Celebramos hoje a Solenidade do Corpo de Deus, do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Jesus.
Para muitos de nós e à semelhança do teólogo medieval Berengário de Tours, que viveu no século XI, a Eucaristia pode ser apenas um símbolo, uma realidade espiritual com a qual nos relacionamos ou na qual participamos. Pode ser também uma realidade incompreensível, incomportável pelos nossos esquemas mentais empíricos e por isso uma realidade distante e cada vez mais ausente das nossas vidas e da nossa fé.
Se por um lado é assustadora a diferença que há entre o número dos fiéis que comungam e dos fiéis que se reconciliam pelo sacramento da penitência, por outro lado é assustador o número de fiéis que não se aproximam do sacramento da Eucaristia. Há aqueles que abandonaram a celebração eucarística, aqueles que podemos dizer que abdicaram do seu direito de ser, e há depois aqueles que, mesmo vindo à celebração, abdicam do ser direito de ser mais alguma coisa.
Há muitas e diversas razões para que isto tenha acontecido e continue a acontecer. Uma delas creio que se prende com a compreensão teológica do próprio sacramento, com essa errada ideia que construímos que a Eucaristia é algo simbólico, apenas uma realidade espiritual. A verdade é que a Eucaristia é uma realidade muito concreta, muito visível, e que não pode deixar de ser tida em conta, na sua tridimensionalidade de passado, presente e futuro, na nossa vida espiritual.
Não podemos esquecer ao celebrar a Eucaristia que ela é memória, e não apenas memória de uma ceia de Jesus com os seus amigos e discípulos. A Eucaristia tem uma dimensão histórica, uma dimensão de passado que em cada dia actualizamos e fazemos presente, essa dimensão é a da vida de Jesus, da sua paixão e morte, da sua ressurreição e ascensão aos céus. A Eucaristia, o Corpo e o Sangue de Cristo, são o corpo e o sangue de Jesus, do Filho de Deus, o resultado do seu amor e da sua obediência.
Neste sentido a Eucaristia é celebração da Encarnação, do mistério do Deus que não quis ficar distante nem invisível, mas que se fez um de nós e próximo para que não tivéssemos que buscar longe o que estava e está ao nosso alcance. Ao celebrarmos a Eucaristia, ao alimentarmo-nos do Corpo e Sangue de Cristo, estamos a celebrar a nossa humanidade naquilo que ela tem de mais sublime, a sua origem divina e a sua possibilidade de divinidade.
E é aqui que se joga a dimensão presente, actual, da Eucaristia, do Corpo e Sangue de Cristo, porque de cada vez que comungamos, que respondemos ámen sempre que o sacerdote nos distribui a comunhão, estamos a afirmar a nossa vontade e convicção de sermos membros vivos daquele Corpo de Cristo, outros Cristos na terra, e portanto de continuarmos a realizar a sua missão entre os homens. Comungar o Corpo de Cristo é comungar o seu projecto de comunhão com todos os homens e mulheres.
Neste sentido a comunhão do Corpo de Cristo significa transformar-se em pão para alimentar os outros, é aceitar que a nossa vida só pode ser uma vida de entrega gratuita e amorosa, uma doação muito concreta porque sem obras não há entrega, não há amor, e o Pão e o Corpo são amor concretizado.
E porque não é fácil esta entrega, bem pelo contrário é difícil e é penosa, foi-nos deixado o remédio, o viático para que nos fortaleçamos no caminho e na conversão. É o pão e o vinho, matérias do sacramento, mas que pela acção do Espírito Santo se transformam para aqueles que o recebem com fé em Corpo e Sangue de Cristo. A caminho da casa do Pai, no processo de divinização é necessário alimentar-se frequentemente deste Pão e deste Vinho, de contrário a caridade esfriará, o desejo também e a caminhada tornar-se-á lenta e penosa.
A Eucaristia é portanto e também um motor de futuro, tem uma dimensão projectiva de uma realidade que nos espera, é desde já a fruição possível à nossa condição de seres finitos dessa beleza e grandeza que é o próprio Deus. Por debaixo das aparências de pão e vinho esconde-se a realidade do próprio Deus, esse Deus que ninguém pode ver e ficar vivo, mas que um dia veremos na sua glória e eternidade. Agora e aqui vemo-lo como Elias viu na brisa suave que passava ao final do dia, submergido no que há de mais simples e acessível a todos.
Perante este facto, este mistério, só podemos dizer como é grande o amor de Deus pelos homens, que não só quis ser um como eles, como quis depois permanecer com eles através de uma realidade tão frágil e tão comum, para que ninguém se possa desculpar de O não encontrar.
Para que tal não aconteça, para que tal não nos aconteça, é necessário recuperar o gosto pela Eucaristia, pela celebração e pela adoração, pela comunhão espiritual e material, mas tal só se pode fazer com o hábito, com a prática regular e continuada. Plotino, filósofo pagão, diz que “cada alma é e transforma-se naquilo que vê, que contempla”, que saibamos com a graça divina transformarmo-nos neste pão que recebemos para sermos verdadeiramente Corpo de Cristo.
Para muitos de nós e à semelhança do teólogo medieval Berengário de Tours, que viveu no século XI, a Eucaristia pode ser apenas um símbolo, uma realidade espiritual com a qual nos relacionamos ou na qual participamos. Pode ser também uma realidade incompreensível, incomportável pelos nossos esquemas mentais empíricos e por isso uma realidade distante e cada vez mais ausente das nossas vidas e da nossa fé.
Se por um lado é assustadora a diferença que há entre o número dos fiéis que comungam e dos fiéis que se reconciliam pelo sacramento da penitência, por outro lado é assustador o número de fiéis que não se aproximam do sacramento da Eucaristia. Há aqueles que abandonaram a celebração eucarística, aqueles que podemos dizer que abdicaram do seu direito de ser, e há depois aqueles que, mesmo vindo à celebração, abdicam do ser direito de ser mais alguma coisa.
Há muitas e diversas razões para que isto tenha acontecido e continue a acontecer. Uma delas creio que se prende com a compreensão teológica do próprio sacramento, com essa errada ideia que construímos que a Eucaristia é algo simbólico, apenas uma realidade espiritual. A verdade é que a Eucaristia é uma realidade muito concreta, muito visível, e que não pode deixar de ser tida em conta, na sua tridimensionalidade de passado, presente e futuro, na nossa vida espiritual.
Não podemos esquecer ao celebrar a Eucaristia que ela é memória, e não apenas memória de uma ceia de Jesus com os seus amigos e discípulos. A Eucaristia tem uma dimensão histórica, uma dimensão de passado que em cada dia actualizamos e fazemos presente, essa dimensão é a da vida de Jesus, da sua paixão e morte, da sua ressurreição e ascensão aos céus. A Eucaristia, o Corpo e o Sangue de Cristo, são o corpo e o sangue de Jesus, do Filho de Deus, o resultado do seu amor e da sua obediência.
Neste sentido a Eucaristia é celebração da Encarnação, do mistério do Deus que não quis ficar distante nem invisível, mas que se fez um de nós e próximo para que não tivéssemos que buscar longe o que estava e está ao nosso alcance. Ao celebrarmos a Eucaristia, ao alimentarmo-nos do Corpo e Sangue de Cristo, estamos a celebrar a nossa humanidade naquilo que ela tem de mais sublime, a sua origem divina e a sua possibilidade de divinidade.
E é aqui que se joga a dimensão presente, actual, da Eucaristia, do Corpo e Sangue de Cristo, porque de cada vez que comungamos, que respondemos ámen sempre que o sacerdote nos distribui a comunhão, estamos a afirmar a nossa vontade e convicção de sermos membros vivos daquele Corpo de Cristo, outros Cristos na terra, e portanto de continuarmos a realizar a sua missão entre os homens. Comungar o Corpo de Cristo é comungar o seu projecto de comunhão com todos os homens e mulheres.
Neste sentido a comunhão do Corpo de Cristo significa transformar-se em pão para alimentar os outros, é aceitar que a nossa vida só pode ser uma vida de entrega gratuita e amorosa, uma doação muito concreta porque sem obras não há entrega, não há amor, e o Pão e o Corpo são amor concretizado.
E porque não é fácil esta entrega, bem pelo contrário é difícil e é penosa, foi-nos deixado o remédio, o viático para que nos fortaleçamos no caminho e na conversão. É o pão e o vinho, matérias do sacramento, mas que pela acção do Espírito Santo se transformam para aqueles que o recebem com fé em Corpo e Sangue de Cristo. A caminho da casa do Pai, no processo de divinização é necessário alimentar-se frequentemente deste Pão e deste Vinho, de contrário a caridade esfriará, o desejo também e a caminhada tornar-se-á lenta e penosa.
A Eucaristia é portanto e também um motor de futuro, tem uma dimensão projectiva de uma realidade que nos espera, é desde já a fruição possível à nossa condição de seres finitos dessa beleza e grandeza que é o próprio Deus. Por debaixo das aparências de pão e vinho esconde-se a realidade do próprio Deus, esse Deus que ninguém pode ver e ficar vivo, mas que um dia veremos na sua glória e eternidade. Agora e aqui vemo-lo como Elias viu na brisa suave que passava ao final do dia, submergido no que há de mais simples e acessível a todos.
Perante este facto, este mistério, só podemos dizer como é grande o amor de Deus pelos homens, que não só quis ser um como eles, como quis depois permanecer com eles através de uma realidade tão frágil e tão comum, para que ninguém se possa desculpar de O não encontrar.
Para que tal não aconteça, para que tal não nos aconteça, é necessário recuperar o gosto pela Eucaristia, pela celebração e pela adoração, pela comunhão espiritual e material, mas tal só se pode fazer com o hábito, com a prática regular e continuada. Plotino, filósofo pagão, diz que “cada alma é e transforma-se naquilo que vê, que contempla”, que saibamos com a graça divina transformarmo-nos neste pão que recebemos para sermos verdadeiramente Corpo de Cristo.
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