terça-feira, 29 de julho de 2014

O valor da vida

 
Todo o discurso sobre o “valor” da vida é sem qualquer dificuldade niilista, mesmo quando se conclui em favor dela. O que “vale”, vale “tanto”. Esta quantidade ou esta qualidade mede-se a partir dum critério exterior ou duma equivalência universal. A vida deverá então valer por outra coisa que não ela própria. Mas que é essa outra coisa para além da vida, senão a morte ou o nada? E que será a sua indexação numa gelha tarifária senão a destruição da sua individualidade? Esta avaliação geral, mesmo positiva, corresponderia à destruição da sua singularidade em cada um.
Fabrice Hadjadj, Le paradis à la porte, 153.
 
Ilustração: Bagas vermelhas de arbusto do Jardim de Serralves.

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