É comum quando se fala do Rosário da Virgem Santa Maria relacioná-lo com os dominicanos e mais precisamente com São Domingos. A tradição diz-nos que foi São Domingos que fundou o Rosário.
Para uma verdadeira compreensão e um debate sério sobre esta matéria, que já foi alvo de grandes discussões, temos que temos presente que não se pode fazer tal debate se não fizermos a separação do que é tradição, com o que ela comporta de lenda, do que é a história que se documenta em Bulas papais, diplomas e outros textos oficiais da Igreja e mesmo da própria Ordem.
No que diz respeito à tradição, e salientando uma vez mais que não se deve confundir com a lenda que é uma coisa diferente, é inegável que no século XV existia já uma tradição que atribuía as origens do Rosário a São Domingos. É uma verdade assumida por todos, desde o simples povo analfabeto aos intelectuais, e ninguém colocava essa tradição em causa. A lenda tinha-se de tal modo misturado com a tradição no decorrer dos séculos que era impossível fazer a destrinça de uma e de outra.
Para nós a realidade é bem diferente, pois também os métodos de investigação histórica são outros e permitem por isso outras abordagens e outras buscas da verdade. Neste sentido, temos que ter presente, antes de mais, que o Rosário como todas as devoções se elaborou lentamente, sofreu um processo evolutivo que permitiu o aparecimento daquilo que hoje conhecemos e identificamos como Rosário. Não podemos exigir a formação integral do Rosário desde o primeiro momento em que se fala dele, assim como não podemos pensar que São Domingos o recebeu da Virgem Maria e o rezava da mesma forma como hoje o rezamos. Temos assim que admitir que há uma certa origem obscura, uma evolução hesitante e criativa até ao fruto madura e consistente que no século XV já estava disseminado por toda a Europa.
No que diz respeito à relação do Rosário com São Domingos temos que assumir que os seus contemporâneos e testemunhas do seu processo de canonização, bem como os primeiros escritores da Ordem, não mencionam o Rosário como uma das devoções da Ordem. Pelo contrário o seu grande interesse é mostrar e transmitir as origens da Ordem e da sua consolidação como estrutura da Igreja. E ainda que falem da oração de Domingos e dos primeiros irmãos fazem-no sempre no sentido da disciplina e da austeridade que existia então.
O Rosário quando aparece referido pela tradição aparece sempre referido não no âmbito da oração, mas sim da pregação, dizendo-nos que São Domingos se servia do Rosário como método para chegar com o seu ensinamento aos cátaros e albigenses. A oração e o ensino partilhavam o mesmo objecto, a mesma forma.
Perante estes dados, temos que ter presente que o Rosário desde o princípio era uma oração individual, não oficial, e presente em quase todos os meios monásticos e religiosos. As regras monásticas determinavam as grandes linhas da Liturgia comunitária mas deixavam para a devoção particular e individual alguns costumes e tradições que depois acabaram por enquadrar a observância regular. A cada individuo era deixada a liberdade para buscar e seguir a forma mais pessoal de desenvolver a sua vida espiritual.
Com os dominicanos também assim acontecia, pelo que podemos ver nas Constituições primitivas, que eram breves e sucintas, redigidas segundo o modelo primitivo da Regra de Santo Agostinho, que a Liturgia comum ocupava um grande espaço e estava bem determinada, mas as devoções particulares não têm qualquer lugar. O Rosário era assim uma devoção particular e individual que o tempo e a história assimilaram até o encontrarmos já plena e completamente definido e assumido no século XV. Podemos dizer que a Ordem de São Domingos foi o seu berço e nela se desenvolveu até à plenitude.
Para uma verdadeira compreensão e um debate sério sobre esta matéria, que já foi alvo de grandes discussões, temos que temos presente que não se pode fazer tal debate se não fizermos a separação do que é tradição, com o que ela comporta de lenda, do que é a história que se documenta em Bulas papais, diplomas e outros textos oficiais da Igreja e mesmo da própria Ordem.
No que diz respeito à tradição, e salientando uma vez mais que não se deve confundir com a lenda que é uma coisa diferente, é inegável que no século XV existia já uma tradição que atribuía as origens do Rosário a São Domingos. É uma verdade assumida por todos, desde o simples povo analfabeto aos intelectuais, e ninguém colocava essa tradição em causa. A lenda tinha-se de tal modo misturado com a tradição no decorrer dos séculos que era impossível fazer a destrinça de uma e de outra.
Para nós a realidade é bem diferente, pois também os métodos de investigação histórica são outros e permitem por isso outras abordagens e outras buscas da verdade. Neste sentido, temos que ter presente, antes de mais, que o Rosário como todas as devoções se elaborou lentamente, sofreu um processo evolutivo que permitiu o aparecimento daquilo que hoje conhecemos e identificamos como Rosário. Não podemos exigir a formação integral do Rosário desde o primeiro momento em que se fala dele, assim como não podemos pensar que São Domingos o recebeu da Virgem Maria e o rezava da mesma forma como hoje o rezamos. Temos assim que admitir que há uma certa origem obscura, uma evolução hesitante e criativa até ao fruto madura e consistente que no século XV já estava disseminado por toda a Europa.
No que diz respeito à relação do Rosário com São Domingos temos que assumir que os seus contemporâneos e testemunhas do seu processo de canonização, bem como os primeiros escritores da Ordem, não mencionam o Rosário como uma das devoções da Ordem. Pelo contrário o seu grande interesse é mostrar e transmitir as origens da Ordem e da sua consolidação como estrutura da Igreja. E ainda que falem da oração de Domingos e dos primeiros irmãos fazem-no sempre no sentido da disciplina e da austeridade que existia então.
O Rosário quando aparece referido pela tradição aparece sempre referido não no âmbito da oração, mas sim da pregação, dizendo-nos que São Domingos se servia do Rosário como método para chegar com o seu ensinamento aos cátaros e albigenses. A oração e o ensino partilhavam o mesmo objecto, a mesma forma.
Perante estes dados, temos que ter presente que o Rosário desde o princípio era uma oração individual, não oficial, e presente em quase todos os meios monásticos e religiosos. As regras monásticas determinavam as grandes linhas da Liturgia comunitária mas deixavam para a devoção particular e individual alguns costumes e tradições que depois acabaram por enquadrar a observância regular. A cada individuo era deixada a liberdade para buscar e seguir a forma mais pessoal de desenvolver a sua vida espiritual.
Com os dominicanos também assim acontecia, pelo que podemos ver nas Constituições primitivas, que eram breves e sucintas, redigidas segundo o modelo primitivo da Regra de Santo Agostinho, que a Liturgia comum ocupava um grande espaço e estava bem determinada, mas as devoções particulares não têm qualquer lugar. O Rosário era assim uma devoção particular e individual que o tempo e a história assimilaram até o encontrarmos já plena e completamente definido e assumido no século XV. Podemos dizer que a Ordem de São Domingos foi o seu berço e nela se desenvolveu até à plenitude.
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