O Evangelho de São Lucas que acabámos de escutar relata-nos um episódio da vida de Jesus que à primeira vista pode ser considerado como desprestigiante para a sua mãe. Perante o elogio de uma mulher da multidão ao ventre que o transportou e aos peitos que o amamentaram, ou seja à mulher que tinha sido sua mãe, Jesus responde de uma forma que retira a Maria, sua mãe, qualquer prestígio por esse mesmo facto. Para ele e para o Reino o importante não é a dimensão física, relacional, familiar, mas a adesão e o cumprimento da vontade do Pai.
Esta resposta de Jesus têm no entanto um alcance mais vasto, uma dimensão que não retira a Maria, sua mãe, qualquer prestígio, mas bem pelo contrário lhe dá uma dimensão pessoal e única que não podemos deixar de salientar.
Perante uma sociedade machista, patriarcal, em que a mulher era valorizada pela sua capacidade de gerar filhos, de dar uma prole ao marido e uma descendência à família, Jesus valoriza a sua mãe, Maria, não por esse aspecto, mas pela sua adesão livre e comprometida com o projecto de Deus. Jesus retira assim o valor da sua mãe da órbita da maternidade, para a colocar na órbita da autonomia e do respeito daquilo que ela é por si mesma, uma filha de Deus, um membro da comunidade, alguém com poder de decisão sobre a sua vida e a colaboração no projecto de Deus.
É isto que a torna bem-aventurada e feliz, esse compromisso livremente assumido com a proposta que lhe é feita por Deus através do anjo Gabriel de ser a mãe do Messias, do Salvador da humanidade.
E é por esse compromisso, e por tudo o que ele significou na sua vida e para a vida da humanidade e o próprio projecto de Deus, que a tradição da Igreja associou a Maria esta imagem da Arca da Aliança de que falava a primeira leitura do Livro das Crónicas.
David introduz na cidade santa de Jerusalém a Arca da Aliança, esse cofre no qual tinham sido guardadas as tábuas da lei. Ali estava presente e significada a aliança que Deus tinha estabelecido com o povo no deserto do Sinai, bem como a própria presença de Deus entre o seu povo. É por esta razão, e por tudo o que de bom a Arca tinha proporcionado àqueles que a tinham guardado, que David a traz para a cidade santa, para fazer presente no meio do povo a Aliança mas também para ter junto de si o próprio Deus e usufruir dos poderes milagrosos da própria Arca e dessa presença divina.
Quando a tradição da Igreja associa Maria à Arca da Aliança, fá-lo com este mesmo sentido, ou seja, de que Maria é esse cofre onde foi guardada a Nova Aliança que Deus estabeleceu com a humanidade, e através dela, da sua concepção virginal essa Nova Aliança e a lei que comporta foi introduzida na cidade humana. Por esta razão, tal como a Arca da Aliança foi construída de acordo com as medidas e as instruções dadas por Deus a Moisés, também Maria foi constituída, de acordo com o projecto de Deus, capaz de receber a Nova Aliança e a sua presença, ou seja foi concebida cheia de graça para poder ser a Mãe do Messias esperado.
Desta realidade e dimensão ontológica deriva a festa que hoje celebramos da Assunção de Nossa Senhora ao céu, porque não era possível que aquela que tinha sido preparada e cuidada para ser a mãe da presença encarnada de Deus, sofresse a corrupção, experimentasse a finitude aquela que tinha dado à luz a imortalidade e a Vida.
E não a podia experimentar, porque como nos diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, que escutámos, a corrupção e a morte são frutos do pecado. E Maria a mãe de Jesus não conheceu o pecado, uma vez que como diz Jesus na resposta à mulher da multidão Maria ouvia a Palavra de Deus e punha-a em prática, vivia da graça de Deus que ultrapassa qualquer lei, e quem vive na graça de Deus não pode viver em pecado ou ser condenado.
Pelo seu assentimento ao projecto de Deus, de uma Nova Aliança e Presença, Maria passou a ser a primeira a beneficiar dos dons dessa mesma Aliança e Presença e por isso após a sua morte foi também a primeira a usufruir da vitória sobre a morte alcançada pelo seu filho, pelo fruto do seu “fiat” à vontade de Deus.
Ao celebrarmos a vigília desta festa mariana da Assunção de Nossa Senhora, o Senhor convida-nos ao aproximarmo-nos de Maria, aquela que é feliz por ter escutado a Palavra de Deus e a ter posto em prática, a fazermos o mesmo se queremos alcançar a felicidade; e a trazermos Maria para junto de nós, para as nossas casas e comunidades, como Arca de Aliança através da qual podemos alcançar os benefícios de Deus.
Esta resposta de Jesus têm no entanto um alcance mais vasto, uma dimensão que não retira a Maria, sua mãe, qualquer prestígio, mas bem pelo contrário lhe dá uma dimensão pessoal e única que não podemos deixar de salientar.
Perante uma sociedade machista, patriarcal, em que a mulher era valorizada pela sua capacidade de gerar filhos, de dar uma prole ao marido e uma descendência à família, Jesus valoriza a sua mãe, Maria, não por esse aspecto, mas pela sua adesão livre e comprometida com o projecto de Deus. Jesus retira assim o valor da sua mãe da órbita da maternidade, para a colocar na órbita da autonomia e do respeito daquilo que ela é por si mesma, uma filha de Deus, um membro da comunidade, alguém com poder de decisão sobre a sua vida e a colaboração no projecto de Deus.
É isto que a torna bem-aventurada e feliz, esse compromisso livremente assumido com a proposta que lhe é feita por Deus através do anjo Gabriel de ser a mãe do Messias, do Salvador da humanidade.
E é por esse compromisso, e por tudo o que ele significou na sua vida e para a vida da humanidade e o próprio projecto de Deus, que a tradição da Igreja associou a Maria esta imagem da Arca da Aliança de que falava a primeira leitura do Livro das Crónicas.
David introduz na cidade santa de Jerusalém a Arca da Aliança, esse cofre no qual tinham sido guardadas as tábuas da lei. Ali estava presente e significada a aliança que Deus tinha estabelecido com o povo no deserto do Sinai, bem como a própria presença de Deus entre o seu povo. É por esta razão, e por tudo o que de bom a Arca tinha proporcionado àqueles que a tinham guardado, que David a traz para a cidade santa, para fazer presente no meio do povo a Aliança mas também para ter junto de si o próprio Deus e usufruir dos poderes milagrosos da própria Arca e dessa presença divina.
Quando a tradição da Igreja associa Maria à Arca da Aliança, fá-lo com este mesmo sentido, ou seja, de que Maria é esse cofre onde foi guardada a Nova Aliança que Deus estabeleceu com a humanidade, e através dela, da sua concepção virginal essa Nova Aliança e a lei que comporta foi introduzida na cidade humana. Por esta razão, tal como a Arca da Aliança foi construída de acordo com as medidas e as instruções dadas por Deus a Moisés, também Maria foi constituída, de acordo com o projecto de Deus, capaz de receber a Nova Aliança e a sua presença, ou seja foi concebida cheia de graça para poder ser a Mãe do Messias esperado.
Desta realidade e dimensão ontológica deriva a festa que hoje celebramos da Assunção de Nossa Senhora ao céu, porque não era possível que aquela que tinha sido preparada e cuidada para ser a mãe da presença encarnada de Deus, sofresse a corrupção, experimentasse a finitude aquela que tinha dado à luz a imortalidade e a Vida.
E não a podia experimentar, porque como nos diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, que escutámos, a corrupção e a morte são frutos do pecado. E Maria a mãe de Jesus não conheceu o pecado, uma vez que como diz Jesus na resposta à mulher da multidão Maria ouvia a Palavra de Deus e punha-a em prática, vivia da graça de Deus que ultrapassa qualquer lei, e quem vive na graça de Deus não pode viver em pecado ou ser condenado.
Pelo seu assentimento ao projecto de Deus, de uma Nova Aliança e Presença, Maria passou a ser a primeira a beneficiar dos dons dessa mesma Aliança e Presença e por isso após a sua morte foi também a primeira a usufruir da vitória sobre a morte alcançada pelo seu filho, pelo fruto do seu “fiat” à vontade de Deus.
Ao celebrarmos a vigília desta festa mariana da Assunção de Nossa Senhora, o Senhor convida-nos ao aproximarmo-nos de Maria, aquela que é feliz por ter escutado a Palavra de Deus e a ter posto em prática, a fazermos o mesmo se queremos alcançar a felicidade; e a trazermos Maria para junto de nós, para as nossas casas e comunidades, como Arca de Aliança através da qual podemos alcançar os benefícios de Deus.
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