segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Santa Rosa de Lima

A história da Ordem dos Pregadores, Dominicanos, está marcada por mulheres que deixaram marca, que foram e são incontornáveis quando queremos pensar o carisma, a missão da Ordem, a sua natureza apostólica e monástica.
Uma dessas mulheres é Santa Rosa de Lima, uma mulher que morreu bastante jovem, com 31 anos a 24 de Agosto de 1617. Contudo, e apesar da juventude, foi uma mulher que deixou marca, ou melhor, que marcou profundamente aqueles com quem viveu, pois encarnou de uma forma radical as várias dimensões que caracterizam o carisma da Ordem.
Santa Rosa de Lima nasceu em 1586 nesta cidade do Peru. Foi a terceira filha do casal e no baptismo recebeu o nome de Isabel, o nome da sua avó. Nome que bem cedo foi trocado pelo de Rosa, pois a mãe desde o berço que a tratava por esse nome, uma vez que via no brilho do seu rosto de criança a beleza desta flor.
Vivendo no recato do lar, ajudando a economia da família com os seus lavores, pois o salário do pai como militar não dava para tudo, Rosa desde cedo começou a levar uma vida de clausura e a dedicar-se à oração e contemplação. É deste seu trabalho que também retirará os rendimentos para oferecer aos mais pobres que batem à porta de casa.
Em 1606 e depois de alguns convites para ingressar em alguns mosteiros da cidade de Lima, como os das Clarissas e das Agostinhas, Rosa professa publicamente como Terceira Dominicana, passando assim a viver de uma forma mais comprometida e inserida no mundo a sua consagração ao Senhor.
Do seu dia a dia faziam parte o trabalho que levava a cabo, a solidariedade com os mais necessitados através da esmola e das visitas aos doentes, e a oração que lhe tomava longas horas da noite. Nestas vigílias e momentos de contemplação Rosa fortalecia o seu espírito e enriquecia-se para poder alimentar a sua misericórdia.
Neste sentido, e acompanhando São Martinho de Lima, seu contemporâneo e vizinho, podemos dizer que Rosa vivia o carisma da pregação através da sua caridade, do seu exemplo de vida, da sua relação intima e forte com Deus e numa situação de inserção total no mundo. Como São Domingos e Santa Catarina preocupava-se com os pecadores e com todos aqueles que sofriam no corpo ou no espírito.
A sua morte, e mais particularmente o seu funeral foi um momento de grande manifestação de fé e reconhecimento público na cidade de Lima, de tal modo que não pôde ser sepultada do dia marcado devido à grande afluência de gente que queria tocar-lhe. Rapidamente os milagres acontecem e por isso no mesmo dia em que é sepultada abre-se o processo para o reconhecimento da sua santidade. Foi beatificada por Clemente IX em 1668 e canonizada em 1671 por Clemente X.
Em Lisboa, sabida a notícia da canonização fizeram-se também grandes festejos na igreja do Convento de São Domingos, dos quais há alguns sermões e crónicas.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada por esta importante partilha que ilustrou com uma bela imagem de Santa Rosa de Lima. Só o conhecimento do passado nos habilita a viver de forma esclarecida o presente, e a reflectir sobre o mesmo. ... “Neste sentido, e acompanhando São Martinho de Lima, seu contemporâneo e vizinho, podemos dizer que Rosa vivia o carisma da pregação através da sua caridade, do seu exemplo de vida, da sua relação intima e forte com Deus e numa situação de inserção total no mundo. Como São Domingos e Santa Catarina preocupava-se com os pecadores e com todos aqueles que sofriam no corpo ou no espírito.”
    Que o exemplo de vida de Santa Rosa Lima nos inspire no nosso quotidiano e sirva de modelo, de referência a novas vocações.
    Bem haja, Frei José Carlos.
    Um abraço fraterno,
    MJS

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  2. Frei José Carlos,
    Tendo mantido a minha atenção na vida de Santa Rosa de Lima, que publicou, para fraternalmente a partilhar connosco, não posso deixar de descobrir nela traços comuns de mulher inserida no mundo: como quando ajudava a economia da família com os seus lavores; a solidaridade, quando visitava os doentes, a ajuda aos mais necessitados através da esmola;preocupava-se com os pecadores e com todos os que sofriam.Enfim a prática da virtude como seu exemplo de vida e que fizeram dela uma santa. Consagrou-se ao Senhor, mantendo-se no século para viver de uma forma mais comprometida o seu amor a Deus.
    Atrevo-me a adivinhar quanto chorou quando perdeu um ente querido, quanto se emocionou publicamente com as Irmãs em momentos mais solenes, quantas dúvidas não a teriam assaltado perante as tomadas de posição perante a vida, o que não teve de lutar para viver santamente em comunidade, porque era humana como nós todos...
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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