quarta-feira, 5 de maio de 2010

Puente la Reina - Estella Quarta Etapa

Fazer a opção por um albergue paroquial tem as suas coisas positivas mas também negativas. Numa época de comunicação não ter internet é um desvalor, uma realidade que nos impossibilita de comunicar como aconteceu ontem. Assim, apenas hoje posso fazer o relato do dia e etapa.
Foi um dia de chuva e frio, uma chuva que nos acomapnhou todo o dia e um frio que nos obrigou a procurar roupa mais quente. Ninguem, ou quase ninguem vinha preparado para este tempo de inverno. Sobre o nosso corpo sentiamos os pequenos flocos de gelo que ao longe cobriram os picos de branco.
Em Estella o encontro com mais um convento dominicano, um convento que hoje é um lar para a terceira idade, mas que ainda mostra o que foi a sua importância e grandeza, foi uma alegria e poder tirar uma foto do claustro deixou-me satisfeito.
Mas o Caminho tem rotinas, rotinas que tantas vezes tentamos deixar para trás mas o Caminho nos trás ao presente. Assim em cada partida e em cada chegada encontramo-nos com o ritual de desfazer a mochila e de  voltar a fazer, de arrumar o saco cama e de lavar a roupa que usámos durante o dia na caminhada. São rituais imprescindiveis e impossiveis de contornar. Outro é o da alimentação que temos que buscar ou preparar. Em Estella salvaram-nos neste aspecto a caridade de dois voluntários que prepararam um jantar para todos os ocupantes, um "puchero" como lhe chamam, que nos aqueceu o coração e o corpo.
Ao final do dia a celebração da Eucaristia com o pároco na igreja de São Miguel. E uma vez mais a presença do hábito dominicano e os comentários sobre os tempos idos em que ainda ali havia dominicanos. Há quanto tempo não viam um hábito branco...
Que fizemos da nossa pregação itinerante? Em que espaços nos encerrámos tão distantes que já quase ninguem nos vê? Nascemos em Pamplona, em Estella e em tantos outros pontos do Caminho para assistir aos peregrinos, aos que cruzavam as rotas com ideias e necessidades fisicas e espirituais. Necessitamos encontrar os nossos caminhos de hoje.
Que o Senhor nos ajude.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,
    Que vivências enriqecedoras, quão grande o contributo para encontrar os caminhos de hoje.
    Que o Senhor os ajude.
    Um abraço,
    GVA

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  2. Boa noite Frei José Carlos,

    Que bom termos notícias e sabermos que tudo está a decorrer normalmente. Imaginamos que, por vezes, pode não haver “internet”, não haver oportunidade de partilhar a vivência do dia, mas ... também nos interrogamos sobre se algo possa não estar bem com o irmão. Deve ser de grande conforto espiritual que ao longo do Caminho tenha a oportunidade de celebrar ou co-celebrar a Eucaristia. Sobre o convento dominicano reconvertido em lar de terceira e a propósito das interrogações que coloca : ... Que fizemos da nossa pregação itinerante? Em que espaços nos encerrámos tão distantes que já quase ninguem nos vê?” … lembrei-me que estou em falta para com o Frei José Carlos sobre um comentário que prometi e que ainda não fiz. Haverá, certamente, oportunidade de falarmos sobre o assunto.

    O Senhor iluminar-vos-á a “encontrar os caminhos de hoje” e a resposta para as interrogações que coloca.

    Obrigada pela partilha. Bem haja. MJS

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