No Evangelho de São
João apresentam a Jesus uma mulher apanhada em adultério. Os escribas e os
fariseus, que trazem a mulher até Jesus, justificam-se com a Lei, a mulher foi
apanhada em flagrante delito e a lei manda apedrejar tais mulheres até à morte.
Contudo, há algo mais
que está em causa, um outro objectivo; mais que a mulher apanhada em flagrante
eles querem apanhar Jesus, e por isso a questão inevitável: e tu que dizes?
Percebe-se
imediatamente que os motivos dos fariseus não é a Lei, e o seu cumprimento, o
adultério da mulher e a consequente falta à Lei, mas é o ódio a Jesus, o seu
desejo de aniquilar aquele homem e mestre que colocava em questão os seus princípios
e comportamentos.
Debaixo da aparência,
da máscara da fidelidade e do cuidado e amor à Lei, esconde-se a violência do
ódio e a mentira da preocupação e do cuidado pela Lei e pelo próximo. Apenas interessa
a armadilha a Jesus.
E tu que dizes? E tu? É
também e muitas vezes uma pergunta que aflora aos nossos lábios, colocando o
outro ou as suas atitudes em questão. Num acesso de puritanismo, tantas vezes hipócrita,
colocamos o outro em questão.
Ao compor a sua Regra
para a vida comunitária, conhecedor desta problemática e referindo-se à
correcção fraterna, Santo Agostinho diz que ela deve ser feita com amor pelo
pecador e com ódio ao vício ou mal.
Encontramo-nos assim
com um bom critério para os nossos juízos e condenações, para aferir das nossas
tantas vezes virtuosas indignações face aos comportamentos dos nossos irmãos. O
que me leva a questionar o outro é o amor pelo seu bem?
Ilustração:
“Jesus e a mulher
adúltera”, de Antonio Molinari, Gemaldegalerie Alte Meister, Kassel.
Caro Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo reflectir sobre o excerto do Evangelho de São João (8,5) e o texto que elaborou não posso deixar de fazer uma viagem breve pela História, pela Política e pela Sociologia. Como afirmouo sociólogo Michel Crozier (séc. XX), as relações entre as pessoas não se mudam por decreto.
Como nos salienta, ...” Debaixo da aparência, da máscara da fidelidade e do cuidado e amor à Lei, esconde-se a violência do ódio e a mentira da preocupação e do cuidado pela Lei e pelo próximo. Apenas interessa a armadilha a Jesus.”…
E, como questiona, ...” E tu que dizes? E tu? É também e muitas vezes uma pergunta que aflora aos nossos lábios, colocando o outro ou as suas atitudes em questão. Num acesso de puritanismo, tantas vezes hipócrita, colocamos o outro em questão.”…
Como cada um de nós pode verificar, frequentemente, a correcção do outro, o interesse pelo outro, é aparente, demolidor, hipócrita…
Um grande obrigada pela partilha da Meditação intemporal que nos leva a reflectir hoje e sempre nos nossos comportamentos, a ponderar se o questionamento do outro, de preferência, cara a cara …” é o amor pelo seu bem” e feito com amor.
Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Votos de uma boa semana, com paz, alegria e confiança. Bom descanso.
Um abraço mui fraterno,
Maria José Silva