As leituras deste décimo quinto domingo do Tempo Comum trazem à nossa reflexão, à semelhança do domingo passado, a tarefa e a missão do profeta, as dificuldades inerentes à missão de anunciar o Reino de Deus.
A leitura da Profecia de Amós apresenta-nos um profeta, um homem, que é enviado por Deus a uma terra e a um povo que não são os seus e a fazer uma queixa de um assunto que não lhe dizia respeito. Amós é de uma pequena povoação próxima a Jerusalém e é enviado por Deus a um santuário que se situa no reino do Norte, poderíamos dizer a um país estrangeiro, e portanto estranho à sua realidade social e religiosa. E vai com uma missão muita clara, denunciar que a exploração do povo, o seu sofrimento foi escutado por Deus e como tal aqueles que têm o poder sofrerão as consequências de tais desmandos.
O diálogo com o sacerdote do templo de Betel, com Amasias, é revelador que a sua mensagem não foi bem aceite, foi até bastante incómoda e por isso é convidado a voltar à sua terra, a ir profetizar para junto dos seus. Contudo, Amós não o pode fazer, ou pelo menos para já, porque não foi por sua iniciativa que ali veio, não foi por qualquer interesse particular, mas sim porque Deus o chamou e o enviou. Ele era um pobre guardador de rebanhos e cultivador de sicómoros.
É este distanciamento de Amós relativamente ao assunto, aos interesses estabelecidos, é a sua precariedade de estrangeiro, que lhe dão a liberdade para poder falar, para poder profetizar e anunciar a mensagem de Deus. Ele não é nada nem ninguém ali, apenas um enviado de Deus, alguém que o Senhor chamou para ir ali e apontar as faltas.
No Evangelho de São Marcos deparamos com a mesma realidade pois Jesus chama os doze Apóstolos e começa a enviá-los dois a dois. Este envio é precedido de uma ordem que se resume a uma pobreza total, pois não devem levar nem pão, nem alforge, nem dinheiro, nem sapatos, nem duas túnicas, apenas um bastão e o poder que lhes outorgava sobre os espíritos impuros.
Neste envio dos Doze o material, a bagagem, é um obstáculo à missão, e portanto eles devem partir sem nada e voltar sem nada. Devem levar apenas o poder que lhes entregava e a confiança total na mão de Deus. Só desta forma eles poderiam ser livres para libertar os outros com que se encontrassem.
É interessante notar que Jesus não lhes estabelece nenhum programa ideológico de missão, nenhuma mensagem a transmitir àqueles com quem se encontrassem. Eles próprios deveriam ser a mensagem e por essa razão é que são enviados dois a dois. Não é um pormenor acidental, bem pelo contrário, porque de acordo com a Lei de Moisés para que um testemunho fosse válido e considerado verdadeiro eram necessárias duas testemunhas. Os Apóstolos partem assim dois a dois para confirmarem com a sua unidade que era válido e verdadeiro o seu testemunho.
E o seu testemunho, a mensagem que deveriam transmitir, era de como é possível viver o amor, a justiça, a paz e a concórdia em Jesus Cristo. “Vejam como eles se amam”, era o que eles deviam anunciar com a sua missão conjunta, era como eles deviam ser reconhecidos, era como eles deviam anunciar o Reino de Deus.
Este envio dos Doze Apóstolos é para nós hoje um desafio em termos de evangelização, de anúncio do Reino de Jesus Cristo, porque como eles somos convidados a anunciar com o nosso testemunho de vida comum, de unidade e de fraternidade, a libertação que se operou e opera em Jesus.
Para que tal aconteça, ou possa acontecer temos que realmente partir como os Doze, sem bagagens intelectuais ou materiais, sem preconceitos ou indiferentismos, confiantes na Palavra de Deus de que estará connosco até ao fim dos tempos e que nunca nos abandonará. Temos que partir livres, como estrangeiros em terra estranha, para escutar o grito dos que necessitam ajuda, gritos que hoje tão frequentemente são silenciados pelo ruído que nos rodeia e nos distrai. Temos que partir com essa convicção que não vamos colocar ninguém do nosso lado, não vamos à conquista de adeptos ou devotos, mas vamos anunciar um caminho de liberdade fundamentado na verdade e na vida. Um caminho, uma verdade e uma vida que não são nossos, mas para os quais fomos chamados por Deus como anunciadores.
É esta a tarefa do profeta de hoje, do anunciador da Palavra de Deus, libertar-se de todas as ataduras, para escutar em verdade o próximo e apresentar-lhe a libertação que é Jesus o Cristo Senhor.
A leitura da Profecia de Amós apresenta-nos um profeta, um homem, que é enviado por Deus a uma terra e a um povo que não são os seus e a fazer uma queixa de um assunto que não lhe dizia respeito. Amós é de uma pequena povoação próxima a Jerusalém e é enviado por Deus a um santuário que se situa no reino do Norte, poderíamos dizer a um país estrangeiro, e portanto estranho à sua realidade social e religiosa. E vai com uma missão muita clara, denunciar que a exploração do povo, o seu sofrimento foi escutado por Deus e como tal aqueles que têm o poder sofrerão as consequências de tais desmandos.
O diálogo com o sacerdote do templo de Betel, com Amasias, é revelador que a sua mensagem não foi bem aceite, foi até bastante incómoda e por isso é convidado a voltar à sua terra, a ir profetizar para junto dos seus. Contudo, Amós não o pode fazer, ou pelo menos para já, porque não foi por sua iniciativa que ali veio, não foi por qualquer interesse particular, mas sim porque Deus o chamou e o enviou. Ele era um pobre guardador de rebanhos e cultivador de sicómoros.
É este distanciamento de Amós relativamente ao assunto, aos interesses estabelecidos, é a sua precariedade de estrangeiro, que lhe dão a liberdade para poder falar, para poder profetizar e anunciar a mensagem de Deus. Ele não é nada nem ninguém ali, apenas um enviado de Deus, alguém que o Senhor chamou para ir ali e apontar as faltas.
No Evangelho de São Marcos deparamos com a mesma realidade pois Jesus chama os doze Apóstolos e começa a enviá-los dois a dois. Este envio é precedido de uma ordem que se resume a uma pobreza total, pois não devem levar nem pão, nem alforge, nem dinheiro, nem sapatos, nem duas túnicas, apenas um bastão e o poder que lhes outorgava sobre os espíritos impuros.
Neste envio dos Doze o material, a bagagem, é um obstáculo à missão, e portanto eles devem partir sem nada e voltar sem nada. Devem levar apenas o poder que lhes entregava e a confiança total na mão de Deus. Só desta forma eles poderiam ser livres para libertar os outros com que se encontrassem.
É interessante notar que Jesus não lhes estabelece nenhum programa ideológico de missão, nenhuma mensagem a transmitir àqueles com quem se encontrassem. Eles próprios deveriam ser a mensagem e por essa razão é que são enviados dois a dois. Não é um pormenor acidental, bem pelo contrário, porque de acordo com a Lei de Moisés para que um testemunho fosse válido e considerado verdadeiro eram necessárias duas testemunhas. Os Apóstolos partem assim dois a dois para confirmarem com a sua unidade que era válido e verdadeiro o seu testemunho.
E o seu testemunho, a mensagem que deveriam transmitir, era de como é possível viver o amor, a justiça, a paz e a concórdia em Jesus Cristo. “Vejam como eles se amam”, era o que eles deviam anunciar com a sua missão conjunta, era como eles deviam ser reconhecidos, era como eles deviam anunciar o Reino de Deus.
Este envio dos Doze Apóstolos é para nós hoje um desafio em termos de evangelização, de anúncio do Reino de Jesus Cristo, porque como eles somos convidados a anunciar com o nosso testemunho de vida comum, de unidade e de fraternidade, a libertação que se operou e opera em Jesus.
Para que tal aconteça, ou possa acontecer temos que realmente partir como os Doze, sem bagagens intelectuais ou materiais, sem preconceitos ou indiferentismos, confiantes na Palavra de Deus de que estará connosco até ao fim dos tempos e que nunca nos abandonará. Temos que partir livres, como estrangeiros em terra estranha, para escutar o grito dos que necessitam ajuda, gritos que hoje tão frequentemente são silenciados pelo ruído que nos rodeia e nos distrai. Temos que partir com essa convicção que não vamos colocar ninguém do nosso lado, não vamos à conquista de adeptos ou devotos, mas vamos anunciar um caminho de liberdade fundamentado na verdade e na vida. Um caminho, uma verdade e uma vida que não são nossos, mas para os quais fomos chamados por Deus como anunciadores.
É esta a tarefa do profeta de hoje, do anunciador da Palavra de Deus, libertar-se de todas as ataduras, para escutar em verdade o próximo e apresentar-lhe a libertação que é Jesus o Cristo Senhor.
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