos e, sermos livres para acolher sem receios os que nos pedem perdão não importa o erro, o lugar e o tempo.
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas e poéticas, que nos dão força à reflexão e à acção permanentes no nosso quotidiano. Bem-haja. Que o Senhor o abençoe e o guarde.
    Votos de uma boa noite.
    Um abraço mui fraterno,
    Maria José Silva

    (1) Luigino Bruni
    In "Avvenire"
    Trad.: P. António Bacelar
    Publicado em 06.11.2014 (Pastoral da Cultura)

    ResponderEliminar