Em cada celebração da
Eucaristia, quando nos preparamos para receber o Corpo do Senhor, somos
convidados à paz, a partilhar a paz de Cristo com os nossos irmãos.
Face a este convite é
inevitável que fiquemos perplexos, até de certo modo perturbados, quando
ouvimos Jesus dizer que não veio trazer a paz mas a espada.
De que modo nos podemos
situar face a estas palavras? Que paz afinal nos traz Jesus e que paz somos
convidados a partilhar?
Para compreender estas
palavras de Jesus não podemos perder o contexto do texto evangélico, não
podemos perder de vista que esta afirmação aparece no seguimento das
perseguições que Jesus anuncia aos seus discípulos.
E não podemos perder
de vista também uma outra frase de Jesus, uma outra expressão extremamente
similar e que se encontra no mesmo Evangelho de São Mateus. Quase logo no
início da sua vida pública Jesus diz que não veio revogar a Lei ou os profetas,
mas levá-los à perfeição.
Jesus apresenta-se
desde o primeiro momento como alguém que não é um revolucionário, mas como alguém
que visa a perfeição, a plenitude, que vive e convida a viver de forma radical
as diversas realidades que se nos apresentam.
Assim, se a Lei e os
profetas são levados à perfeição por Jesus, a espada a que ele se refere representa
a radicalidade do seguimento, uma radicalidade que implica dor e sofrimento,
mas igualmente a paz da fidelidade, a consciência de se saber fiel até ao fim,
combatente do bom combate.
Quem se coloca no
seguimento dos passos de Jesus não pode esperar a paz do mundo, a paz das
conciliações, porque o seguimento representa uma luta, um combate constante no
discernimento de uma resposta fiel e verdadeira.
Contudo, para aquele
que perseverar no gume da espada, no campo do combate, espera-o a paz da
vitória, a paz do testemunho do Filho diante do Pai. Aquele que arriscar perder
a vida tem a garantia que a encontrará!
É demasiado fácil esquecer que seguir Cristo é escolher uma luta constante para encontrar a resposta fiel que Ele espera mas que só ela nos dará a verdadeira paz. Inter Pars
ResponderEliminarCaro Frei José Carlos,
ResponderEliminarA leitura do excerto do Evangelho de São Mateus (Mt 5,10) sobre as orientações de Jesus aos doze discípulos antes da partida em missão revela-se aparentemente incoerente com a expectativa de paz de que Jesus é portador.
A radicalidade do seguimento de Cristo molda a existência de cada um de nós e manifesta-se ao longo da vida de formas distintas na relação que criámos e vamos fortificando com Deus.
Seguir Jesus é aprender a ser manso e humilde de coração, o que não significa ser passivo, é saber amar o nosso próximo sem ressentimentos, é saber travar o “bom combate”, é perdoar e carregar a cruz até ao fim, ainda que saibamos que somente alguns de nós são capazes desta fidelidade.
Como nos salienta no texto da Meditação ...” Quem se coloca no seguimento dos passos de Jesus não pode esperar a paz do mundo, a paz das conciliações, porque o seguimento representa uma luta, um combate constante no discernimento de uma resposta fiel e verdadeira. Quem se coloca no seguimento dos passos de Jesus não pode esperar a paz do mundo, a paz das conciliações, porque o seguimento representa uma luta, um combate constante no discernimento de uma resposta fiel e verdadeira.”…
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que nos ajudam a interpretar as palavras de Jesus, que nos confortam e estimulam a não desistir do bom combate.
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Bom descanso.
Um abraço mui fraterno,
Maria José Silva