segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa! (Mt 8,8)

Estamos a iniciar o Advento e o Evangelho desta primeira segunda-feira relata-nos o encontro de Jesus com o centurião romano na cidade de Cafarnaum.
Encontro surpreendente, que nos coloca imediatamente no horizonte da vinda do Senhor, da sua habitação na nossa casa. O encontro de Jesus com o centurião romano é um Natal, antecipadamente coloca-nos diante do presépio com o Menino Deus que vem habitar entre os homens.
Diante da situação do servo que sofre horrivelmente, Jesus dispõe-se imediatamente a ir até casa do centurião. É a expressão do movimento da kenosis, de Deus que desce da glória para viver entre os homens e partilhar a sua condição sofredora.
Conscientemente, o centurião romano diz a Jesus que não é digno que entre em sua casa, pois é um estrangeiro, um pagão, um homem do império opressor, e a ida a sua casa seria uma ocasião para colocar aquele mesmo Mestre a quem se dirige em situação de impureza.
Contudo, há uma solução para ultrapassar este impasse, esta dificuldade de movimentação, é a palavra, o poder da palavra, porque ambos sabem a força que tem a palavra proferida com autoridade, o centurião enquanto chefe de soldados, Jesus enquanto a Palavra encarnada.
Também hoje, nos primeiros momentos deste Advento, temos que apresentar as nossas situações de paralisia e sofrimento, aquelas situações que nos impedem de caminhar como homens e mulheres. Também hoje temos que dizer ao nosso Mestre e Senhor que não estamos em condições de o receber em nossa casa, mas que pela sua Palavra Ele nos pode purificar e levantar, pela sua Palavra pode preparar uma condigna habitação no nosso coração.
Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa, mas dignifica-a com a tua Palavra e o teu amor.

 
Ilustração:
“O Centurião romano e Jesus”, de Paolo Veronese, Museu do Prado, Madrid.

2 comentários:

  1. Dizia Goethe:
    "Uma palavra escrita é semelhante a uma pérola".
    Obrigado Frei José Carlos pelo valioso "colar de pérolas" que nos oferece.

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  2. Obrigado Frei José Carlos por nos lembrar que, apesar de não sermos dignos,Deus " nos purifica com a sua Palavra e o seu Amor". Importante termos sempre a atitude humilde e confiante do centurião. Inter pars

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