No silêncio da manhã o
vento sopra entre as copas dos pinheiros, ondulantes à luz do sol que depois da
chuva ilumina a serra.
No silêncio da manhã
um roçar de asas enche o quarto, o sussurrar dos damascos luminosos enche o
espaço.
No silêncio da manhã,
com o coração entregue a Deus, uma saudação perturba os sentidos, Avé cheia de
graça o Senhor está contigo.
Um mensageiro
especialmente escolhido e destinado a esta missão, Gabriel, apresenta-se ao que
vem, uma proposta, uma oferta, uma mudança de vida.
Um vendaval invade o
espaço, até o recanto mais escondido, os planos caiem por terra, a incerteza
nasce, e o porquê e o como afloram aos lábios.
E sem se saber de onde,
uma multidão invade o quarto, chegam do passado e do futuro, chegam do oriente
e do ocidente, do norte e do sul.
No silêncio da manhã,
uma multidão expectante no silêncio da esperança aguarda uma resposta.
Homens e mulheres,
agrilhoados e amordaçados, presos num sim dado numa manhã de luz radiante à
noite mais negra da mentira.
O silêncio pesa,
esmaga, nesta expectativa de outra resposta, o silêncio parece nunca mais ter
fim.
Sim, Maria, diz-nos
que sim, o teu sim é a nossa liberdade, é a nossa glória, é a nossa vida.
No silêncio da manhã,
numa outra primeira aurora, o sim nasce como um sol radioso, brota como a fonte
mais viva, “eis a serva do Senhor faça-se em mim segundo a tua palavra!”
A Deus nada é impossível,
mas foi o teu sim na liberdade, a tua entrega generosa, que nos abriu a porta
da passagem da morte à vida, que fez possível o Deus Homem.
Nós te cantamos Maria,
humilde serva do sim, mãe da nossa liberdade, rainha da nossa vitória!
“Anunciação do anjo a Maria”, de Orazio Gentileschi, Galeria Sabauda, Turim.
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarLeio e volto a ler o texto da Meditação que teceu, saboreando cada palavra que escreveu, imaginando a “Anunciação do anjo a Maria”, sem descuidar a passagem do Evangelho de Lucas, mas deslumbrada pelo texto caldeado de poesia e prosa, salientando-nos que ainda que a Deus nada seja impossível ...” No silêncio da manhã, numa outra primeira aurora, o sim nasce como um sol radioso, brota como a fonte mais viva, “eis a serva do Senhor faça-se em mim segundo a tua palavra!””…
Um grande obrigada, Frei José Carlos, pela partilha, profunda e muito bela, por recordar-nos que foi o “sim de Maria, a sua entrega generosa, que nos abriu a porta da passagem da morte à vida, que fez possível o Deus Homem.”…
Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Votos de um bom dia, com alegria, paz, confiança e esperança.
Um abraço mui fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me que partilhe um link, para “Sancta Maria” (from Cavalleria Rusticana), interpretado pela soprano, Sissel Kyrkjebø, http://www.youtube.com/watch?v=selrkcvErG8&list=RD02xhR0AT
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLi e reli o texto maravilhosamente belo e profundo,tão rico de sentido para todos nós,nesta V semana de caminhada Quaresmal.Gostei muito.Obrigada,Frei José Carlos,pela partilha excelente e pela beleza da ilustração, que nos ajuda a prosseguir caminho em frente.Também como nos diz no texto ,o "sim de Maria, a sua entrega generosa,que nos abriu a porta da passagem da morte à vida,que fez possível o Deus Homem.,"Bem-haja . Uma boa tarde e um bom descanso . Que o Senhor o ilumine o abençoe e o proteja.
Um abraço fraterno.
AD