O Evangelho deste domingo coloca-nos diante dos olhos um episódio da vida de Jesus que se prende e relaciona mais com os discípulos que propriamente com Jesus, ainda que Jesus seja o protagonista da acção e os discípulos apenas espectadores dessa mesma acção poderosa.
Depois de um dia de pregação e caminhada, de encontro com pessoas, doentes e pecadores, depois de um dia de cansaço Jesus repousa na barca de Pedro. Sabemos pelo testemunho da paixão, pelos quarenta dias passados no deserto, que Jesus era um homem forte, com uma boa constituição física. A profissão de carpinteiro exige alguma força e constituição física para o exercício das tarefas. Contudo, depois de um dia de trabalho, de um dia de andanças, quem não se sente cansado, quem não inclina a cabeça sobre uma almofada, ainda que dura, para repousar e retemperar as forças? Jesus está nesta situação, cansado e necessitado de retemperar as forças. Ele é Deus todo-poderoso mas é também homem e sofre as nossas limitações.
E é nesta situação que se levanta uma forte tempestade que abala a barca onde segue com o grupo dos discípulos, homens que estavam habituados ao mar e portanto às tempestades e às situações em que a vida se coloca em perigo. Não era certamente uma novidade para eles e saberiam como agir perante tais desafios. Contudo, desta vez a tempestade é mais forte e por isso são obrigados a recorrer a Jesus, que de tão cansado ainda não se dera conta do perigo.
Este recurso a Jesus não deixa de ser estranho, ou pelo menos a reacção posterior à acção de Jesus de acalmar a tempestade. Tendo recorrido a Jesus, mostravam alguma fé, alguma confiança numa resposta, de certa forma acreditavam no seu poder para colocar fim àquele perigo. Mas não era uma fé suficiente, ou total, e por isso foram repreendidos por Jesus, questionados da forma como os questionou. “Ainda não tendes fé?” Porque de facto, se tivessem fé não haveria razão para estarem assustados, ou pelo menos para terem ficado perplexos perante a ordem de Jesus para que o mar se acalmasse. Havia neles uma ambivalência entre a fé e a dúvida que era necessária clarificar e resolver. E por esta razão são eles o centro deste episódio do Evangelho de São Marcos.
Neste sentido nós estamos também com eles, partilhamos da mesma situação, da mesma ambivalência, porque Jesus vai a dormir na nossa barca, mesmo nos momentos de maior dificuldade e perigo, mas muitas vezes, e mais frequentemente do que devia ser, duvidamos dessa presença e da possibilidade de Ele acalmar as tempestades que nos patenteiam a nossa fragilidade e incapacidade de dominar tudo e todos.
Acreditamos em Deus e em Jesus como essa força que nos eleva e salva, como a resposta para as nossas dificuldades e questões. Acreditamos que Ele está connosco e nos acompanha e protege. Contudo, quando na vida se levanta algum problema, quando somos colocados em causa pela nossa própria condição de finitude, essa fé da presença de Jesus entra muitas vezes em colapso, em derrocada.
Quantas vezes já perante a morte, a dor e o sofrimento, perguntámos a Jesus, não te importas? Não te preocupas connosco? Onde estás quando mais preciso de ajuda, da tua ajuda e presença? Estamos perante a ambivalência dos discípulos na barca e face à tempestade. Sabemos que Jesus vai connosco, que tem poder para agir, mas nós não temos total confiança e fé para nos deixarmos levar até ao fim.
Santa Teresa de Ávila dizia que é no coração das tempestades que Jesus mais nos procura. Embora, verdade seja dita, que é no coração das tempestades quando menos procuramos Jesus, ou pelo menos como o devíamos procurar. Porque no meio das tempestades devemos procurar Jesus como São Paulo nos indica na Segunda Carta aos Coríntios, como Aquele que morreu por todos e portanto todos morremos com Ele.
Em Jesus fizemos já a experiência da morte, da finitude e da incapacidade, das limitações e do sofrimento, e fizemo-lo de uma forma total e redentora. Não podemos perguntar a Jesus como perguntaram os discípulos na barca “ não te importas connosco?”, porque a verdade é que Jesus se importa connosco, se importou imenso e por isso mesmo se fez um de nós e fez a experiência das nossas limitações. E fê-lo quando não merecíamos, sem o merecermos, e antecipando-se a qualquer possibilidade da nossa parte de o merecermos.
Este episódio da barca na qual Jesus vai a dormir convida-nos assim à fé, mas a uma fé fortalecida com essa convicção de São Paulo de que “se alguém está em Cristo é uma nova criatura” e portanto todas as suas experiências possíveis foram já vividas em Cristo e estão resgatadas do mal e da morte. Vivamos confiantes de que Jesus está connosco e no seu silêncio nos convida a acalmarmos para o sentirmos presente e vivo em nós.
Depois de um dia de pregação e caminhada, de encontro com pessoas, doentes e pecadores, depois de um dia de cansaço Jesus repousa na barca de Pedro. Sabemos pelo testemunho da paixão, pelos quarenta dias passados no deserto, que Jesus era um homem forte, com uma boa constituição física. A profissão de carpinteiro exige alguma força e constituição física para o exercício das tarefas. Contudo, depois de um dia de trabalho, de um dia de andanças, quem não se sente cansado, quem não inclina a cabeça sobre uma almofada, ainda que dura, para repousar e retemperar as forças? Jesus está nesta situação, cansado e necessitado de retemperar as forças. Ele é Deus todo-poderoso mas é também homem e sofre as nossas limitações.
E é nesta situação que se levanta uma forte tempestade que abala a barca onde segue com o grupo dos discípulos, homens que estavam habituados ao mar e portanto às tempestades e às situações em que a vida se coloca em perigo. Não era certamente uma novidade para eles e saberiam como agir perante tais desafios. Contudo, desta vez a tempestade é mais forte e por isso são obrigados a recorrer a Jesus, que de tão cansado ainda não se dera conta do perigo.
Este recurso a Jesus não deixa de ser estranho, ou pelo menos a reacção posterior à acção de Jesus de acalmar a tempestade. Tendo recorrido a Jesus, mostravam alguma fé, alguma confiança numa resposta, de certa forma acreditavam no seu poder para colocar fim àquele perigo. Mas não era uma fé suficiente, ou total, e por isso foram repreendidos por Jesus, questionados da forma como os questionou. “Ainda não tendes fé?” Porque de facto, se tivessem fé não haveria razão para estarem assustados, ou pelo menos para terem ficado perplexos perante a ordem de Jesus para que o mar se acalmasse. Havia neles uma ambivalência entre a fé e a dúvida que era necessária clarificar e resolver. E por esta razão são eles o centro deste episódio do Evangelho de São Marcos.
Neste sentido nós estamos também com eles, partilhamos da mesma situação, da mesma ambivalência, porque Jesus vai a dormir na nossa barca, mesmo nos momentos de maior dificuldade e perigo, mas muitas vezes, e mais frequentemente do que devia ser, duvidamos dessa presença e da possibilidade de Ele acalmar as tempestades que nos patenteiam a nossa fragilidade e incapacidade de dominar tudo e todos.
Acreditamos em Deus e em Jesus como essa força que nos eleva e salva, como a resposta para as nossas dificuldades e questões. Acreditamos que Ele está connosco e nos acompanha e protege. Contudo, quando na vida se levanta algum problema, quando somos colocados em causa pela nossa própria condição de finitude, essa fé da presença de Jesus entra muitas vezes em colapso, em derrocada.
Quantas vezes já perante a morte, a dor e o sofrimento, perguntámos a Jesus, não te importas? Não te preocupas connosco? Onde estás quando mais preciso de ajuda, da tua ajuda e presença? Estamos perante a ambivalência dos discípulos na barca e face à tempestade. Sabemos que Jesus vai connosco, que tem poder para agir, mas nós não temos total confiança e fé para nos deixarmos levar até ao fim.
Santa Teresa de Ávila dizia que é no coração das tempestades que Jesus mais nos procura. Embora, verdade seja dita, que é no coração das tempestades quando menos procuramos Jesus, ou pelo menos como o devíamos procurar. Porque no meio das tempestades devemos procurar Jesus como São Paulo nos indica na Segunda Carta aos Coríntios, como Aquele que morreu por todos e portanto todos morremos com Ele.
Em Jesus fizemos já a experiência da morte, da finitude e da incapacidade, das limitações e do sofrimento, e fizemo-lo de uma forma total e redentora. Não podemos perguntar a Jesus como perguntaram os discípulos na barca “ não te importas connosco?”, porque a verdade é que Jesus se importa connosco, se importou imenso e por isso mesmo se fez um de nós e fez a experiência das nossas limitações. E fê-lo quando não merecíamos, sem o merecermos, e antecipando-se a qualquer possibilidade da nossa parte de o merecermos.
Este episódio da barca na qual Jesus vai a dormir convida-nos assim à fé, mas a uma fé fortalecida com essa convicção de São Paulo de que “se alguém está em Cristo é uma nova criatura” e portanto todas as suas experiências possíveis foram já vividas em Cristo e estão resgatadas do mal e da morte. Vivamos confiantes de que Jesus está connosco e no seu silêncio nos convida a acalmarmos para o sentirmos presente e vivo em nós.
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