quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sonetos de Diogo Bernardes a São Jacinto da Polónia

SONETOS E EPIGRAMAS EM LOUVOR DE SÃO JACINTO DA POLÓNIA[1]
Em louvor do glorioso São Jacinto da Ordem dos Pregadores agora novamente canonizado
SONETO
Polónia deu ao mundo, e deu ao céu
Domingos, Patriarca glorioso,
Este Jacinto belo, e precioso
Que entre seus novos filhos floresceu.
Foi milagroso enquanto cá viveu,
Desde que vive no céu mais milagroso;
Vida, por ele, o Senhor piedoso
A trinta e nove mortos concedeu.
A mancos pés, vista a quem não via,
Ouvir a surdos, fala a mudos deu,
A capa ponte fez de um bravo rio.
Fez passar, e passou, como Eliseu,
Por ir pegar as chamas em que ardia
Na fera gente daquele orbe frio.

EPIGRAMA
Jacinto, digo o que sinto:
O mais diga quem mais sente:
Digo que nunca Oriente
Criou mais rico Jacinto.

Ao mesmo Santo
SONETO
O Jacinto entre pedras preciosas
Sempre por seu valor foi estimado:
Outro Jacinto em flor foi transformado
Entre as flores do campo mais formosas.
Mas este nosso de celestes rosas,
De rubis, e de pérolas coroado
Só deve ser no mundo celebrado;
Dos mais os versos calem, calem prosas.
E de ambos o louvor a gente mude
Neste mais rico, e belo, e peregrino
Nele por quem tal foi mais acrescente.
Foi flor que deu a Deus fruto divino;
E foi pedra a que Deus deu tal virtude,
Que curou almas, corpos não somente.

EPIGRAMA
Jacinto, o que já sinto
É razão que o não cale,
Sinto já que nunca o vale
Criou mais lindo Jacinto

[1] BERNARDES, Diogo – Várias Rimas ao Bom Jesus, e à Virgem Gloriosa sua Mãi, e a santos particulares…, Por Diogo Bernardes, natural de Ponte de Lima. Lisboa, Officina de Miguel Rodrigues, 1770, 92-93.

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