sábado, 8 de abril de 2017

Decidiram dar-lhe a morte. (Jo 11,53)

O cerco vai-se apertando, os ânimos vão ficando mais exaltados e nas veias circula o ódio contra Jesus. O medo apodera-se dos corações, é preferível um homem morrer, um inocente, a perder-se o poder que se tem. As autoridades decidem a morte de Jesus, é um perigo para eles e para o poder que possuem.
Jesus aceita a morte, ainda que distante de toda esta trama de violência que se gera à sua volta, Jesus aceita o papel que lhe compete, aceita entregar a sua vida nas mãos dos homens, ser julgado por homens sem qualquer sentido de justiça, condenado por eles sem escrúpulos a uma morte ignominiosa.
Ele morre por ter anunciado aos homens o amor sem medida de Deus, o amor eterno que desde o primeiro momento da criação Deus mantém pela sua obra, e de modo particular pela obra que é sua imagem e semelhança. Ele morre por ter revelado um Deus que se apaixona, que perdoa, que sente as dores da maternidade por um filho que se perde. Ele morre por ter apresentado Deus humano.
A cruz elevada no alto do Gólgota revela-nos esse amor abissal de Deus pela humanidade, o seu coração amante para que todos os homens o saibam e possam amar sem medo. A cruz revela-nos que o amor vence o mal, o ódio, a violência, que Deus se entrega para vencer o mal que nos corrompe.
Quando traçamos sobre nós o sinal da cruz, no início de cada oração, de cada celebração da Missa, era bom que nos recordássemos desse amor, de como estamos e fomos mergulhados na mesma cruz em que Jesus esteve pregado, como ao traçá-la sobre nós estamos a assinalar a habitação do amor de Deus. Pela sua cruz Jesus deu-nos a vida divina que nos habita, fez de nós habitação de Deus.
Que o saibamos cuidar e assinalar dignamente, que descubramos todo o significado e poder deste gesto tantas vezes banalizado no seu traçar desajeitado e sem sentido.

 
Ilustração:
“O pagamento de Judas pela traição”, Giotto di Bondone, fresco da Capela dei Scrovegni, Pádua.

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