As leituras da Liturgia da Palavra deste domingo colocam diante dos nossos olhos as dificuldades inerentes ao ofício de profeta, de anunciador e pregador do Reino de Deus.
Como dizia Deus ao profeta Ezequiel na primeira leitura que escutámos, nada garante ao profeta que seja escutado, que as suas palavras sejam tidas em conta. Bem pelo contrário, o que Deus garante ou anuncia é que o mais certo e consequente face ao coração empedernido do povo escolhido é que ele seja rejeitado, que as suas palavras não sejam escutadas.
Deus coloca Ezequiel de sobreaviso das dificuldades para que ele, enviado por Deus, não desfaleça nem desanime, porque o verdadeiramente importante é que ele fale, que ele anuncie, mesmo que não seja escutado. O importante é que eles saibam que há um profeta no meio deles. Deus encarregar-se-á do resto.
A leitura do Evangelho de São Marcos ilustra como esta realidade foi vivida também por Jesus, como entre os seus experimentou a decepção de não ser escutado.
Enquanto que em outras aldeias a multidão o procurava a apertava para estar junto dele, para experimentar da sua presença, aqueles que o conhecem são incapazes do menor gesto de fé. Eles são capazes de o escutar e até de reconhecer que há sabedoria nas suas palavras, mas no seu coração são incapazes de se abrir à outra presença de dimana de Jesus, à presença divina.
Aqueles que conheciam Jesus desde criança não são capazes de ultrapassar o cepticismo e a critica e por isso mesmo rapidamente agem com rejeição e hostilidade. E o grande paradoxo desta atitude, desta rejeição, é que ela se fundamenta no próprio conhecimento que têm de Jesus. Eles conheciam Jesus desde a infância, sabiam quem eram os seus pais, os seus irmãos e irmãs, em suma a sua família e origem.
Ou seja, os que conhecem Jesus recusam-no e rejeitam-no por esse mesmo conhecimento, ou pelo menos pelo conhecimento que pensavam que tinham de Jesus. O conhecimento segundo a carne, impede os nazarenos de acederem a Jesus, ao verdadeiro Jesus e de acreditarem que diante deles não estava só o filho de José e de Maria, mas também o Filho de Deus. O conhecimento humano, familiar impede assim o acesso ao mistério de Jesus enquanto Filho de Deus.
No Evangelho de São Marcos, estes homens, estes nazarenos vão significar e simbolizar aquele grupo de pessoas que se recusa a acreditar em Jesus. Simboliza aquele grupo que conhecendo Jesus de forma histórica, humana, se recusa a reconhecer e a ver nele a divindade. Outros grupos, como os pagãos simbolizarão aqueles que não o conhecendo acreditam, enquanto que o grupo dos fariseus simboliza aqueles que o condenam à morte pela ameaça que ele representa aos seus interesses. Também eles de alguma forma acreditam.
E a grande pergunta destes homens, destes nazarenos, é a grande pergunta de muitos dos nossos contemporâneos e até amigos. Como é possível que Deus se manifeste num homem, e ainda por cima num pobre homem carpinteiro de uma aldeia perdida na Palestina? Pensar e colocar esta possibilidade não é só por si uma blasfémia, um atentado à ideia e dignidade de Deus? E se acrescentarmos a esta ideia a história de uma morte na cruz, uma morte ignominiosa, e que nós dizemos que é uma morte salvadora, a ideia não se torna ainda mais blasfema e inacreditável?
Podemos e devemos interrogar-nos se uma das razões da falta de fé dos nossos contemporâneos não está aqui. Porque não é fácil aceitar o mistério da Encarnação e muito menos o mistério da Kenosis, do total abaixamento de Deus, quando a grande aspiração do homem, a grande luta é pelo seu engrandecimento, é pela sua divinização. Desde Nietzche que o nosso desejo é o do super-homem, é o da nossa divinização, ainda que tal desejo tenha sido cumprido com esse homem que era carpinteiro e morreu numa cruz por todos nós.
Mas esta questão da fé em Jesus coloca-se também e de modo especial para aqueles que anunciam, para os pregadores, porque à esperança de uma superação de todas as dificuldades depara-se a realidade dos inimigos tanto externos como internos.
É o espinho de que fala São Paulo na Carta aos Coríntios e que para aquele que anuncia é tão fundamental como a própria fé. Como foi revelado a São Paulo o importante é a graça, é essa força do alto que anima a pregação e lhe dá força para enfrentar todas as dificuldades e desafios.
As fraquezas do homem, do pregador, de qualquer um de nós como anunciador do Reino de Cristo são o meio para garantir que a Palavra anunciada não é nossa, não é pessoal, mas é verdadeiramente de Deus.
E é esta para nós a grande mensagem deste domingo e destas leituras. Não podemos fazer fé nas nossas forças, nas nossas qualidades, temos que deixar que através de nós Deus actue, sendo fieis ao que acreditamos e anunciamos. Porque, como diz Deus a Ezequiel, o importante é que saibam que há um profeta no meio deles, que há alguém que acredita e anuncia. Se formos fiéis a graça actuará em nós e nos outros.
Como dizia Deus ao profeta Ezequiel na primeira leitura que escutámos, nada garante ao profeta que seja escutado, que as suas palavras sejam tidas em conta. Bem pelo contrário, o que Deus garante ou anuncia é que o mais certo e consequente face ao coração empedernido do povo escolhido é que ele seja rejeitado, que as suas palavras não sejam escutadas.
Deus coloca Ezequiel de sobreaviso das dificuldades para que ele, enviado por Deus, não desfaleça nem desanime, porque o verdadeiramente importante é que ele fale, que ele anuncie, mesmo que não seja escutado. O importante é que eles saibam que há um profeta no meio deles. Deus encarregar-se-á do resto.
A leitura do Evangelho de São Marcos ilustra como esta realidade foi vivida também por Jesus, como entre os seus experimentou a decepção de não ser escutado.
Enquanto que em outras aldeias a multidão o procurava a apertava para estar junto dele, para experimentar da sua presença, aqueles que o conhecem são incapazes do menor gesto de fé. Eles são capazes de o escutar e até de reconhecer que há sabedoria nas suas palavras, mas no seu coração são incapazes de se abrir à outra presença de dimana de Jesus, à presença divina.
Aqueles que conheciam Jesus desde criança não são capazes de ultrapassar o cepticismo e a critica e por isso mesmo rapidamente agem com rejeição e hostilidade. E o grande paradoxo desta atitude, desta rejeição, é que ela se fundamenta no próprio conhecimento que têm de Jesus. Eles conheciam Jesus desde a infância, sabiam quem eram os seus pais, os seus irmãos e irmãs, em suma a sua família e origem.
Ou seja, os que conhecem Jesus recusam-no e rejeitam-no por esse mesmo conhecimento, ou pelo menos pelo conhecimento que pensavam que tinham de Jesus. O conhecimento segundo a carne, impede os nazarenos de acederem a Jesus, ao verdadeiro Jesus e de acreditarem que diante deles não estava só o filho de José e de Maria, mas também o Filho de Deus. O conhecimento humano, familiar impede assim o acesso ao mistério de Jesus enquanto Filho de Deus.
No Evangelho de São Marcos, estes homens, estes nazarenos vão significar e simbolizar aquele grupo de pessoas que se recusa a acreditar em Jesus. Simboliza aquele grupo que conhecendo Jesus de forma histórica, humana, se recusa a reconhecer e a ver nele a divindade. Outros grupos, como os pagãos simbolizarão aqueles que não o conhecendo acreditam, enquanto que o grupo dos fariseus simboliza aqueles que o condenam à morte pela ameaça que ele representa aos seus interesses. Também eles de alguma forma acreditam.
E a grande pergunta destes homens, destes nazarenos, é a grande pergunta de muitos dos nossos contemporâneos e até amigos. Como é possível que Deus se manifeste num homem, e ainda por cima num pobre homem carpinteiro de uma aldeia perdida na Palestina? Pensar e colocar esta possibilidade não é só por si uma blasfémia, um atentado à ideia e dignidade de Deus? E se acrescentarmos a esta ideia a história de uma morte na cruz, uma morte ignominiosa, e que nós dizemos que é uma morte salvadora, a ideia não se torna ainda mais blasfema e inacreditável?
Podemos e devemos interrogar-nos se uma das razões da falta de fé dos nossos contemporâneos não está aqui. Porque não é fácil aceitar o mistério da Encarnação e muito menos o mistério da Kenosis, do total abaixamento de Deus, quando a grande aspiração do homem, a grande luta é pelo seu engrandecimento, é pela sua divinização. Desde Nietzche que o nosso desejo é o do super-homem, é o da nossa divinização, ainda que tal desejo tenha sido cumprido com esse homem que era carpinteiro e morreu numa cruz por todos nós.
Mas esta questão da fé em Jesus coloca-se também e de modo especial para aqueles que anunciam, para os pregadores, porque à esperança de uma superação de todas as dificuldades depara-se a realidade dos inimigos tanto externos como internos.
É o espinho de que fala São Paulo na Carta aos Coríntios e que para aquele que anuncia é tão fundamental como a própria fé. Como foi revelado a São Paulo o importante é a graça, é essa força do alto que anima a pregação e lhe dá força para enfrentar todas as dificuldades e desafios.
As fraquezas do homem, do pregador, de qualquer um de nós como anunciador do Reino de Cristo são o meio para garantir que a Palavra anunciada não é nossa, não é pessoal, mas é verdadeiramente de Deus.
E é esta para nós a grande mensagem deste domingo e destas leituras. Não podemos fazer fé nas nossas forças, nas nossas qualidades, temos que deixar que através de nós Deus actue, sendo fieis ao que acreditamos e anunciamos. Porque, como diz Deus a Ezequiel, o importante é que saibam que há um profeta no meio deles, que há alguém que acredita e anuncia. Se formos fiéis a graça actuará em nós e nos outros.
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