terça-feira, 21 de setembro de 2010

Jesus à mesa de Mateus (Mt 9,10)

Depois de convidar Mateus a segui-lo, e da pronta resposta do convidado, Jesus encontra-se na casa do mesmo, sentado à mesa com os amigos e companheiros daquele que era cobrador de impostos e funcionário do império romano.
Situação estranha para olhos fariseus, que em tudo viam mal, pecado, motivos para a exclusão e a rejeição. Situação de festa para Jesus e Mateus e todos os demais que aceitavam partilhar a mesma mesa e o mesmo pão sem preconceitos, sem segundas intenções, ainda que todos soubessem que o que partilhavam era certamente fruto do roubo, da exploração, da injustiça fiscal de um império opressor, à qual Mateus tinha dedicado a vida.
Jesus também o sabia, não lhe era estranha a profissão e a vida de Mateus e daqueles homens. Ele sabia perfeitamente o que havia no coração e cada um deles, onde tinham colocado os seus tesouros. Mas por essa mesma razão estava ali, para poder mostrar que há possibilidade de conversão, de mudança de vida, de recolocação do tesouro, de que a misericórdia pode funcionar mesmo naqueles que aparentemente parecem fechados a ela.
“Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes”, e um médico para poder curar verdadeiramente o seu doente tem que conhecer a doença, tem que fazer os diagnóstico, tem que tocar o tumor, não pode ter nojo da doença do seu paciente se a quiser curar. Jesus actua nesta casa e neste jantar com Mateus como o médico que vem oscultar o seu paciente.
Um outro dia, num outro lugar e com um outro chamado Zaqueu, procederá de forma semelhante e a partir dessa acção poderá ouvir a proposta de mudança de vida, poderá confirmar que a sua acção é salvadora de vidas. Vou dar aos pobres metade do meu dinheiro e se alguém prejudiquei restituirei quatro vezes mais. A misericórdia oferecida através do desejo de partilhar uma refeição, uma estadia em casa, reflecte-se em misericórdia para com os outros, em recolocação do tesouro da vida e do seu sentido.
Esta atitude de Jesus deve levar-nos também a olhar os outros e as suas situações de vida de forma diferente, a vê-los com olhos de conversão, de misericórdia, e a perceber que qualquer situação pode ser uma oportunidade para o testemunho, para o apelo à conversão, para a manifestação da misericórdia e do amor de Deus.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Que bela e importante partilha no dia da festa litúrgica do apóstolo. S.Mateus. Obrigada por nos recordar ...” que há possibilidade de conversão, de mudança de vida, de recolocação do tesouro, de que a misericórdia pode funcionar mesmo naqueles que aparentemente parecem fechados a ela” e que a atitude de Jesus “deve levar-nos também a olhar os outros e as suas situações de vida de forma diferente, a vê-los com olhos de conversão, de misericórdia, e a perceber que qualquer situação pode ser uma oportunidade para o testemunho, para o apelo à conversão, para a manifestação da misericórdia e do amor de Deus”.

    Bem haja, por nos conduzir a este exercício tão frequente, de meditação, de auto-exame, por nos despertar para a prática dos Ensinamentos de Jesus.

    Um abraço fraterno, MJS

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  2. Frei José Carlos,
    Sabe bem chegar ao fim do dia, de um dia em que procurámos servir, em que nem a força nem a boa disposição nos faltaram para nos dividirmos, em que fomos oferecendo ao Senhor cada um dos nosos actos, dos nossos passos... sabe bem ter diante de nós a sua partilha de espiritualidade, ajudando-nos a sentir "a manifestação da misericórdia e do amor de Deus."
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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